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Falando em dinheiro

Francisco Teloeken: “Dia das crianças, além dos presentes”

A passagem do Dia das Crianças, comemorado no  dia 12 de outubro, feriado nacional em homenagem à Nossa Senhora Aparecida, padroeira do Brasil, pode ser a oportunidade de, a  partir dos presentes tão aguardados e geralmente escolhidos pelas crianças e adolescentes, os pais ou responsáveis começarem a lição de casa sobre finanças, falando e ensinando  educação do comportamento financeiro.

Quem já não passou por alguma verdadeira chantagem emocional de crianças e jovens de sua relação? Muitas vezes, o pedido para ganhar determinado presente vem seguido de frases do tipo “todo mundo tem e só eu não…”; “eu prometo que faço isso ou não faço mais aquilo” ou, então, mais dramático ainda, “nunca mais vou pedir nada…”

A causa desses perrengues  é, de um lado, ser  difícil para as crianças e jovens não se deixarem influenciar pelos comerciais, vitrines, anúncios, sites, redes sociais  e pelas  galeras – da escola, do curso disso ou daquilo, de  grupos de dança, esportes, etc. – em que sempre aparece alguém com alguma novidade tecnológica, despertando o desejo entre os colegas de ter algo igual. De outro, os próprios pais ou responsáveis que, sentindo necessidade de compensar eventual  ausência –  involuntária, necessária ou por desleixo  mesmo –  ou  não sabendo como driblar as chantagens emocionais de seus dependentes, acabam cedendo.

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Parece que os pais,  mães ou responsáveis de hoje, em sua maioria, já conversam com seus filhos sobre finanças. Conforme pesquisa feita pela Serasa em parceria com o Instituto Opinion Box, 53% dos pais acreditam que o aprendizado sobre finanças precisa começar cedo, antes dos 8 anos da criança. Diferente de seu tempo de infância e adolescência em que “dinheiro não era coisa de criança”, e falar sobre dinheiro era tabu em muitas famílias. Não havia diálogo sobre essa questão  já que o assunto só era discutido, geralmente em apontar o dedo,  quando já existia alguma adversidade, como endividamento, desemprego ou perda de negócio.

Cinco dicas

A  Associação Brasileira das Entidades dos Mercados Financeiro e de Capitais – ANBIMA  sugere cinco dicas para ajudar pais e responsáveis a falar sobre dinheiro para as crianças:

  • 1) O exemplo em primeiro lugar: aos dois ou três anos, as crianças já são capazes de perceber os hábitos de consumo e de poupança de uma família e começam a ser assimilados por elas.  A  melhor forma de ensinar os filhos a lidar com o dinheiro ou com outra coisa qualquer da vida é com o  próprio exemplo dos adultos. Embora a televisão, o marketing e grupos possam influenciar, observadoras por natureza, as criança e jovens copiarão o comportamento de pais consumistas que retornam do shopping, carregados de sacolas.
  • 2) Ensinar  no dia a dia: não é preciso mostrar aos filhos qual o salário ou renda dos pais. Mas, aproveitar as situações pontuais para ensinar sobre dinheiro. No shopping, por exemplo, chamar a atenção porque um mesmo produto  é vendido por  preços diferentes de uma loja para outra, em decorrência de variações de marcas, qualidade, tipo de material, além da própria estrutura da loja. O Procon-SP realizou, entre os dias 15 e 16 de setembro, pesquisa comparativa de preços de brinquedos, apurando diferenças de até 239%.
  • 3) Para começar, o cofrinho:  com o bom e velho cofrinho, dá para explicar o valor das moedas, sobre o que é poupar e juntar dinheiro aos poucos para conseguir adquirir algo no futuro. O cofrinho é uma experiência que mistura a necessidade de disciplina, de planejar e poupar para conquistar o que se deseja.
  • 4) Depois, a mesada (ou quinzenada  ou semanada): é uma quantia que se dá por mês, quinzena ou semana, dependendo da idade da criança ou adolescente para atender a determinados gastos, previamente negociados e estabelecidos entre pais e filhos. Alguns especialistas sugerem  a mesada a partir dos 7 anos da criança; para outros, a idade ideal seria entre 11 e 12 anos.  A função principal é permitir aos filhos preparar e cumprir um orçamento, isto é, a mesada existe para treinar o hábito financeiro de fazer dinheiro, gastar e poupar desde pequeno. É importante que os pais ou responsáveis também cumpram as regras combinadas, entregando o dinheiro na data prevista e, muito menos, retendo ou, pior ainda, confiscando  o dinheiro da mesada para outra finalidade.
  •  5) Ajudar a fazer planos: os pais ou responsáveis devem ajudar a fazer planos, elaborando um pequeno  orçamento com as despesas previstas para serem pagas com o dinheiro da mesada, estimando também o valor que poderia ser poupado.

Em plena era digital dos serviços financeiros, cerca de 28% das crianças e jovens já recebem sua mesada por conta digital, cartão ou PIX. Mas, muitos pais ficam na dúvida se deveriam pagar a mesada em dinheiro de cédulas ou  em forma digital. Especialistas sugerem que a mesada deve ser entregue em cédulas para facilitar que a criança entenda a finitude do dinheiro. À medida que ela vai gastando  o dinheiro  ela percebe que  as cédulas diminuem e  até acabam.  Vale ressaltar que o cartão de crédito é o responsável por grande parte do endividamento das famílias brasileiras, segundo o Banco Central.

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Estudos mostram que, quanto mais cedo as crianças aprenderem sobre finanças pessoais, mais preparadas elas ficam para lidar bem com o dinheiro. As novas gerações começam a ter educação financeira nas escolas. Há alguns anos, milhares de instituições de ensino  de todo o país, de forma voluntária e, geralmente, contando com programas pedagógicos de instituições privadas, como a DSOP Educação Financeira, de São Paulo,  já incluíram a  disciplina em sua grade curricular. Além disso, desde 2020, o tema está inserido  de forma transversal  na Base Nacional Comum Curricular (BNCC).  No Rio Grande do Sul, a Assembleia Legislativa aprovou,  em 7 de junho  de 2022, o Projeto de Lei 231/2015 que obriga a inclusão da educação financeira nas escolas públicas e privadas, do ensino  fundamental e médio.

Para quem ainda não tem o hábito, pode aproveitar  o mês do Dia das Crianças para  começar a falar sobre dinheiro para as crianças e jovens.  A estratégia é compartilhar as principais informações do orçamento atual, alguns conceitos (preços, consumo, crédito, poupança, administração dos recursos, etc..), e, é  claro, dar uma dimensão do custo de eventual presente,  em tudo respeitando a idade delas e a capacidade de entendimento. Deixar de falar abertamente sobre o tema, esclarecendo limites ou, até, dificuldades pontuais que a família esteja passando, pode deixá-las mais inseguras, porque, espertas como são, elas já devem ter percebido que alguma coisa não vai bem.

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