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Santa Cruz

Furtos de tampões são armadilhas nas calçadas

Foto: Alencar da Rosa

Furtos de tampões usados em bueiros e em instalações de telefonia têm gerado prejuízos e sério risco de acidentes

Uma sequência de furtos de tampas de bueiros vem chamando atenção em Santa Cruz do Sul. Ao longo dos últimos meses, são vários os relatos de leitores acerca de fatos do tipo. Em pontos no Centro e nos bairros, a equipe da Gazeta do Sul flagrou diversos buracos abertos, deixados pela ação dos criminosos. Além de prejuízos, a situação gera um perigo para os pedestres.

Somente nessa quinta-feira, 8, dois crimes desse tipo, em áreas distintas da cidade, chegaram ao conhecimento da reportagem. Um na Rua Curitiba, no Bairro Ana Nery, e outro na Rua Augusto Spengler, Bairro Santo Inácio. No último caso, o furto da tampa de cabos telefônicos instalados sob a calçada gerou uma verdadeira armadilha para os pedestres, próximo da casa de Ivone Heiner, de 79 anos. Ela ajuda a cuidar do neto Murilo, de 7 anos.

Furto criou uma armadilha na calçada e deixa Ivone preocupada com o neto de 7 anos | Foto: Alencar da Rosa

“É muito perigoso. Imagina se ele está brincando por aqui e cai lá dentro, ou mesmo eu, que nem ia conseguir sair dali se caísse. Como há fios, pode até dar um choque na gente”, afirmou a aposentada. Ivone conta que não ouviu nada quando retiraram a tampa. “Sei que foi nessa noite (de quarta para quinta-feira) porque, antes, estava fechado. Eles levaram a tampa e os fios de telefone ficaram ali. Eu nunca tinha visto algo assim”, complementou. Uma tábua de madeira foi colocada no local pelos moradores das proximidades, de forma provisória, a fim de evitar acidentes.

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Para Gilberto Dittberner, de 57 anos, que denunciou outros casos para a Gazeta, a possibilidade de acidentes é grande. “Eu penso que o maior risco é este, principalmente para crianças que são mais curiosas, ou mesmo animais, que acidentalmente podem pisar nesse buraco e sofrer alguma lesão”, disse ele.

Operários da Prefeitura trabalham na reinstalação de grades para barrar o lixo | Foto: Alencar da Rosa

OCORRÊNCIAS NÃO SÃO REGISTRADAS
Em três ações flagradas pela Brigada Militar de Rio Pardo, entre 11 e 18 de março, dez pessoas estavam furtando trilhos de trem e placas de ferro pertencentes à linha ferroviária. Todos os envolvidos foram liberados após registro na delegacia. Já no início desta semana, uma operação deflagrada em Porto Alegre localizou mais de 40 tampas de bueiros que haviam sido furtadas da Prefeitura e de prestadores de serviço, como empresas de telefonia.

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Procurada, a BM de Santa Cruz do Sul relatou que não há muitos registros de casos semelhantes no município. “Temos registro de situações esporádicas. Não é um tipo de furto que esteja dentro daqueles elencados como indicativo de criminalidade. Se for comparado a outros delitos, há um número muito reduzido de ocorrências nesse sentido”, argumentou o comandante do 23° Batalhão de Polícia Militar (23º BPM), tenente-coronel Giovani Paim Moresco.

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Para Moresco, é possível que muitos furtos de tampões não sejam informados à polícia porque acontecem na rua – diferente, por exemplo, dos casos em residências, quando o morador tem interesse em prestar queixa para reaver seus bens. “Pedimos o apoio da população, para que ligue para o 190 e registre ao ver uma tampa sendo furtada ou mesmo depois de ela ter sido levada. Nós vamos despachar uma viatura, registrar e tentar identificar os autores. Temos inúmeras câmeras de videomonitoramento e vigilância colaborativa, que podem nos auxiliar a detectar esses criminosos”, complementou Moresco.

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Prejuízo também para os cofres públicos
No Centro, local de grande circulação de pessoas, situações semelhantes também são observadas. Na Rua Tenente Coronel Brito, apenas uma tábua, colocada de forma provisória, salva os pedestres de um grande buraco na calçada.

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Situações semelhantes são vistas no Centro, como na Tenente Coronel Brito | Foto: Alencar da Rosa

No intuito de melhorar a vazão de água pluvial no sistema de esgoto, a Secretaria de Obras de Santa Cruz do Sul deu início a uma série de instalações de grades de ferro, as chamadas grelhas, para barrar o lixo que normalmente entope os bueiros. Os novos itens, porém, não passaram despercebidos pelos ladrões. “Temos 1.712 bocas de lobo para arrumar, que estão entupidas. Já arrumamos 202 e destas, a metade vai dar problema de novo, porque estão furtando as grades”, comentou o secretário Edmar Hermany.

Não é novidade que criminosos levam as tampas de bueiro e grades de ferro pelo seu valor. A escassez dos metais, a alta do dólar e o desemprego por causada pandemia são elencados como possíveis fatores para a maior incidência de crimes do tipo. Um dos metais mais cobiçados pelos ladrões, o cobre, chegou a ter um aumento acima de 70% em seu preço ao longo do último ano. É um reflexo da pandemia em países como Chile e Peru, responsáveis por cerca de 40% da produção mundial.

O preço do quilo hoje varia de R$ 33,00 a R$ 36,00. No caso do ferro, o valor fica entre R$ 0,75 e R$ 1,00. E as peças utilizadas pela Prefeitura de Santa Cruz têm de 50 a 75 quilos, algumas com até 200 quilos. O novo sistema com grelhas adotado no município visa proporcionar melhor escoamento da água. Além disso, é uma medida que ajuda a evitar acidentes. Porém, 15 equipamentos novos, instalados após as chuvas que inundaram boa parte da cidade, já foram furtados.

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Ainda nessa quinta, a Gazeta do Sul acompanhou o trabalho de operários que instalavam as grelhas em um local onde o item já havia sido furtado, na Travessa Taquari, Bairro Senai. Segundo eles, uma base reforçada com cimento estava sendo feita para dificultar as ações criminosas. Os valores de cada grelha giram em torno de R$ 600,00 aos cofres da Prefeitura, sem contar a mão de obra dos servidores. Já para os ladrões, cada furto não renderia mais de R$ 200,00, de acordo com o peso das peças. Em razão da incidência desse tipo de delito, a Prefeitura já admite repensar o projeto.

Com as constantes ações criminosas, Prefeitura já admite repensar projeto das grelhas | Foto: Divulgação

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