Passei quase 60 dias longe de casa e da cidade. Não vi a Oktoberfest acontecer, mas acompanhei à distância o sucesso de mais esta edição. E me senti no paraíso (desculpem o exagero!) quando, na volta, passei na Marechal Floriano e vi aquele cenário de encanto num final de tarde de primavera. As tipuanas se vestiram de verde outra vez e, sob arcos coloridos, estavam a convidar para um happy hour.
Faço este recorte de um dia comum no centro de Santa Cruz do Sul porque não vi nada parecido por onde passei. Me perdoem os que pensam diferente, mas não conheço – e não deve haver – rua mais bonita que a Marechal Floriano em dia de sol num entardecer de primavera ou até nas tardes escaldantes do verão.
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No final de semana, o primeiro depois do retorno, fomos a um evento no Colégio Mauá para prestigiar e aplaudir a netinha no balé de fim de ano das escolinhas. Tudo perfeito, teatro lotado e, de sobra, um choque de realidade: eu olhava em volta e, afora o nosso grupo familiar, conheci talvez dez pessoas. Será mesmo que estou em Santa Cruz? – cheguei a me questionar.
Já havia tido percepção semelhante quando fui a um evento comunitário na minha localidade de origem. Não fossem as pessoas da minha família e alguns poucos amigos de infância, não me sentiria na minha terra natal.
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Em ambas as situações, há uma realidade que se impõe: o tempo é implacável, não faz acordos e não trapaceia prazos. Não há nada errado com a plateia que foi assistir ao balé. Só que, no lugar que antes costumávamos ocupar, hoje estão nossos filhos, os amigos de nossos filhos e alguns de seus pais. Também os avós, como nós, babando para os netos, e os filhos de muitos pais que não conhecemos e que vieram emprestar seu talento e sua vocação empreendedora para turbinar o crescimento de nossa cidade.
Frustração? Nenhuma. Ao contrário, fica a percepção de que, bem ou mal, com todas as dificuldades e desafios, entre erros e acertos que tivemos, uma geração nos sucede, provavelmente muito mais preparada e capacitada do que nós quando nos candidatamos ao mercado de trabalho.
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Tivemos méritos, sim. Ousadia, coragem, vontade de aprender, persistência e… cara de pau! Isso mesmo. Hoje se dá definições mais bonitas e glamorosas para esta postura frente à vida. Mas vamos simplificar: quase nunca as grandes oportunidades caem do céu. Elas estão onde só nós enxergamos, onde colocamos fé, onde temos coragem para investir o melhor de nós: a confiança, o talento, a capacidade de trabalho.
Se puder deixar um recado de quem teve que aprender muito ao longo da vida para corresponder à altura dos desafios, fica a dica: não ceda à tentação da soberba de que tudo sabe e que é melhor que os demais. E acima de tudo, não se deixe aprisionar pelas emoções. Elas são hábeis para transformar em idiota um vencedor em potencial.
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