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Economia

Imóveis vazios evidenciam crise gerada pela pandemia no Centro de Santa Cruz

Foto: Alencar da Rosa

Na Rua Marechal Floriano, pelo menos 11 salas comerciais foram desocupadas, dentre elas a da Boduá, que se mudou há um ano

Ao andar pela Rua Marechal Floriano, principal via do Centro de Santa Cruz do Sul, é possível contar ao menos 11 salas comerciais fechadas, a maioria disponível para aluguel, entre as ruas Ramiro Barcelos e Borges de Medeiros. Fora isso, uma galeria que abrigava quatro estabelecimentos também foi fechada. A situação é retrato da realidade ocasionada pela pandemia. Com mudanças no sistema de atendimento e por força dos períodos em que precisaram ficar fechadas, algumas lojas tiveram que trocar de endereço ou encerrar suas atividades.

A empresária Tânia Traesel, proprietária da Boduá Moda Íntima, optou pela mudança. Ela conta que há um ano, no dia 15 de maio de 2020, saiu da sala comercial na Marechal Floriano e levou seu empreendimento para uma sala própria, no espaço Open Mall München. “Me mudei por causa do valor do aluguel. Não tinha como saber como seria o amanhã, porque não havia a certeza se o comércio iria estar aberto ou fechado. Chegamos a ficar um tempo fechados em março de 2020 e não ganhamos desconto no aluguel, e lá na Floriano é muito caro mesmo”, observa.

Tânia mudou-se para uma sala própria

Hoje, Tânia comemora a decisão. “Foi a melhor coisa que a gente fez. Tenho uma clientela que nos segue. No Dia das Mães percebi isso. Tem aqueles que vêm porque a mãe sempre pede um pijama e eles sempre acertam, por isso já vêm direto aqui. Isso nos deu uma tranquilidade.” No novo espaço, a comerciante diz estar feliz. “Penso que muita gente precisou se reinventar e tomar decisões. O Centro já foi um bom espaço, mas aqui vai ter estacionamento para os clientes, além de ser um ambiente aconchegante”, completa.

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Quem também optou pela mudança é a proprietária da DaLu Roupas e Acessórios, Luciane Fischer. Ela conta que a combinação da pandemia com a obra do calçadão, que ficou interrompida na Marechal Floriano, foi determinante para a alteração de endereço, em novembro de 2020. “Além de tirar o fluxo de carros e de pessoas, tiraram o estacionamento, o que para nós fez muita diferença”, relembra.

Luciane diz que o proprietário da sala comercial até negociou um valor mais baixo. “Tornou-se inviável permanecer na Marechal. Por mais que o proprietário tenha dado algum incentivo, a gente sabia que não seria definitivo.” Atualmente, a DaLu está na Avenida do Imigrante. “Está melhor. Ainda há redução em função da pandemia, mas a comodidade e a facilidade de acesso melhoraram muito e o aluguel é mais baixo, dentro da nossa realidade.”

Luciane também optou pela transferência

OPINIÕES E PREVISÕES

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Mais fechamentos
O presidente da Sociedade das Empresas Imobiliárias de Santa Cruz (Seisc), Flávio Bender, afirma que a pandemia de Covid-19 foi fator decisivo para a aceleração do processo de desocupações, mas que a dificuldade de acordos colaborou. “Houve muitos fechamentos após tentativas de negociação de inquilinos com alguns proprietários para tentar baixar o aluguel. Como não baixaram, os lojistas optaram por trocar, desocuparam locais onde estavam pagando mais caro para irem para outros, mais baratos. Alguns migraram para vendas online e foram até trabalhar em casa. Houve sim uma redução grande de inquilinos e a desocupação de prédios, principalmente na Marechal Floriano”, destaca.

Bender prevê que a situação deve continuar crítica. “Infelizmente acredito que haverá mais fechamentos. Mas também temos um alento: existe uma nova procura por prédios comerciais para locação, talvez não dos empresários que desocuparam, mas de gente nova que está tentando se inserir no mercado e se tornar um empresário. Mas é um ajuste que vai levar um bom período, no mínimo mais dois anos.” O presidente da Seisc também alerta que o mesmo movimento deve ocorrer no setor residencial. “Muitas universidades e alunos vão optar por um ensino misto. Não vamos sentir só no mercado comercial, mas também no residencial.”

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A hora da decisão
De acordo com o presidente da Câmara de Dirigentes Lojistas (CDL) de Santa Cruz do Sul, Ricardo Bartz, o contexto atual é fator determinante para a situação. “A pandemia impactou de uma forma bem acentuada e muitas operações tiveram perda de faturamento. Chega em um ponto em que ninguém quer, mas precisa tomar a decisão consciente de que não dá para ficar empurrando com a barriga”, comenta. Conforme Bartz, o que a entidade registrou foram lojas mudando para aluguéis mais baratos. “Os proprietários acabaram abrindo mão de um ponto mais valorizado porque precisaram cortar gastos. Outros fecharam em definitivo”, diz.

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Obras do calçadão
Outra situação que gerou transtornos e mudou o ritmo dos lojistas foi a obra de ampliação do calçadão da Rua Marechal Floriano, parada após rescisão de contrato com a empresa que executava a obra. A Prefeitura de Santa Cruz do Sul informou que deverá retomar os trabalhos em junho. Um novo projeto foi encaminhado para a Central de Licitações. A obra é projetada para ser executada em cinco quadras. A ampliação e revitalização contempla o trecho da esquina com a Rua 28 de Setembro até a esquina da Rua Tiradentes, que inclui as duas quadras já iniciadas.

O presidente do Sindicato do Comércio Varejista (Sindilojas) de Santa Cruz do Sul, Mauro Spode, destaca que a pandemia teve peso nas decisões dos proprietários de empreendimentos, assim como valor dos aluguéis e a ampliação do calçadão. “Teve a questão dos protocolos sanitários e a obra. Mas foi compreensível a revolta. Foi um ano difícil o 2020, e continua sendo este ano.” Para Spode, é importante que se conclua a construção do calçadão até dezembro. “Sabemos que toda obra causa transtorno, mas essa conclusão se torna necessária”, ressalta.

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Situação melhor a caminho
A Yes Moda Masculina e Feminina, que antes ocupava duas salas comerciais na Marechal Floriano, mudou-se para uma sala única na Tenente Coronel Brito. A procura por outro espaço vinha de um período anterior à pandemia, porém a mudança coincidiu com o momento turbulento pelo qual passaram os comerciantes. Além de o aluguel ser mais barato agora, a proprietária Luciane Marisa Lüdke diz que o endereço atual está oportunizando boas vendas. Ela também começa a ver uma melhora depois que alguns clientes tomaram as duas doses da vacina contra a Covid-19. “Semana passada atendemos muitos clientes com mais de 60 anos que já estão vacinados. Eles já estão um pouco mais confiantes para sair de casa. Mas, claro, a gente vê eles passando muito álcool gel e usando a máscara com cuidado.”

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