A enchente de maio de 2024, ainda viva na memória de muitas pessoas, afetou de forma significativa a infraestrutura de muitos municípios, principalmente imóveis e estradas. Mas em Rio Pardo, a catástrofe climática também interrompeu o tráfego ferroviário de transporte de carga pelo município. 

Contatada pela Gazeta do Sul, a Agência Nacional de Transportes Terrestres (ANTT) informou por meio de nota que centenas de metros de trilhos foram levados pelo evento climático do ano passado. Além disso, houve danos em quatro pontes, inviabilizando a passagem dos trens de carga na região. Antes da enchente, o trecho era operacional, por onde passavam vagões de combustíveis que abasteciam as cidades de Santa Maria, Cruz Alta e Ijuí. Segundo informado pela ANTT, não há previsão de início das obras de recuperação para a retomada das atividades. 

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A assessoria de comunicação da Rumo Logística, que tem a concessão para operação no trecho desde 1997, informou que “dada a complexidade e abrangência da situação, a empresa segue em diálogo com o Governo Federal (poder concedente) e demais autoridades competentes do setor para avaliação conjunta do cenário”. Maior operadora privada de ferrovias de carga no Brasil, a empresa administra 14 mil quilômetros de malha.

A autarquia nacional explica que, por meio da Portaria 1.022/2024, o Ministério dos Transportes instituiu um grupo de trabalho específico para tratar da restruturação da Malha Sul, com foco na otimização da operação ferroviária, incluindo a possibilidade de recuperação dos trechos afetados pelas chuvas, a modernização da infraestrutura e a devolução de segmentos inviabilizados. Em paralelo, o governo do Estado conduz estudos técnicos e articula propostas para reativação de trechos desativados e separação de segmentos turísticos, visando ampliar o aproveitamento da rede ferroviária existente.

O contrato de concessão com a Rumo Logística será encerrado em 2027. No total, são 3.823 quilômetros concedidos à concessionária. Destes, apenas 1.680 quilômetros estavam em operação até o ano passado. Após as enchentes, o quadro piorou e somente 921 quilômetros estão operando atualmente. Ainda no ano passado, a empresa teria feito a demissão e a realocação de 200 funcionários gaúchos. Outros 130 trabalhadores terceirizados também foram desligados.

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Opções em estudo

A restruturação dos trilhos passa por opções em estudo que devem ser consideradas na nova concessão. Algumas das possibilidades discutidas incluem devolução parcial de trechos, abertura da malha para múltiplas operadoras e construção de variantes em áreas estratégicas. Outra proposta em debate é a criação de um fundo específico para garantir que os recursos da devolução dos trechos inativos sejam aplicados exclusivamente na Região Sul, visando à recuperação e à modernização da infraestrutura ferroviária.

A empresa já teria manifestado a intenção de devolver parte da malha gaúcha à União, mantendo apenas o trecho entre Rio Grande e Cruz Alta, considerado o mais rentável. Causa preocupação aos governos que os recursos da devolução, estimados em até R$ 2,8 bilhões, não sejam reinvestidos no Sul, mas redirecionados para ativos da concessionária em outras regiões. 

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