Em Santa Cruz do Sul, o tradicionalismo continua a ser transmitido às novas gerações por meio de iniciativas educacionais. Uma delas é a Invernada Dente de Leite, desenvolvida pelo CTG Lanceiros de Santa Cruz e que há sete anos ensina a cultura gaúcha aos pequenos.
As atividades são voltadas a meninos e meninas de 3 a 6 anos de idade e ocorrem às segundas-feiras, durante o período escolar. A integrante do Departamento Artístico do CTG Lanceiros, Leila Figueiredo, e o marido Roni Ferreira Nunes decidiram dar início ao projeto ao perceber que não havia uma atividade específica para essa faixa etária. Nas invernadas Infantil, Mirim e Juvenil, os pais levavam os menores junto e eles ficavam sem muito o que fazer.
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Assim, deram o primeiro passo e chamaram o instrutor da atividade, Ricardo Vogt, para auxiliar. Desde então, os pequenos têm aula de dança e ensinamentos sobre a cultura gaúcha, o tradicionalismo e outras lições, sobretudo a responsabilidade e a cordialidade.
Para atrair a atenção do grupo, não faltam também brincadeiras antigas (pega-pega, dança da cadeira, ovo choco e pagar prenda) e oficinas. Na companhia dos pais, aprendem lições gastronômicas e artísticas, além de preparar o chimarrão e fazer o nó de lenço.
Leila ressalta que as atividades contribuem não apenas com o movimento tradicionalista, mas também no desenvolvimento cognitivo das crianças. Durante as atividades, elas ficam longe do celular e outras distrações do mundo digital, brincando, interagindo, fazendo amigos e aprendendo.
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Apesar da forte chuva registrada na noite da última segunda-feira, 8, as famílias participantes da Invernada Dente de Leite marcaram presença na sede do Lanceiros. Vogt ensinou os pequenos e seus pais a realizar o nó no lenço e depois seguiu para as danças.
Desde que começou a participar da iniciativa, o instrutor das invernadas acompanhou muitas crianças que hoje estão na categoria adulta. “Muitos pequenos cresceram aqui. E isso me orgulha, poder acompanhar a evolução no CTG.”
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Crianças encaram os medos e mostram talentos nas apresentações ao público
Leila Figueiredo, integrante do Departamento Artístico do CTG Lanceiros, afirma que muitas crianças que começaram há sete anos na Invernada Dente de Leite agora estão nas outras modalidades, demonstrando o seu talento para declamar e dançar. “E os pais notam a diferença, percebem que os filhos progrediram. As crianças chegam alegres, mesmo após o cansaço da escola”, salientou.
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É o caso do pequeno peão Vicente Rodrigues Leal, de 6 anos. Após começar no Dente de Leite, foi para a Infantil. Seu pai, o comerciante Jonas Maikel Salvi Leal, 43 anos, destaca que a postura do garoto mudou. O medo de se apresentar em público se foi. “Ele desenvolveu uma postura, sem vergonha de se apresentar e dançar, o que já fez várias vezes. Hoje é normal, como tomar café”, explicou.
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O sonho de Vicente é aprender a dançar chula. Segundo o pai, a depender da determinação do filho, logo estará decorando os passos. “Ele é bem esforçado. Sempre se prontificou a comparecer no CTG.”
Vicente não é o único da família a participar da Dente de Leite. Sua irmã mais nova, Valentina, de 4 anos, também começou. “Percebemos que ela aprendeu muito já”, comentou o pai.

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Já a professora Patrícia Pivoto Romio, de 36 anos, acompanha a evolução da filha Isabela, que começou a fazer parte da invernada no ano passado. Ela e o marido, o militar Alisson Pivoto Romio, 35 anos, mudaram-se de Santiago para Santa Cruz do Sul e logo procuraram uma atividade para ensinar à filha os valores da cultura gaúcha e do tradicionalismo.
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E no CTG Lanceiros, encontraram a atividade certa para a pequena prenda, na qual participam junto e auxiliam no seu progresso. “Ela aprende não apenas a dançar, mas a interagir com outras crianças. Antes era bem envergonhada, mas agora está se inserindo, gosta muito, acredito que vai seguir”, afirmou Patrícia.
Para ela, a iniciativa é fundamental para preservar e dar seguimento à cultura gaúcha. “Precisamos mostrar, ainda durante a infância, a riqueza da nossa cultura.”

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Reconhecimento
A 1ª prenda juvenil do CTG Lanceiros de Santa Cruz, Anita Neitzke de Oliveira, de 14 anos, está nas atividades da entidade há sete anos. Seus pais participavam da Invernada Xirú e ela acompanhava, sempre com vontade de dançar.
Foi aí que surgiu a oportunidade de participar, ainda no fim de 2018, da Invernada Dente de Leite. No início, aos 7 anos, tinha muita vergonha e dificuldade de falar com os outros. Mas com o passar do tempo, conseguiu deixar qualquer preocupação de lado e focar nas habilidades. Após a experiência, ela participou da Invernada Mirim, destacando-se na 5ª Região Tradicionalista, além de integrar disputas de nível estadual.
E tudo começou na Dente de Leite, na qual passou a se apresentar em público e encarar os medos. “Eu sou a prenda que sou agora por ter entrado na Dente de Leite”, afirmou.

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