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INQUÉRITO

Investigação aponta que incêndio criminoso pode ter sido represália a ação policial

Corpo de Bombeiros utilizou 11 mil litros de água. Prejuízo total passou de R$ 600 mil

A Polícia Civil de Venâncio Aires trata como prioridade um caso de incêndio criminoso na loja que um policial militar mantinha com a esposa. O fato foi registrado na madrugada de sexta-feira, no número 1.331 da Rua Osvaldo Aranha, no centro do município. A principal suspeita levantada pelos investigadores é que o ato teria sido uma represália contra o PM, que na tarde de quarta-feira participou de uma ação de combate ao tráfico de drogas.

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A abordagem na Rua Conde D’Eu, Bairro Aviação, resultou na apreensão de quase cinco quilos de cocaína e na prisão em flagrante de dois homens, de 26 e 32 anos, ambos com antecedentes criminais. Na ocasião, o prejuízo ao tráfico passou de R$ 220 mil. O incêndio criminoso é o primeiro grande fato sob investigação do novo titular da Delegacia de Polícia (DP) de Venâncio Aires, delegado Paulo César Schirrmann, desde que tomou posse na Capital do Chimarrão. “É um caso prioritário para nós. Evidentemente foi um incêndio criminoso. Estamos com uma investigação em andamento e bastante adiantada”, afirmou Schirrmann.

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O delegado detalhou à Gazeta como os criminosos agiram. O incêndio foi provocado exatamente às 4h27 da madrugada de sexta. “Foram dois homens, usando capuz. Primeiro eles passam caminhando na calçada, em frente à loja. Depois retornam e um deles quebra a janela. Ambos entram e o outro usa um galão de gasolina para tocar fogo.”

Conforme o delegado, um dos criminosos chegou a se queimar na saída da loja, devido à explosão do início do incêndio. “Ficou claro que a ideia era colocar fogo na loja. Não tinham intenção de subtrair nada”, complementou Schirrmann.

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O delegado Vinícius Lourenço de Assunção, titular da Delegacia de Polícia de Pronto Atendimento (DPPA) de Venâncio Aires, afirmou que ações coordenadas com a Brigada Militar têm o intuito de dar uma resposta à comunidade. “Menos de 48 horas depois dessa apreensão significativa feita pela Brigada Militar, com prisão de indivíduos e uma perda expressiva para a facção que comanda o tráfico em Venâncio, em valores que passam de R$ 220 mil, tivemos o incêndio criminoso no estabelecimento de um dos policiais que participaram da ação. A nossa investigação relaciona essas duas ocorrências. Tudo leva a crer que houve uma vingança deste pessoal que acabou preso”, salientou. “Ao que tudo indica, pelo fato de ter sido perdida uma quantidade de drogas expressiva, teria ocorrido essa retaliação ao patrimônio familiar do policial. Estamos com uma investigação bem aprofundada no sentido de identificar os indivíduos que coordenaram e participaram dessa ação criminosa. Esperamos muito em breve dar uma resposta para a sociedade”, finalizou Vinícius Assunção.

“Mexeu com um policial, mexeu com a sociedade”

Acompanhando o caso de perto, o comandante do Comando Regional de Polícia Ostensiva do Vale do Rio Pardo (CRPO/VRP), tenente-coronel Giovani Paim Moresco, afirmou que batalhões de choque, da aviação e Força Tática estão em Venâncio Aires e na região, realizando uma ofensiva contra o crime. “Mexeu com um policial, mexeu com a sociedade. Há uma grande probabilidade de o incêndio ter ligação com o fato anterior, em razão da apreensão significativa de drogas que foi realizada pela guarnição na qual estava esse PM”, disse Moresco. “Estamos com atividades intensas no município para trazer tranquilidade pública aos nossos PMs e para a sociedade”, frisou o comandante.

A Associação Beneficente Antônio Mendes Filho (Abamf), entidade que representa a grande massa de policiais militares no Rio Grande do Sul, com 8 mil associados – desde soldados até coronéis da Brigada –, também se manifestou sobre o caso por meio de nota. “A Abamf não admitirá que condutas desta natureza abalem a estrutura de nossas famílias, em relação às nossas atividades de policiais militares que diariamente e diuturnamente trabalham pela segurança de nossa comunidade gaúcha, sem que o Estado adote as providências para responsabilizar o covarde atentado”, disse parte do texto, assinado pelo presidente, soldado José Clemente da Silva Corrêa.

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Em apoio ao policial que perdeu o patrimônio, a comandante da BM de Venâncio, capitã Michele da Silva Vargas, organizou uma arrecadação de valores online. O site é benfeitoria.com/projeto/campanha-familia-carnelosso-somostodospoliciaismilitares-ycb. “Estamos respondendo com o trabalho dentro da legalidade, com uma repressão maior ainda contra o tráfico, porque nós não vamos ceder. Se as pessoas querem uma cidade segura, elas precisam ajudar e denunciar”, comentou a capitã.

Brigadiano dono da loja salvou família que morava nos fundos

Na madrugada do incêndio, dois caminhões do Corpo de Bombeiros trabalharam para controlar as chamas, que quase se alastraram para outra loja e uma lotérica. A rua ficou bloqueada para a realização do combate ao fogo. Foram utilizados 11 mil litros de água. O local, que era um bazar, ficou completamente destruído. O estabelecimento pertencia ao policial militar Rodrigo Carnelosso, de 44 anos. Há 19 ele trabalha em Venâncio Aires.

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Em entrevista à Gazeta do Sul, o soldado relatou detalhes da madrugada do fato. O PM estava de serviço quando soube do sinistro. “De início, nos passaram que era na rua da loja, mas só quando cheguei vi que era no nosso estabelecimento”, revelou. Quem administra o local é a esposa do brigadiano. Ontem à tarde, ela precisou demitir duas funcionárias, em virtude do fechamento do bazar. O prejuízo total com o incêndio passa de R$ 600 mil, de acordo com o policial.

Nos fundos do local residia uma família, que por pouco não morreu queimada. Um dos quartos da moradia fica junto a uma parede da loja. Com rapidez e agindo por instinto, Carnelosso salvou os moradores. “Eu tentei entrar pelo portão, mas tem três cadeados e a chama estava alta. Aí lembrei que nos fundos, onde alugamos para essa família, tem um muro que estava sendo construído. Fui lá, consegui arrancar a tranca e tirar a família. Eram cinco, inclusive duas crianças e um senhor que usa muletas”, afirmou o policial de 44 anos.

No bazar que foi incendiada, havia roupas masculinas, femininas, bolsas, bonés, eletrônicos, mochilas e outros produtos. O estabelecimento comercial não contava com seguro. Há uma semana, o casal proprietário tinha fechado uma outra loja. “Ou seja, havia ali praticamente duas lojas só nesse local. Juntamos todos os produtos, empilhados em muitas caixas. Foi um prejuízo imenso. Não sabemos o que fazer.”

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