Num salão de beleza que já atravessou décadas, tendências e gerações, Iria Trevisan segue atuante no ofício que escolheu por paixão. Com 41 anos de profissão, ela ainda mantém a rotina que sempre foi sua marca. “Eu acho que quando a gente ama o que faz, nada é difícil. Vamos em busca. Todo dia é novo”, afirma com a mesma energia que a levou, em 1984, a abrir o próprio negócio.
Antes disso, a trajetória parecia destinada a outros rumos. Funcionária pública estadual por 15 anos, Iria trabalhou em postos de saúde e em um hospital, cuidando de bebês. Foi ali, no contato com a rotina das pessoas, que aprendeu a disciplina que mais tarde carregaria para o salão. A virada aconteceu quando, durante as tardes, começou a atuar como auxiliar em um espaço de beleza. “Eu era uma menina que queria aprender tudo. Comecei a me apaixonar pela área.” A paixão virou profissão. E vida.
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Da casa ao salão
O primeiro endereço do próprio salão foi na Rua Tiradentes. Treze anos depois, a própria residência, na Rua Ernesto Alves, virou espaço de beleza. O fluxo de clientes cresceu e fez com que a jovem cabeleireira ampliasse o local de atendimento, chegando à construção da sede atual. Desde então, o salão de beleza e a casa seguem vizinhos, quase como extensão um do outro.
O início coincidiu com o nascimento da segunda filha, Maira. Mais tarde, os dois filhos – Maira e Marcel – juntaram-se ao negócio, cada um com suas afinidades. Ela como maquiadora e especialista em coloração; ele, primeiro na administração e, agora, também em tratamentos capilares. “Cada um encontrou o seu caminho dentro da área da beleza.”
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Ensinar e aprender
O salão de beleza também foi escola. “Muitos profissionais passaram por aqui e, hoje, estão bem na vida. Isso me deixa feliz. Triste seria se passassem por aqui e não conseguissem se colocar no mercado”, reflete. A disposição para ensinar sempre caminhou junto à inquietação de aprender.
“Estudo todos os dias. Meu filho até brinca: ‘Mãe, para de assinar curso’. Comecei mesmo a estudar na pandemia. Parei e vi tanta coisa pela frente que precisava aprender.” Iria mergulhou em cursos e formações, apostando em tendências. “Tudo muda muito rápido. Ou você acompanha ou fica para trás.”
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Quatro décadas como cabeleireira
Casada, mãe de dois filhos e avó de cinco netos, Iria atribui ao trabalho e à família suas maiores realizações. “Nós somos muito família. Gostamos de viajar juntos, de estar juntos. Agora, com a saúde do meu marido exigindo cuidados, mudamos o foco, mas seguimos unidos.” A rotina, mesmo intensa, não a faz sentir falta de, em suas palavras, “aproveitar a vida” fora do salão. “O que é aproveitar a vida para mim pode não ser para ti. Para mim, é estar com a família, é estar produzindo as pessoas, é estar no salão. Isso é vida”, afirma.
O filho Marcel corrobora. “Ela sempre teve um legado muito forte de se dedicar ao outro, de se entregar ao próximo, e faz isso de coração. É autêntica. Não teria necessidade, mas tem pavor de ver alguém decepcionado por não conseguir um horário. Esse é o jeito dela.”
Mesmo após quatro décadas, Iria não pensa em parar. “Eu nunca olho para trás. Gratidão é a palavra mais importante. Por pior que seja, alguma coisa se aprende. As coisas fáceis não fazem ninguém superar. O difícil é que faz crescer.” Na sala iluminada por espelhos e marcada pelo burburinho de secadores, ela segue fiel ao que repete quase como um mantra: acreditar em si mesma e buscar sempre o melhor. “É só isso”, assegura. E sorri.
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