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ASSUNTO DE PROFESSOR

Jorge Luiz da Cunha: “Amar o ser humano é algo fundamental na educação”

Foto: Bruno Pedry/Banco de Imagens

Jorge: “Meu avô Alberto sempre dizia: a vida vale a pena quando agimos para ser felizes!”

Foi em Roca Sales, onde nasceu, que iniciou a caminhada do professor e historiador Jorge Luiz da Cunha. Com 63 anos, desde 1996 está vinculado à Universidade Federal de Santa Maria (UFSM). Na instituição, foi por oito anos diretor do Centro de Educação e por cinco pró-reitor de Graduação. Aos 17 anos, e meses após ter perdido o pai, Darcy, ingressou no curso de Estudos Sociais da antiga Fisc, atual Unisc, ao mesmo tempo em que começou a trabalhar na Souza Cruz, junto à qual atuou por cinco anos.

Formado, tornou-se o primeiro mestre e o primeiro doutor da Unisc. Fez mestrado em História na Universidade Federal do Paraná e doutorado em História Medieval e Moderna Contemporânea na Universität Hamburg, na Alemanha. E é pós-doutor pela Unisinos. Em Santa Cruz, conheceu a professora Ana Zoé Schilling, com quem se casou, estando hoje divorciados. Tiveram os filhos Maurício, de 34 anos, e Mariana, de 32, que residem em Santa Cruz. Maurício e a esposa Greice lhes deram os netos Gustavo, de 6, e Gabriela, de 3.

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Atualmente, Jorge reside em Lajeado, onde se radicaram os pais, e onde a mãe, Maria, morou até o falecimento, no início deste ano, aos 83 anos. No município também reside o irmão João Carlos (outro irmão, José Paulo, é falecido). Autor de centenas de artigos científicos e de 23 livros, entre próprios ou organizados, tem inúmeras participações em coletâneas. A partir de Lajeado, por e-mail, Cunha refletiu sobre temas como história, memória, imigração alemã e educação em sentido amplo.

Entrevista – Jorge Luiz da Cunha, professor e historiador

  • Gazeta do Sul – Como o senhor avalia o cenário contemporâneo nos ambientes de ensino em graduação e pós-graduação, nos quais o senhor tem atuado mais recentemente, tanto em universidade pública quanto não pública?
    Jorge Luiz da Cunha – Nesta modernidade clássica em que estamos inseridos, que perdura de forma conservadora e capitalista há cerca de 500 anos, a educação nasce, a partir da segunda metade do século 19, como necessidade das elites econômicas para a produção de identidades previsíveis e relacionadas com escalas de habilidades funcionais e distintamente exploráveis. Neste contexto, o sistema que gera os ambientes de ensino em graduação e pós-graduação pode produzir dois resultados:
    O primeiro deles diz respeito a características associadas ao pensamento naturalizado na conquista de privilégios sociais e econômicos, em grande medida dependentes da efetividade da educação. Ação que depende diretamente da ideia de que são as elites funcionais que levam para a frente o progresso de todos através de sua competência especificamente apoiada no desenvolvimento, na democracia e na igualdade. Objetivos nunca alcançados e sempre projetados como naturalizada justificativa política, econômica e social. Sendo assim, o efeito da educação universitária é a manutenção conservadora da modernidade por meio das escolhas das minorias elitistas. Este resultado está intimamente ligado a uma instrumentalização econômica da educação com o objetivo de formar alunos e estudantes que depois de sua formação apresentam-se como muito bem preparados, para cumprir ordens e executar tarefas. Nunca para questionar, criticar, criar, transformar e lutar pela liberdade e autonomia individual e coletiva.
    O segundo resultado diz respeito aos efeitos de práticas formativas que estimulam o estranhamento a partir do acesso e das discussões dialógicas entre diferentes abordagens de áreas do conhecimento. O estranhamento reflexivo derruba a mera repetição de conteúdos e técnicas e produz movimento intelectual e consciência social. Portanto, se associa ao reconhecimento da diversidade humana como garantia de nossa humanidade individual e coletiva. Este nível de educação de graduação e pós-graduação deve ser o objetivo social e político de preservação humana e a continuidade de sua evolução.
    Eu vivencio estes distintos níveis de consciência e prática formativa universitária em instituições nacionais e internacionais, públicas, comunitárias e privadas.
  • Como os cursos da área de História, nos quais o senhor atua mais diretamente, têm respondido às questões, demandas e inquietações da sociedade?
    Curiosamente, diante desta questão vinculada com a área de História, tenho experimentado duas práticas distintas que produzem resultados completamente opostos.
    Um dos resultados é a consciência de que a História é a ciência do presente. Nós pensamos e dialogamos com nossas memórias históricas do passado para promover a nossa consciência humana no tempo presente em que estamos inseridos. Não há passado como descrito, interpretado e imposto para mera reprodução. E, igualmente não há futuro, praticado e somente planejado em projetos de realização. Portanto, temos apenas uma realidade, o presente!
    Outro resultado é extremamente conservador, mesmo quando o discurso reprodutivo se autodenomina de esquerda ou de direita. Esta característica da área formativa educacional, em todos os níveis escolares e universitários, está associada com a mera repetição de conteúdos interpretativos da História: uma ação formativa que rouba a característica científica e impõe doutrinação. Eu considero este uso da História como uma ameaça através da alienação de nossa consciência humana.
  • O Brasil se encontra em um bom momento nos ensinos escolares e de graduação e pós-graduação, com estrutura e infraestrutura nas escolas e na academia universitária capaz de atender às demandas da sociedade e em equilíbrio com as instituições de outros países?
    Lamentavelmente não!
    No tempo moderno contemporâneo caracterizado pela crise e pela incerteza de futuro, uma reflexão crítica sobre os conceitos de modernidade e pós-modernidade, vinculados com a educação escolar e universitária, levam a interpretação do modelo educacional que mantém a mesma estrutura e os mesmos conceitos do início da modernidade. O que provoca um contundente desencontro com a realidade social atual, que não se apresenta mais fixada em um modelo sólido e estruturado.
    Com o entendimento da escola e da universidade como uma construção estratégica da modernidade, que impõe um único modelo de cultura, privilegiando uma forma particular de relações sociais e políticas, com sujeitos discursivamente emancipados, mas, contudo, conformados com as imposições previsíveis do Estado. A combinação do esforço vocacional e a criação da privacidade cedeu lugar a um esquema de compensação. A influência deste novo contexto sociopolítico se opõe às obrigações do mundo do trabalho e, talvez, se apresente como uma estratégia consciente ou inconsciente às ameaças de degradação ou perda das condições de sobrevivência, diante da precariedade do trabalho, principalmente em nosso Brasil. O resultado é uma (auto)consciência e um (auto)comportamento: uma privacidade onde a acumulação de símbolos de status representa a compensação psicológica e onde domina a experiência pessoal. Uma consequência da realidade pandêmica atual.
    Mas, considerando mais algumas tendências objetivas, como mobilidade, mídia, tecnificação, pobreza, desemprego, incertezas sociais e políticas, pode-se deduzir, sob o abrigo das teorias sociais vinculadas com a educação, perdas de estabilidade na privacidade das crianças, adolescentes, jovens, adultos e idosos alunos escolares ou estudantes universitários. E esta realidade não diz respeito somente ao nosso país, mas ao mundo inteiro, com efeitos trágicos principalmente no hemisfério sul.
  • A que temas ou assuntos de interesse o senhor mais tem se voltado nos últimos anos em suas linhas de pesquisa?
    Em toda a minha história de vida e formação, sempre atuei inspirado por uma frase do meu avô Alberto Stormowski, pai de minha mãe Maria, que me marcou desde o começo da minha infância: “A vida vale a pena quando agimos para ser felizes! Nossas escolhas precisam ser inspiradas por nosso desejo de felicidade com os outros com quem vivemos.” Por isso, fiz escolhas profissionais relacionas com a Educação e a História. Isto ajuda a entender as temáticas e as linhas de pesquisa associadas com minhas ações profissionais, sociais e culturais: História social, História econômica e cultural e principalmente a História das migrações humanas formativas da população brasileira e sua diversidade; e, também: Educação, Ensino de História e Educação histórica.
  • O senhor possui vínculos com Santa Cruz. Em que momento eles se estabeleceram e em que grau ocorrem na atualidade?
    Desde a minha juventude (17 anos de idade) amo Santa Cruz do Sul!
    Foi nesta linda cidade que pude pagar minha graduação na Faculdade Integrada de Santa Cruz do Sul (Fisc), num curso noturno de Licenciatura Curta e Plena em Estudos Sociais, com meu trabalho diário na Companhia Souza Cruz, junto ao setor de controle de qualidade.
    Vivi, namorei e me casei com uma linda santa-cruzense, Ana Zoé Schilling. Com ela tive um filho, Maurício; e, uma filha, Mariana. A mãe do meu filho e de minha filha vive em Santa Cruz do Sul, assim como Maurício e Mariana; além de meus netos. Santa Cruz do Sul é o lugar de minha família, onde vivo com muita frequência.
  • O senhor tem um livro sobre o papel da cultura do tabaco no âmbito da colonização alemã em Santa Cruz e na região. O que essa atividade econômica representou para o desenvolvimento regional?
    Meu primeiro livro intitulado ‘Os colonos alemães e a Fumicultura‘, publicado em 1991, pela Editora das Faculdades Integradas de Santa Cruz do Sul (Fisc), hoje nossa Universidade de Santa Cruz do Sul (Unisc), resultou da minha dissertação de Mestrado em História Social junto da Universidade Federal do Paraná (UFPR), que fiz entre os anos de 1983 e 1988: em 1983, morando em Curitiba, e a partir de 1984 atuando como docente junto da Fisc e na Rede Estadual de Ensino.
    A colonização estrangeira é reconhecida como um fator decisivo no que diz respeito à evolução socioeconômica do Rio Grande do Sul. Santa Cruz do Sul é resultado direto do processo de colonização estrangeira do século 19, particularmente da colonização alemã.
    Colônia, fundada em 1849, é a temática da dissertação e de sua publicação como livro. A pesquisa engloba três aspectos fundamentais: a realidade do país de origem dos imigrantes, no caso a Alemanha do século XIX; a realidade do país de destino desta gente, focalizado, neste estudo, a partir do Rio Grande do Sul; e, finalmente, contextualizado pelos dois primeiros aspectos, o próprio núcleo colonial, a Colônia de Santa Cruz.
    O livro define de que forma foi encaminhado o processo de colonização em Santa Cruz, dirigido pelo governo provincial, representante dos interesses da elite agropecuária local através da Assembleia Legislativa Provincial e dos interesses do governo Imperial através da Presidência da Província, cujo titular era nomeado para tal fim.
    Na primeira parte da dissertação e do livro busquei interpretar como era gerida uma política para o incremento da pequena propriedade e do trabalho livre e familiar por uma oligarquia pecuária e latifundiária, justamente quando se acelerava a própria desestruturação das relações de produção diretamente associadas com a mão de obra escrava. Na segunda parte da obra, o foco foi interpretar como se deu a especialização agrícola e a transformação da vida material e das relações de produção na Colônia de Santa Cruz, intimamente associadas com a produção do tabaco.
    O tabaco acelerou o sucesso econômico da colônia germânica com a produção agrícola, o artesanato e o comércio de produtos tabagistas queresultaram na autonomia municipal alcançada legalmente no ano de 1877 e, de fato, em 1878, com a instalação do município de Santa Cruz.
  • Pode-se dizer que o tabaco, enquanto fonte de renda, desde o princípio foi fundamental para impulsionar o progresso das áreas de colonização alemã em diferentes regiões do Sul do Brasil?
    Sem dúvida!
    Eu creio que os resultados econômicos da colonização estrangeira no Brasil independente, – iniciada com a Colônia de São Leopoldo junto dos Vales do Rio Caí e Rio dos Sinos, fundada em 1824 -, que no Rio Grande do Sul sobreviveram e se mantiveram mesmo durante a Revolução Farroupilha ou Guerra dos Farrapos entre 1835 e 1845, inspiraram a criação da nova colônia no munícipio de Rio Pardo em 1849, nossa Santa Cruz do Sul.
    Seus resultados econômicos, diretamente relacionados com a produção do tabaco, inspiraram a criação de inúmeras novas colônias no Rio Grande do Sul.
    É bom lembrar que a Colônia de Santa Cruz foi a última colônia pública provincial criada. Em 1850, a Lei de Terras, regulamentada em 1854, transforma a terra em propriedade comercial. Portanto, as novas colônias estrangeiras são atividades econômicas vinculadas com a venda e aquisição de lotes agrícolas.
  • Como o senhor avalia o diálogo e a interlocução da academia, enquanto graduação e pós-graduação, com os ensinos fundamental e médio, no sentido de instigar e fomentar mais pesquisa e espírito crítico?
    Há muito ainda a ser realizado. Não é raro que muitos docentes e pesquisadores do campo universitário não reconheçam a importância social e política do diálogo e interlocução da universidade com a educação escolar.
    Para o sistema educacional isso tem como consequências, à primeira vista, uma imposição objetiva e subjetiva de que não haverá mudanças. Pois, a educação, especialmente a escolar, continua fundamentando e legitimando sua existência e suas práticas a partir da naturalizada seleção de elites funcionais. Quanto aos conteúdos, os positivismos anteriores dos séculos 18 e 19 está sendo substituído por outra forma de positivismo, no qual a eficiência objetiva consta como um valor inquestionável, correspondendo a uma disposição à auto funcionalização com produtividade dos sujeitos envolvidos – discentes, docentes e gestores.
    Eu, nesta minha interpretação da realidade educacional, reconheço uma ameaça à existência humana, pois meros sujeitos reprodutores de práticas objetivas ou subjetivas, com certeza podem ser substituídos por robôs! E, é justamente diante dessa característica que associo nossas condições humanas individuais e coletivas com uma relação dialógica e formativa entre todos os níveis de educação escolar e universitária. O conhecimento é nossa garantia de liberdade e nossa liberdade é a garantia de nossa humanidade!
    Em um país como o Brasil, mas também em muitos outros países, em que a educação é medida em termos de utilidade e usabilidade econômica e ideológica por governos, partidos e movimentos sociais populistas e autoritários, novos conceitos educativos devem necessariamente ser pensados e experimentados para influenciar a práxis educativa de educadores e educandos. Criação, treinamento, ensino, formação, educação, entre outros, são conceitos utilizados por muitos pesquisadores, educadores e educandos sem distinções. Estão associados a práticas de formação na família e na escola. Naturalizou-se aqui a ideia de que criar o outro, a partir de um modelo moral preconcebido (de comportamento, de gênero, de crença religiosa ou política, etc.); treinar o outro para cumprir ordens e executar tarefas; ensinar o outro para reproduzir o que já foi criado; formar o outro a partir da estruturação à previsibilidade; e educar, são a mesma coisa. Essa realidade provavelmente fundamenta a instrumentalização e o fracasso – quase generalizado – da educação brasileira, que solapa a democracia e pode nos arrastar à mediocridade do não humano.
  • O senhor integra grupos e equipes voltadas à pesquisa sobre imigração alemã. A iminência dos 200 anos da chegada dos colonos a São Leopoldo, data que transcorre em 2024, tem motivado muitos projetos nessa área?
    Um dos projetos mais complexos e amplos em execução atualmente diz respeito aos 200 anos das migrações estrangeiras no Brasil independente, intitulado ‘A caminho de 2024. 200 anos das migrações alemãs para o Brasil’. Um projeto iniciado em 2018, que será concluído em 2024, com inúmeros participantes pesquisadores e subprojetos.
    E defendo a ideia de que é fundamental que se organizem atividades que rememorem o início do processo imigratório de estrangeiros, iniciado com a chegada de imigrantes alemães, no sul do Brasil, a partir de um conjunto de atividades que levem à pesquisa, ao registro e à divulgação de conceitos críticos sobre as migrações humanas de um modo geral. Um conjunto de projetos tematicamente específicos e (sub)projetos, que possam contribuir para que novos conceitos sejam pensados e formulados e que tenham um efeito político, não meramente festivo ou autorreferenciado na construção de uma tradição – apenas folclórica – imaginativamente construída sobre a imigração e colonização alemã no Brasil.
    A intenção é, portanto, criar possibilidades de reflexão crítica em todas as áreas do conhecimento; de forma a contribuir para a práxis político-cultural de uma memória e de uma história sobre a imigração estrangeira para o Brasil, iniciada em 1824, que recupere o papel da memória e da identidade cultural para a construção de uma unidade humana não discriminatória, como não raro indicam as memorações e comemorações tradicionalmente organizadas e executadas sobre temas imigratórios. 
  • O senhor entende que o ambiente de ocupação mais efetiva do território dos vales (Sinos, Caí, Taquari, Rio Pardo, Rio Pardinho e Jacuí) está bem contemplado pela pesquisa, ou há lacunas que mereciam ser iluminadas?
    Eu penso, sem dúvidas, que sempre as lacunas ou questionamentos, ou até a imposição de interpretações históricas, devem nos estimular ao movimento e as transformações de nossos conhecimentos individuais e coletivos.
    Nossos projetos de produção do conhecimento não pertencem apenas a pesquisadores acadêmicos!
    Ações sociais vinculadas ao conhecimento devem envolver todas as comunidades para criar possibilidades de reflexão crítica em todas as áreas interpretativas para contribuir para a práxis político-cultural de uma memória e de uma história sobre a imigração estrangeira continuada para o Brasil, iniciada em 1824 com a fundação da Colônia Alemã de São Leopoldo. Portanto, como já defendi em respostas anteriores: recuperar a memória e a história cultural como ato político de construção de uma unidade humana não discriminatória e fundada no reconhecimento do papel humano da diversidade.
  • Como o senhor analisa o cenário atual para a educação no País, no que tange a ambiente para professor e também para estudante, ainda mais diante das mudanças ou rupturas motivadas pelo contexto da pandemia?
    No meu entendimento, estimulado também por várias importantes reportagens da nossa Gazeta do Sul, a situação atual de conceitos e práticas educativas em países como o Brasil está diretamente vinculada com:
    – Críticas agressivas e violentas às experiências inovadoras e opostas à mera reprodução de conteúdos disciplinares e formação de sujeitos individualistas e concorrentes;
    – Vitimização através da culpabilização diante de resultados não satisfatórios de formação escolar e não escolar;
    – Divulgação de propostas de associações, partidos e governos, para a legalização da ‘educação domiciliar’, como alternativa estratégica de construção de “adultos seguros e com autoestima sólida e empreendedora”; e, afastamento de experiências de socialização e aceitação das diversidades humanas – sociais, étnicas, culturais, econômicas, políticas, religiosas, comportamentais (principalmente relacionadas com a orientação sexual), entre outras.
    Os sistemas sociais foram tendo novas configurações que influenciaram a formação do pensamento pedagógico atual. E não poderia ser diferente, considerando que a instituição escolar e universitária recebe constantemente a influência de todos os acontecimentos pelos quais as sociedades passam.
    A ideia construída historicamente considera a escola e a universidade como instituição do saber sistematizado, sobressaindo desse modo a importância do uso de medidas eficientes como o olhar especialmente voltado para os atendimentos das classes economicamente desprovidas de recursos, principalmente nas escolas e universidades inseridas nestas realidades precárias.
    Diante dessa realidade, cabe às cidadãs e aos cidadãos de nosso país agir no campo da educação para a preservação da liberdade e da democracia. A única possibilidade de superar os efeitos da pandemia igualmente econômica, política e social em nosso Brasil e em muitos outros países!
  • O que o senhor sugeriria aos estudantes, de qualquer idade e qualquer nível de ensino, nos dias atuais, que exigem ou requerem tantos conhecimentos e habilidades em áreas variadas?
    Que jamais se submetam à idolatria de nossas criações e usos técnicos. Nossos conhecimentos humanos objetivos/técnicos e subjetivos devem permanecer a nosso serviço e nunca o contrário.
    Conhecer a partir do exercício da criação de novos conhecimentos e interpretações da realidade é a garantia de nossa liberdade e condição humana. Submeter-se aos resultados de nossas criações é renunciar a si, renunciando a liberdade, portanto, é deixar de ser humano!
  • O que o senhor gostaria de ver concretizado ou realizado no ambiente do ensino no Brasil, como um sonho ou uma aspiração pessoal?
    A boa e humanizadora educação é aquela que cria experiências educativas para capacitar os alunos e estudantes a agir na construção de consciência de si e do empoderamento social, através de exercícios de alteridade e reconhecimento da possibilidade de criação de uma unidade social a partir do respeito à diversidade.
    O respeito à diversidade, ampliando as relações sociais da escola e da universidade com a comunidade tem papel decisivo na organização e disposição de recursos que serão usados para mediar a relação do aluno ou estudantes com o docente e com o conhecimento. O diálogo interdisciplinar valoriza não somente os espaços educativos, mas também a sociedade e sua humanização.
    Refletindo sobre as questões sociais e educacionais atuais, considero que a educação para a cidadania é uma meta política necessária para a garantia da democracia e de um futuro mais igualitário e justo, construído na busca da unidade através do reconhecimento e do estímulo à diversidade humana. Somente novas formas de relacionamento entre os seres humanos podem oferecer a única certeza neste caminho: amar o humano é fundamental no exercício e nos resultados da educação em todos os seus níveis.

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