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OPINIÃO

Luís Fernando Ferreira: “O aprendiz de feiticeiro”

A estreia do filme Oppenheimer agora, quando o mundo volta a discutir os riscos de um conflito nuclear, dificilmente pode ser vista como casual. É um lembrete bem-vindo de que, após iniciada, ninguém sabe como uma guerra irá terminar. Considerado o “pai da bomba atômica” – embora muitos tenham colaborado nesse empreendimento –, o físico norte-americano Robert Oppenheimer viveu para tornar-se crítico da arma que ajudou a inventar.

Após a destruição das cidades japonesas de Hiroshima e Nagasaki em 1945, com a morte de cerca de 200 mil pessoas, Oppenheimer afirmou que tinha “sangue nas mãos”. Como resposta, ganhou o desprezo do então presidente, Harry Truman. Toda a sua trajetória – de cientista judeu empenhado em criar uma arma para vencer os nazistas a ativista antinuclear – é contada de forma minuciosa no filme de Christopher Nolan (Interestelar), baseado em biografia escrita por Kai Bird e Martin Sherwin.

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Os autores referem-se a Oppenheimer como o “Prometeu americano”. Personagem da mitologia grega, o gigante Prometeu roubou o fogo dos deuses e o entregou aos homens, para torná-los superiores aos animais. Tal ousadia causou a fúria de Zeus, que decidiu puni-lo com suplícios eternos. Mas uma analogia ainda pode ser feita com a história clássica do aprendiz de feiticeiro, concebida por Goethe e popularizada em uma animação da Disney.

Cansado de trabalhos exaustivos, o aprendiz “encanta” uma vassoura e outros utensílios para que executem o serviço sozinhos. O problema é que ele não sabe desfazer a magia e os efeitos escapam de seu controle. Oppenheimer parecia julgar, no início, que a bomba atômica significaria o fim das guerras; na prática, resultou em nova era armamentista, bem mais perigosa.

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E quem tem controle sobre o arsenal atômico? Em 1964, auge da Guerra Fria, estreou nos cinemas o filme Limite de Segurança. Na trama, por erro técnico no sistema de defesa dos EUA, monitorado por computador (inteligência artificial não é assunto novo), aviões recebem ordem de jogar bombas em Moscou. Casa Branca e Kremlin tentam evitar uma catástrofe. Inverossímil ou nem tanto? Tanto aqui como em Oppenheimer, a resposta é um silêncio terrível.

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