Estou só pelo verão. Vou passar a jato pelas belezas da primavera porque eu quero, mais que tudo, o calor. Aquele mesmo, escaldante. Com raios luminosos penetrando telhados, paredes, calçadas, ruas.
Cabeças e mentes. Eu quero ao menos uns trinta dias de sol absoluto. Pra secar a vida da gauchada.
Eu sei. Tem gente que adora o inverno. Embora, ultimamente, essas pessoas andem meio quietas. Afinal, pode ser até perigoso defender o clima gaudério. Cerração, garoa, chuva, temporal… uma umidade de assustar sapo. Se fosse só o frio… Como alguém pode gostar disso? Qual o charme de um inverno de baixas temperaturas e… molhado?
Ninguém precisa ir muito longe no tempo para lembrar que os invernos já foram melhores. Que comíamos bergamota na rua depois do almoço. E o sol generoso aquecia nossos corpos. Dizem até que muito antigamente, a estação era sinônimo de elegância. Um acontecimento para os que podiam e sabiam se vestir bem.
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Tudo mudou. Inclusive a elegância. Outras roupas, outras maneiras, uma deseducação coletiva, uma assombrosa falta de classe, enfim. Não tem problema. Sem traumas. Sério. Aceito que tudo pode mudar. Mas o clima? Por que justamente com ele fizemos o maior estrago? O que era inverno seco virou chuvoso. E o que era verão chuvoso virou seco. Com um plus: a Província de São Pedro consegue ser úmida até quando é seca. Duas, três semanas sem chuva e a água no ar em 70%.
Parece pouco? Só se você não morar aqui e, portanto, não fizer ideia do que estou falando.
A única coisa divertida nisso é que o mofo tem pendores democráticos. Maltrata as roupas guardadas e castiga as paredes de pobres e ricos. Os fungos, esses seres minúsculos, não fazem distinção de renda ou bairro. Atacam em todos os redutos da cidade. É a parte boa, né?
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Diante de uma mudança climática radical, ir embora pode ser uma saída. Prática mais ou menos comum entre os bem jovens. E entre os não mais jovens. No entanto, deixar esses pagos não é tão simples.
fetos, memórias, nossas histórias de vida. Tudo construído nesse Rio Grande um tanto bairrista e de feitos ilusórios. Como largar uma parte de nós? Então a gente pensa, pensa, faz planos. Daí vem uma semana como essa, cheia de luz. E a gente fica.
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