O ministro da Saúde, Arthur Chioro, disse nesta segunda-feira, 13, em entrevista coletiva, que não há registro oficial de reunião, nas dependências do ministério ou fora dele, entre o ex-ministro Alexandre Padilha e o ex-deputado federal André Vargas, preso na última sexta-feira, 10, na Operação Lava Jato. Se o encontro ocorreu, disse o ministro, foi fora da agenda oficial. Indagado se costuma receber parlamentares fora da agenda, Chioro disse que não.
Em despacho na semana passada, o juiz federal de Curitiba (PR) Sergio Moro escreveu que há indícios de que o ministério omitiu informação à Justiça, ao não relatar reunião entre Padilha e Vargas que antecedeu a apresentação de uma proposta que beneficiaria a empresa Labogen, ligada a Vargas e ao doleiro Alberto Youssef. Moro citou entrevista concedida por Padilha ao programa de TV “Roda Viva”, no ano passado, na qual o ex-ministro confirmou tratativas com Vargas.
Chioro negou ter omitido informações ao Judiciário e que o ministério se baseou nos encontros documentados. Indagado se Padilha será ouvido pelo ministério para esclarecer esse ponto, Chioro disse que “claro que não” e que Padilha é quem poderia ser procurado pela imprensa. “A ele devem ser perguntadas todas as circunstâncias e tenho certeza de que ele dará todos os esclarecimentos”, disse Chioro.
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Segundo o ministro, o órgão já “tomou todas as providências” para apurar o caso Labogen, citando uma sindicância interna e a mudança, em novembro, de uma série de regras sobre as PDPs (Parcerias para o Desenvolvimento Produtivo), área de interesse de Vargas e de Youssef. Na entrevista, Chioro também divulgou que as quatro empresas de publicidade que fizeram pagamentos a empresas de André Vargas receberam ao todo R$ 2,6 milhões da agência contratada pelo ministério, a Borghi Lowe. Segundo a Polícia Federal, a Borghi Lowe repassou dinheiro a Vargas por meio de quatro empresas subcontratadas (Zulu, Sagaz, Luiz Portela e E-noise).
De acordo com Chioro, o ministério pagou um total de R$ 123,7 milhões à Borghi Lowe entre 2011 e 2014. O contrato foi assinado com a Borghi Lowe e outras três agências de publicidade que atendem ao ministério em 31 de dezembro de 2010, último dia do segundo mandato do presidente Luiz Inácio Lula da Silva. Na época, o ministério era ocupado por José Temporão, indicado pelo PMDB. Segundo Chioro, o contrato com as quatro agências (Borghi Lowe, Propeg, Agnelo Pacheco e Calia) foi fechado após licitação pública e pelos critérios de menor preço e melhor técnica.
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