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EM FAMÍLIA

Neta de Erico Verissimo fala de lembranças e do legado do escritor na Feira do Livro

Foto: Inor Assmann

Fernanda Verissimo exibiu fotografias históricas do avô Erico durante o painel. Escritor faleceu em 28 de novembro de 1975

No dia 17 de dezembro de 1905, nasceu Erico Verissimo. Entusiasta da literatura desde criança, viria a se tornar um dos romancistas mais importantes da literatura brasileira. O autor da trilogia O Tempo e o Vento, além das obras Olhai os lírios do campo, Incidente em Antares e Clarissa, dedicou-se ao estímulo da leitura. 

Passadas cinco décadas de sua morte, seu trabalho continua sendo uma referência e uma porta de entrada aos entusiastas da literatura. Seu legado ganhou evidência na 35ª Feira do Livro de Santa Cruz do Sul e 1ª Festa Literária Internacional com o Espaço Sesc – Erico Verissimo 120 anos, inaugurado na manhã de sábado na Praça Getúlio Vargas. O ato foi marcado pela presença da neta do escritor, a jornalista e roteirista Fernanda Verissimo, que compartilhou com o público as lembranças do avô. E demonstrou que, na família, o amor pela literatura está no DNA.

Erico e a neta conviveram por quase uma década e moraram juntos na mesma casa / Foto: Arquivo Pessoal

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Filha de Luís Fernando Verissimo, ela nasceu no Rio de Janeiro em 1965. No ano seguinte, a família mudou-se para Porto Alegre e se estabeleceu na residência de Erico, no Bairro Petrópolis. Lá, ela pôde conviver com o avô e visitar a sua biblioteca e o seu escritório, que fica na parte de baixo da residência. Eventualmente, subia para o andar principal com seus manuscritos e ficava revisando na mesa ou em uma poltrona vermelha. 

Fernanda relata que a casa era muito movimentada, principalmente nos fins de semana. “As pessoas, às vezes, batiam na porta e acabavam entrando. Vinham e ficavam junto com a gente”, recordou.
Erico faleceu em 28 de novembro de 1975. Mas mesmo após a sua morte, sua presença permanecia marcada na memória dos familiares. “Eu tinha 10 anos quando ele faleceu. Mas a memória dele continua viva. Meu avô sempre foi uma presença muito forte na casa, mesmo depois de ter morrido”, afirmou Fernanda. 

Para a neta, restaram as lembranças afetivas e afetuosas do escritor. Entre as fotos da época, exibiu uma na qual o avô está cercado pelos netos e filhos, uma tradição que foi sendo repetida pelos familiares nos anos seguintes ao seu falecimento.

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Erico, na visão de Fernanda, era um homem sem grandes vaidades. “Por mais que ele soubesse o quão bom ele era, de fato, foi honesto quando dizia se não tinha certeza do que ia sobreviver. Mas sobreviveu”, disse. 

A neta, que está dedicada às homenagens de 120 anos do avô, destacou ainda a importância de eventos como a feira para redescobrir e valorizar ele e outros autores. “Está sendo uma delícia para mim e também uma redescoberta do meu avô. O importante é levar adiante o legado dele e o aprendizado que ele deixa para trás. Tem que manter viva a palavra dos autores. Não só do Erico, mas desses autores mais tradicionais. Se não fizermos isso, a obra acaba se apagando”.

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Talento expresso em desenhos e também na literatura infantil

Durante o bate-papo, Fernanda evidenciou o papel fundamental do avô como editor, sobretudo na Editora Globo, apresentando novos escritores e formando leitores. “Acho que esquecem do papel importante que o Erico também teve na história da edição no Brasil”, destacou Fernanda.
Verissimo igualmente foi autor de diversos livros infantis. Entre os trabalhos de sua autoria estão Os três porquinhos pobres, O urso com música na barriga (o favorito da neta) e A vida do elefante Basilio. “A literatura infantil foi um desses braços da editora que funcionou muito. Ele ainda escreveu um abecedário com uma tiragem total de mais de 27 mil exemplares, o que é uma quantia enorme. E é estranho: apesar dessa tiragem tão grande, hoje em dia esse é um livro raríssimo”.

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Além da escrita, Verissimo gostava de desenhar. Fazia caricaturas de si mesmo, com as sobrancelhas grossas. Elaborava também cartões ilustrados com anjinhos, que eram enviados aos amigos. 
Suas ilustrações estamparam manuscritos e algumas de suas obras. Fernanda ainda exibiu uma arte curiosa, esboços do último livro, que Erico não escreveu. Ele chegou a fazer estudos de personagem, inclusive de ilustração. “Mas esse acabou não indo adiante porque ele faleceu antes”, relatou.

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A dedicatória

A santa-cruzense Ivanise Saint-Pierre Baroni, de 74 anos, exibiu à neta de Verissimo um exemplar autografado de O Retrato. O encontro com o escritor ocorreu em 1967, na Feira do Livro de Porto Alegre. Ivanise e o pai, que incentivava a filha a ler, caminhavam pelas bancas da Praça da Alfândega quando se depararam com Erico. Pediram então uma assinatura no livro, que haviam acabado de comprar. Para a surpresa da leitora, o autor deixou uma dedicatória: “Para a Ivanise, com um abraço de Erico Verissimo.”

Recordação: Ivanise Saint-Pierre Baroni exibe a dedicatória do escritor no exemplar

Ivanise, que cresceu lendo as obras do escritor, exibiu a memorabilia para Fernanda. A neta de Verissimo contou que o próprio havia desenhado a ilustração da capa. “Fiquei feliz de conhecer a Fernanda. Larguei tudo que tinha para vir aqui conhecê-la”, afirmou.

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