Rádios ao vivo

Leia a Gazeta Digital

Publicidade

história

O belga que dirigiu Santa Cruz

Há mais de 160 anos, um engenheiro belga, Alphonse Mabilde, já naturalizado brasileiro, chegou a Santa Cruz, cuja fundação ocorrera há apenas 14 anos, para uma missão oficial a convite do governo da Província: ser o novo diretor geral dessa colônia alemã. Permaneceu na função, uma entre as tantas de enorme relevância que desempenhou no Rio Grande do Sul, até 1970, tempo suficiente para marcar em definitivo seu nome na história regional. Nascido na pequena Gante, em1806, teve uma vida aventuresca, produtiva e longeva, que se estendeu até 4 de dezembro de 1892, quando faleceu em São Leopoldo.

Agora, por ocasião das comemorações dos 147 anos de emancipação político-administrativa de Santa Cruz do Sul, neste domingo, 28, a trajetória de Mabilde ressurge como por encanto. Um livro de autoria de uma de suas tataranetas, a professora Karen Bruck, de Porto Alegre, reambienta seus feitos. Um belga no Brasil: Alphonse Mabilde entre colonos alemães e indígenas coroados foi lançado pela editora Lumina, em 254 páginas, e é comercializado a R$ 65,00, podendo ser encomendado pelo e-mail [email protected].

LEIA TAMBÉM: Canções em alemão despertam memórias durante evento no Coworking Cultural

Publicidade

As circunstâncias que levaram à elaboração da obra são, por si só, um enredo que se ajusta ao percurso algo romanesco do personagem central. Mais de um século após a morte de Mabilde, em 2023, uma caixa com o espólio de apontamentos, diários e documentos do belga chegou às mãos de Karen; haviam sido localizados na casa de um parente, na Serra Gaúcha.

Tão logo se deu conta da riqueza do material, empenhou-se em compartilhar esse legado com o grande público. E a tataraneta optou por fazê-lo dando voz, em primeira pessoa, ao próprio Mabilde, seguindo o rastro de seus inúmeros apontamentos e documentos. Intercala com “depoimentos” das duas esposas que teve. O resultado é um livro de leitura indispensável para todos que queiram dimensionar o ambiente da colonização alemã no Estado, o que contempla Santa Cruz.

LEIA TAMBÉM: Santa Cruz do Sul supera marca de 105 mil veículos e está entre as maiores taxas do Estado

Publicidade

Um curioso nato

A vida de Mabilde assemelha-se a um enredo de ficção. Aos 20 anos, com ideais republicanos, engajou-se no esforço para tornar a Bélgica livre em relação à Holanda. Quando o intento foi alcançado, instalou-se a Monarquia, e ele, diante do risco de ser preso, partiu para o mundo.

Desembarcou no Rio de Janeiro em maio de 1833. Logo foi para o Sul, a fim de, como engenheiro, atuar no porto de Rio Grande. Fugira de um rei para ficar a serviço de outro, D. Pedro II. Com a Revolução Farroupilha, mudou-se para Porto Alegre e ali casou, fixando-se na recém-criada colônia alemã de São Leopoldo. Ali começava o périplo por todo o interior do Estado.

LEIA TAMBÉM: “Quem sabe finalizamos aí”, diz Thiago Lacerda em entrevista sobre o filme “Porongos”

Publicidade

Almejando por mudanças e entediado com as discussões infindáveis da Assembleia Municipal de São Leopoldo, ao final de 1864, aceitei, com satisfação, a nomeação do Presidente da Província para assumir a função de Diretor Geral da Colônia de Santa Cruz, recebendo a remuneração de 1:000$0001 ao ano. (…)

Ali, haviam sido mandados os últimos colonos que receberam lotes demarcados em terras cedidas pelo Governo Imperial. Os imigrantes estabeleceram-se na Colônia Picada Velha, às margens da estrada de cima da serra, entre duas regiões de criação de gado: a campanha e o planalto. A colonização teve por objetivos, além do povoamento, abastecer de produtos agrícolas essas duas regiões e facilitar a comunicação e o comércio entre elas. (…)

LEIA MAIS: Vale do Rio Pardo pode sediar filmagens com a participação do ator Thiago Lacerda

Publicidade

Por ordem do Presidente da Província, me dediquei aos assuntos referentes à elaboração do plano para o estabelecimento de uma cidade em Linha Dona Josefa. Essa linha havia se originado em 1854, com a introdução de quatro famílias e quatro solteiros. Realizei levantamentos topográficos e medição de terras, abertura de picadas e traçado de estradas para essa localidade. Uma vez concluído esse trabalho, encaminhei carta à Assembleia Legislativa Provincial para que tomasse as devidas providências para a formalização do novo povoado, que demarquei com oito ruas e uma praça no centro e que passou a ser denominado Villa Thereza.

LEIA MAIS DE CULTURA E LAZER

QUER RECEBER NOTÍCIAS DE SANTA CRUZ DO SUL E REGIÃO NO SEU CELULAR? ENTRE NO NOSSO NOVO CANAL DO WHATSAPP CLICANDO AQUI 📲. AINDA NÃO É ASSINANTE GAZETA? CLIQUE AQUI E FAÇA AGORA!

Publicidade

Aviso de cookies

Nós utilizamos cookies e outras tecnologias semelhantes para melhorar sua experiência em nossos serviços, personalizar publicidade e recomendar conteúdos de seu interesse. Para saber mais, consulte a nossa Política de Privacidade.