Alguns números ilustram a dimensão do desafio: apenas 12% das rodovias brasileiras são pavimentadas; no Rio Grande do Sul, o índice cai para 10%, comparável ao de países pobres. Segundo a CNT, metade da malha viária nacional apresenta manutenção precária. No saneamento, somente após a privatização da Corsan o Estado começou a se afastar da incômoda marca de apenas 20% de esgoto tratado; atingirá o acesso universal até 2033.
Infraestrutura precária afeta a competitividade e os investimentos na economia. Energia, gás, portos, ferrovias, hidrovias e saneamento carecem de expansão e modernização. Superar esse atraso requer R$ 400 bilhões anuais nas próximas décadas, montante inviável apenas com orçamentos públicos, demandando ampliação da participação privada.
Apesar do cenário internacional adverso, marcado por pandemia, conflitos, tarifaço e transição energética, o País possui vantagens comparativas relevantes. Avança em energia renovável (eólica, solar, biomassa), mesmo com falhas de planejamento, em projetos de hidrogênio verde e em programas de saneamento e cidades inteligentes. Precisa ainda diversificar a matriz de transportes, reduzir emissões e acelerar a descarbonização industrial.
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Em 2025, os investimentos cresceram em setores estratégicos: saneamento (+41,7%, R$ 44,5 bilhões, dos quais R$ 29,8 bilhões privados), transportes (+17,7%, R$ 76,5 bilhões, com R$ 53,6 bilhões privados) e telecomunicações (estáveis em R$ 34 bilhões). Na energia elétrica houve retração de 3,4%, reflexo do desequilíbrio entre geração, demanda e redes de transmissão. O hiato de investimento permanece em 2,3% do PIB, insuficientes até para repor a depreciação dos ativos. Para se aproximar dos países concorrentes, o País precisa investir anualmente mais de 5% do PIB.
Segundo a ABDIB, há capital privado disponível, sobretudo via debêntures incentivadas, que somaram R$ 113,6 bilhões até setembro de 2025 (+18,2% frente a 2024). O entrave é o orçamento público: o Projeto de Lei Orçamentária federal de 2026 destina apenas R$ 52,9 bilhões ao novo PAC, reduzindo R$ 7,6 bilhões em relação a 2025.
No Rio Grande do Sul, todo o comovente esforço coletivo para reconstruir o Estado após os eventos climáticos extremos, apenas fará retornar o nível de infraestrutura ao patamar anterior à tragédia: é pouco.
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Para a OECD, ampliar investimentos requer uso eficiente de recursos públicos, mitigação de riscos regulatórios, atração de poupança de longo prazo e integração de critérios climáticos no planejamento.
A aceleração de concessões e PPPs bem estruturadas é a forma de romper o hiato de investimentos e consolidar um modelo de desenvolvimento robusto e sustentável, capaz de tirar o Brasil e o Rio Grande do Sul da armadilha da renda média.
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