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opinião

O desagradável peso da medicina

"Nos causa espanto as negativas do MEC para abertura de novos cursos em medicina", afirma Rafael Henn

Por Romeu Bertoia, médico cirurgião cardiovascular

Na última semana, uma médica foi ameaçada de morte aqui em Santa Cruz, simplesmente por não fornecer atestado de afastamento a uma paciente que não possuía limitações para trabalhar. Há 22 anos, diariamente me dedico a aliviar dores, melhorar a qualidade de vida, e promover o bem-estar dos meus pacientes. Sempre digo que nós médicos não salvamos vidas, mas sim, adiamos a morte.

Dentre os diversos lugares que trabalho, atendo em média 125 pessoas por semana, entre consultas, exames e cirurgias. Quem me conhece sabe, tenho ótimo relacionamento médico-paciente. Prezo muito pela confiança mútua com aqueles que confiam em mim as suas vidas. Sou transparente, bom de “papo”, gosto de criar um ambiente leve e descontraído, mas também sou firme e rígido quando preciso, e “puxo as orelhas” dos pacientes sutilmente sempre que necessário.

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E mesmo eu sendo assim, já passei por situações semelhantes a dessa colega do Hospital Santa Cruz. Recentemente, ao recomendar a perda de peso para uma paciente, por muito pouco não fui agredido fisicamente. Posso afirmar: sou delicado ao abordar esse tema. E não há como não fazê-lo. É dever nosso, goste o paciente ou não.

A honestidade é a base da relação médico-paciente. Como médicos, precisamos dizer o que o paciente precisa ouvir, e não o que ele gostaria de ouvir. Infelizmente o mundo está obcecado pela vitimização, e o “politicamente correto” muitas vezes distorce a realidade. Nesse caso específico, entendo o estigma social da obesidade. Existe uma pressão por corpos “perfeitos”, muitas vezes inatingíveis, o que afeta não só a saúde física, mas também a saúde mental das pessoas.

Mas a paciente me ameaçou, me ofendeu verbalmente, e na sala de espera já de saída, me difamou para outros pacientes. Eu não perdi meu sono. Fiz o que precisava ser feito: orientá-la a emagrecer; e depois do ocorrido, tomar as medidas legais para que ela não repita isso novamente seja com quem for. Ser médico no Brasil está cada dia mais difícil. Me solidarizo com a jovem médica plantonista que passou pela situação que relatei acima. Seja forte e resiliente.

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Não podemos perder a razão, a compostura, a ética, e ignorar a ciência. A obesidade e o sobrepeso são responsáveis por 5 milhões de mortes por ano em todo mundo, mas veja, esse texto não é sobre emagrecimento…

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