Este início de mês foi marcado por instabilidade climática. E, ultimamente, basta que a chuva atinja intensidade um pouco acima do normal, na faixa de 80 a 100 milímetros, e já ficamos apavorados. Que foi o que se verificou no começo da semana em virtude de tempestade que atingiu várias regiões, com ênfase em Porto Alegre. Ventos fortes e precipitação violenta provocaram, mais uma vez, graves transtornos, com queda de árvores, alagamentos, falta de energia e falta de água, deixando milhares de pessoas vulneráveis.
À medida que nos aproximamos do inverno, mais e mais iremos conviver com tais chuvaradas. Estamos na iminência de completar um ano desde a enchente do final de abril e de maio do ano passado, que motivou a perda de tantas vidas e acarretou prejuízos até hoje incalculáveis e difíceis de dimensionar. Na região, 11 meses depois, o cenário em algumas áreas pouco mudou, deixando nítidas as marcas da catástrofe natural.
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Ocorrências como as de Porto Alegre reavivam em todos o temor da repetição do drama. A quem acompanhou a repercussão das chuvas na capital pela imprensa não terá escapado o fato de que o discurso segue praticamente o mesmo, de tom evasivo, que marcou o enfrentamento da enchente em 2024. Desculpas, hipóteses, ideias vagas, planos empurrados para hipotético futuro. E nenhuma ação prática, efetiva.
Na região, não é diferente. Para restabelecer o fluxo pela principal rodovia foi necessário mais de um mês, somente para a implementação de desvios em pontos específicos, onde a água arrasara o pavimento. Praticamente um ano depois, a comunidade segue aguardando pela recomposição efetiva da pista. Ou seja, falta providenciar a reposição do aterro e do pavimento a fim de normalizar o tráfego naqueles trechos específicos, mesmo que se trate de dezenas ou centenas de metros.
A quem transita por tais desvios, nos quais o pavimento até já apresenta desníveis e buracos, não escapa um aspecto: essas vias alternativas estão situadas em nível bem abaixo em relação à altura do aterro sobre o qual está a pista da RSC-287. E isso em áreas historicamente propensas a alagamento. É temeroso que a sociedade regional permaneça apenas com essa solução, que era e é provisória, e isso um ano após a enchente. Bastará chuva um pouco mais intensa, que certamente virá ao longo dos meses do inverno, e talvez a água voltará a cobrir essa pista paliativa, com real probabilidade de, novamente, a população ter impedida sua circulação pela principal rodovia da área central gaúcha.
É imprescindível que os responsáveis atentem para esse fato.
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Diante de tudo o que se vivenciou em 2024, a cada nova previsão da meteorologia de que chuva se avizinha do Estado, a população gaúcha é acometida de temor. Nunca exagerado, a se levar em conta o cenário verificado em Porto Alegre ao longo desta semana. Que jamais precisemos de novo passar pelo pior.
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