Recentemente, causou polêmica e críticas a publicação pelo IBGE de um mapa-múndi invertido. Ou seja, mostra o Brasil como que no centro do mundo, sugerindo simbolismos geopolíticos e objetivos publicitários do governo.
Não à toa, o presidente do IBGE foi acusado de desvio institucional pelos seus técnicos e líderes sindicais. Basicamente, afirmaram que “os atos teriam violado três princípios constitucionais da administração pública, quais sejam: finalidade administrativa, uma vez que o IBGE tem como função produzir informação técnica e objetiva, e não material simbólico ou político; impessoalidade, por servir à sociedade e não a narrativas de governantes ou gestões; e moralidade administrativa, porque os recursos públicos devem ser usados com integridade e respeito à função estatal”. (Fonte: IstoÉ Dinheiro)
Em nota oficial, o IBGE afirmou o seguinte: “Esse lançamento integra uma série de ações estratégicas para a reflexão e o debate sobre a importância do Sul Global, em meio à crescente importância do Brasil no cenário internacional e às mudanças geopolíticas mundiais.”
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Esse episódio me fez lembrar (trabalhei na Assembleia Legislativa entre 1986 e 1998) que a ideia e a publicação do mapa-múndi invertido já ocorrera no governo Pedro Simon (1987–1990).
À época, a razão do feito guardava relação direta com uma ousada pretensão político-econômica: a ligação do Rio Grande do Sul com o porto de Antofagasta, no Chile. Chegara-se à conclusão de que a posição geográfica do Estado no Extremo Sul nos deixava fora do fluxo comercial com o mundo.
De modo que surgiu a ideia de fazer uma rodovia ligando o Sul brasileiro com o porto de Antofagasta. Consta que houve uma viagem de assessores para avaliar o possível trajeto. Porém, entre a vontade e a realidade estava a cordilheira dos Andes!
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Ironicamente, o que parecia “quixotesco” à época ainda hoje é motivo de debates e planos. Em 1990, na eleição para governador no Paraná, o tema voltou. Sem sucesso.
Recentemente, o governador paranaense Ratinho Júnior também defendeu a ligação do porto de Paranaguá ao porto de Antofagasta, por meio de um corredor rodoferroviário, do Oceano Atlântico para o Pacífico.
Concomitantemente, também o governo do Mato Grosso do Sul tem o mesmo plano, mas em modo bem mais adiantado e planejado, haja vista sua mobilização político-empresarial interna e com os países vizinhos.
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Em resumo, o persistente objetivo em comum é encurtar o caminho das exportações da produção agropecuária dos estados do Sul em direção aos mercados importadores, sobretudo asiáticos. Ousar e persistir!
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