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valesca de assis

O Natal é uma festa de amor

O QUE VEM AGORA é um tema recorrente em minha escrita. E o faço, agora, para duas homenagens: uma ao meu patrono na Academia, o imenso escritor Aldyr Garcia Schlee, que tinha uma avó em Santa Cruz e escreveu uma linda crônica sobre o Natal em nossa terra; outra, ao meu colega José Alberto Wenzel, notável e muito ativo ecologista: este é um texto que reciclo muitas vezes e, espero, sempre um pouco melhor.

Um dos maiores testes para uma Frau é preparar o Natal, tal e qual seus antepassados o faziam. Certo, ela não pode mudar o Natal brasileiro para junho ou julho, mas dará um jeito. Ou mil jeitos. Um mês antes, começa a preparar os Spekulatius, cheios de manteiga e nozes e cuja massa, mesmo depois de ficar uma noite na geladeira, teima em derreter-se sobre a mesa ao ser estendida para o corte das forminhas de anjos, pinheiros, sinos e papais-noéis.

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Depois, vem a questão da árvore, que deve ser verdadeira (agora não mais!) pois não há de ser ela a primeira a usar pinheirinhos falsos. Feito isso, é preciso tirar a poeira das bolas e enfeites – primeiro com um pano seco, depois com pano úmido e, por fim, com uma flanela limpa. Entre as tarefas, irá ondular os cabelos, pedindo “crespos bem miúdos” para durarem mais.

Na manhã do dia 24, cedo, levará o peru a assar. No forno a lenha, é claro! A farofa, vai preparar na hora da ceia, com muita manteiga, castanhas e passas. Recheará as tortas, cujas camadas preparou uns dias antes.

Assim que a noite cai, a Frau acende as velas do pinheiro e, então a família, de banho tomado e roupas novas, entoará cânticos natalinos, rezará pelos vivos e pelos mortos e, só então começam a abrir seus presentes. Ato contínuo, devorarão as iguarias, já com os olhos postos no relógio, pois a Missa do Galo não se pode perder.

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Olhando para dentro de si, a Frau há de suspirar, exausta. Mas o breve-quase-ai sucumbirá ante o preceito: nunca te queixes do dia que traz trabalho e fadiga; é tão bonito cuidar da gente que se ama!

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Reconheço-me nessas mulheres: sou uma delas e quis saber por quê. Perguntei aos livros, consultei diários d’aquém e d’além mar. E neles encontrei avozinhas a garimpar raízes, na neve, para dar de comer aos netos. Conheci a mulher que teve suas terras arrasadas pelas patas dos cavalos napoleônicos. E muito mais eu aprendi. Estive entre as mendigas do porto de Hamburgo, implorando por um pedaço de pão. Há, em cada uma de nós Frauen tão diligentes, fomes, frios e dores ancestrais ainda quentes.

Decididamente, o Natal é uma celebração do Amor!

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