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RICARDO DÜREN

O preço da fama

Esta foi uma daquelas semanas em que, com a rápida aproximação da sexta-feira, comecei a ficar tenso. O motivo é esta coluna. Os leitores pedem, insistem, que eu ocupe este espaço com relatos das traquinagens das crianças lá de casa, principalmente as da caçula, Ágatha. Mas não é toda semana que elas aprontam travessuras dignas de registro – o que, aliás, não deixa de ser um alívio…
E, ao cabo de uma semana estéril em termos de peraltices, sobre o que escrever?
A exemplo do que já fiz em outras ocasiões, resolvi apelar. Em tom displicente, como quem não quer nada, fui sondar a caçula:
– Então, Ágatha… Nenhuma novidade esta semana? Nenhuma história interessante?
Mas a resposta não foi nem um pouco simpática:
– Nada! E, mesmo que tivesse acontecido alguma coisa, não ia te contar!!!
Fiquei surpreso com o tom rude da traquinas, e quis saber o motivo de tanta revolta. E ela:
– Acha que eu não sei o motivo dessa pergunta? Sei muito bem que tu quer assunto pra tua coluna, pra todo mundo ficar sabendo o que aprontamos aqui em casa! Pois não vou te contar nada!

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A caçula então passou a relatar um incidente que, no entender dela, foi muito constrangedor. Relembrou de certa coluna de meses atrás, na qual escrevi sobre um piquenique realizado pela turma dela, da escola. Na ocasião, a diversão da garotada em uma área verde foi interrompida de forma abrupta por um temporal repentino, e a volta para o colégio, de ônibus, em meio ao vendaval, tornou-se uma aventura à parte. Particularmente, achei aquela história muito interessante e, pelo visto, não fui só eu.
– A prô achou aquela crônica o máximo – contou-me Ágatha. – Mas não sei por quê…
Revelou-me então que a profe, entusiasmada, decidiu ler o texto em plena sala de aula.
– Leu em voz alta, pai, para todos meus colegas. E a toda hora aparecia meu nome na crônica. Fiquei sem saber onde enfiar a cara…

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Não foi a primeira vez que a caçula aborreceu-se com minhas crônicas. Logo que esta coluna estreou, há quase dois anos, Ágatha veio me interpelar, balançando uma Gazeta diante dos meus olhos.
– Posso saber o que meu nome faz no jornal???
Pego de surpresa naquela ocasião, resolvi bancar o tolo.
– Teu nome no jornal?
– Sim, pai. Olha aqui, bem grande, no título. E tem uma foto tua também. Então, já sei até quem escreveu. Não adianta negar…
E ameaçou escrever sobre mim também, e mandar para a Gazeta publicar.

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A ameaça não me intimidou e os causos da Ágatha acabaram tornando-se o atrativo principal dessa página, a ponto de eu ser repreendido pelos leitores nas raras ocasiões em que abordei outros assuntos ou quando me perdi em divagações filosóficas.
Inclusive, para minha grata surpresa, já houve leitores que me interpelaram para dizer que, aos sábados, a primeira coisa que fazem é ler esta coluna, para conferir as últimas peripécias da Ágatha e dos irmãos. Juro, é verdade, tenho testemunhas. Relataram-me que só depois de terem lido minha crônica é que partem para os assuntos de política da coluna Tribuna (engole essa, Pedro) ou mesmo para as notícias de Polícia (toma!, Cristiano).
Mas e agora? O que fazer ante a revolta da caçula diante da publicação de suas histórias, da fama que adquiriu contra a própria vontade? Ágatha está crescendo – em setembro completará 10 anos – e a tendência é que, com a chegada da pré-adolescência, acabe ficando cada vez mais constrangida com esses textos.
Até lá, preciso pensar em uma solução.

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