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Santa Cruz do Sul

O que é fato e o que é boato no caso do motorista da van

Com um mandado de prisão temporária em mãos, policiais da Delegacia de Proteção à Criança e ao Adolescente (DPCA) de Santa Cruz do Sul prenderam na última segunda-feira um homem que, até então, tinha a confiança de dezenas de famílias para fazer o transporte diário de estudantes. Ao receber voz de prisão por suposto abuso sexual de duas crianças e um adulto com deficiência, o investigado não esboçou reação. Foi ouvido e levado para o Presídio Regional.

Embora esteja sob segredo de Justiça e os policiais envolvidos na investigação mantenham total discrição, em menos de 24 horas o caso virou assunto na cidade. Informações de toda ordem começaram a ser compartilhadas nas redes sociais e em grupos de WhatsApp. O Portal Gaz preparou então uma sequência de perguntas e respostas para esclarecer o que é fato e o que é boato nessa história.

1. O motorista da van escolar foi preso em flagrante?

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Não. Após receber denúncias, a DPCA começou a investigar o caso. Ao concluir que tinha elementos suficientes para pedir a prisão cautelar, entrou na Justiça com pedido de temporária, que é de cinco dias, prorrogáveis por mais cinco.

2. Isso quer dizer que o suspeito será solto no meio da semana?

Não necessariamente. Isso vai depender do andamento e das conclusões da investigação realizada pela DPCA. Se a polícia concluir que tudo não passou de uma confusão, o motorista será solto. Mas se houver mais elementos contra ele (o que é mais provável, tanto que a prisão temporária foi renovada), a tendência é que haja um pedido de prisão preventiva, que dura mais tempo. É o que geralmente acontece com investigados por crimes sexuais.

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3. A investigação começou pelo Colégio Mauá?

A DPCA ainda não deu detalhes. Mas o diretor Nestor Raschen veio a público manifestar que “o colégio não tem absolutamente nada a ver”. Segundo ele, não passa de boato a informação de que a psicóloga do colégio teve participação na investigação. “Tomamos conhecimento através da polícia”, esclarece. O diretor disse ainda que “nada do que está sendo investigado partiu da nossa instituição, nada disso aconteceu na nossa instituição” e criticou a boataria espalhada por “pessoas de alta irresponsabilidade”.

4. O motorista da van já é considerado culpado?

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Não. No momento ele é apenas suspeito, investigado. Foi preso temporariamente para garantir o bom andamento das investigações e, também, para evitar que o possível crime de abuso sexual continuasse sendo cometido contra pessoas sem qualquer chance de defesa.

5. Ele admitiu a autoria dos crimes?

Não se sabe. O inquérito policial segue em segredo de Justiça e, por conta disso, a delegada Lisandra de Castro de Carvalho não pode divulgar detalhes. Ela informa que quando concluir o inquérito, ao longo da semana, convocará uma entrevista coletiva para dar um balanço sobre o caso.

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6. O número de possíveis vítimas do motorista vem crescendo?

Sim. Inicialmente a DPCA trabalhava com três possíveis vítimas, sendo duas crianças e um adulto com deficiência. Mas à medida que o caso virou assunto na cidade, outros pais procuraram a polícia porque também suspeitavam que as crianças tivessem sofrido algum tipo de abuso. A delegada não dá números exatos, mas confirma que sim, outras possíveis vítimas foram identificadas e estão sendo ouvidas.

7. O suspeito teria agido sozinho ou contado com a ajuda de alguém?

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Não se sabe. O inquérito policial segue em segredo de Justiça e, por conta disso, a delegada não pode divulgar detalhes. Mas o fato de ter havido somente uma prisão já sinaliza que as suspeitas recaem somente sobre o motorista.

8. O caso foi denunciado por uma mãe que estava devendo o pagamento do serviço da van?

A polícia descarta que trata-se de um caso de vingança ou retaliação de qualquer ordem, ainda mais que tenha partido de pais que estariam devendo e fariam tal denúncia para não pagar pelos serviços. Tanto que o pedido de prisão foi autorizado pela Justiça e a investigação está evoluindo. Outros pais procuraram a polícia para denunciar o mesmo homem.

9. A polícia não divulga o nome do preso e nem divulga mais detalhes porque não tem certeza de que os crimes foram cometidos?

Não. A polícia evita fazer qualquer comentário sobre a investigação primeiro porque o inquérito corre em segredo de Justiça. Isso é normal quando se investiga crimes contra a dignidade sexual e crimes contra menores de 18 anos. E, segundo, porque dependendo do que for divulgado, pode atrapalhar o andamento dos trabalhos.

10. A Gazeta preserva a identidade do preso porque está recebendo dinheiro da família dele para isso?

Não. Os veículos da Gazeta Grupo de Comunicações não divulgam o nome, a foto e nenhum outro detalhe relacionado ao preso por vários motivos: 1) o inquérito corre em segredo de Justiça; 2) o caso envolve menores de 18 anos, que são protegidos pelo Estatuto da Criança e do Adolescente; 3) o ECA veda a exposição, direta ou indireta, de menores de idade em situação de vulnerabilidade; 4) nas escolas é normal saber quem anda com qual van, ou seja, se a Gazeta divulgar a identidade do preso, estará expondo tanto as possíveis vítimas quanto as crianças que não foram vítimas; 5) o manual interno de conduta da Gazeta proíbe a divulgação da identidade de pessoas presas temporariamente. Só divulgamos nome e foto de presos em flagrante, preventivamente ou por condenação judicial.

11. A Gazeta está divulgando o caso porque quer vender mais jornal ou então porque a família do preso não tem dinheiro para comprar o “silêncio” da imprensa?

Nem um, nem outro. No mesmo dia da prisão a Gazeta já tinha conhecimento do caso e acesso a detalhes da investigação, mas não divulgou absolutamente nada a pedido da polícia e, também, para preservar os envolvidos e suas famílias. A primeira notícia sobre o assunto saiu no fim da manhã de quarta-feira (48 horas após a prisão, portanto) na Rádio Gazeta AM e no Portal Gaz depois que a delegada falou publicamente sobre o caso pela primeira vez. Os valores éticos, a responsabilidade e o compromisso social da Gazeta estão acima de valores financeiros obtidos com a venda de jornais ou de acessos no site. Tanto que os veículos da Gazeta seguirão mantendo em sigilo o nome do preso e seguirão fazendo uma cobertura séria, divulgando somente informações checadas junto às autoridades e procurando sempre orientar os pais para evitar que casos semelhantes se repitam.

12. O preso foi agredido dentro do Presídio Regional de Santa Cruz do Sul?

Sim. A informação começou a circular no fim da tarde de quinta-feira e foi confirmada na manhã de sexta pelo diretor do presídio, Aledison Correia Picolini. Segundo ele, desde segunda-feira o suspeito estava em uma cela na companhia de outros 16 homens (também presos por crimes sexuais). Um vídeo chegou a ser gravado pelos presos enquanto o motorista da van era agredido. Depois disso ele foi levado para registrar o caso na Polícia Civil, submetido a exame de corpo de delito e realocado em outra cela, onde permanece isolado dos demais.

13. O motorista da van será levado para outro presídio?

É possível que sim. A direção do Presídio Regional encaminhou à Justiça na tarde de sexta-feira o pedido de transferência, mas até o início da noite não havia resposta. Neste sábado o presídio não informou se o preso foi ou não levado para outra cadeia. Como o inquérito deve ser concluído no meio da semana, a tendência é que o homem seja mantido em Santa Cruz, mas em isolamento.

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