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CONVERSA SENTADA

Pandemia e renúncias

Certo dia li, no caderno de turismo de um jornal, uma reportagem que me chamou atenção. Estava sendo inaugurada uma linha aérea que saía de Porto Alegre até a Ilha do Sal, na costa africana. Olhei melhor no Google e lá estava um paraíso quente, com belos hotéis e praias. Adoro quando não preciso fazer escalas. A ilha fora uma possessão portuguesa e era de lá a falecida cantora Cesária Évora, cujas canções aprecio muito. Seria um bate e volta de uma semana. Quando nos aprontávamos para comprar as passagens, lemos que na China havia um “andaço” de uma doença. Pensei: tudo que nos faltava era ficarmos trancados na Ilha sem poder voltar. Decidimos esperar um pouco e… bingo, já falavam em pandemia. Achamos melhor aguardar e cancelamos nosso projeto.

Gosto muito do Rio de Janeiro. Há muito tempo pensávamos em comprar um pequeno apartamento no Leblon, perto do Ritz Hotel. Minha mulher e eu marcamos passagens para sete dias, tempo suficiente para escolher bem calmamente um ninho para passarmos os invernos. Avolumavam-se as notícias sobre o tal “bichinho chinês”.
Achamos, depois de olhar vários apartamentos, um que nos agradou. Mobiliado, bem localizado. A TV noticiava que o vírus Covid-19 já ingressara em terras brasileiras.

Decidimos suspender também esse projeto.

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Eu tinha combinado com o meu amigo Flávio Haas que em duas semanas iria participar novamente do tênis sábado pela manhã, no “Trem das 11”. Levaria para o churrasco um balaio de “prime ribs” de gado Angus. Dias depois veio a notícia: tinha piorado a pandemia. Cancelado o churrasco.

Dias após, estava eu na frente do Supermercado Avenida em Xangri-Lá e havia uma fila do lado de fora. Dois metros à minha frente estava uma senhora com máscara. Comentei com um amigo ao meu lado que isso era um exagero. A jovem senhora nos olhou, se identificou como médica, e nos alertou que a situação era grave.

Daí em diante foi quase tudo fechado. Os clubes de esportes desativados. Proibido caminhar na orla, etc.

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Somos criaturas que acabam se conformando. Anos atrás, num voo, perguntei a um conhecido, que tinha cumprido alguns anos de reclusão por homicídio, se ele não se desesperara por ser obrigado a se privar de tanta coisa. Disse-me que no começo pensava até em se matar. Mas com o tempo se resignara.

Se nos comportarmos, quem sabe poderemos voltar ao que fazíamos antes. O “start” vai ser dado pelos especialistas. Agora é a variante Delta que espreita.

Não podemos morrer na praia.

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(Maravilhoso o artigo da professora Lourdes Hübler na Gazeta)

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