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PRAGA, REPÚBLICA TCHECA

Pelo mundo: A cidade das cem torres

As pontes sobre o mítico Rio Vltava conectam os principais bairros da capital tcheca | Fotos: Acervo pessoal de Aidir Parizzi Júnior

A cortina de ferro havia apenas caído quando estive em Praga pela primeira vez. Meu passaporte estampava um visto da Tchecoslováquia, país que se dividiu pacificamente entre duas nações irmãs em 1992. O encantamento foi imediato. Três décadas depois, apesar do número crescente de turistas, ainda é possível se afastar dos pontos turísticos mais populares e ficar isolado em estreitas ruas medievais, sob a sombra ameaçadora de igrejas e torres seculares.

Um dos locais que me marcou nos anos 90 foi a Igreja de Nossa Senhora Vitoriosa, famosa por uma pequena estátua, considerada milagrosa, do menino Jesus. Em tempos em que não havia ferramentas digitais de busca, fotografei a placa com o nome da Rua Karmelitska, alimentando o sonho de um dia trazer minha mãe, devota do Menino Jesus de Praga. Felizmente, o desejo se realizou quando, duas décadas depois, levei meus pais à capital tcheca.

Castelo de Praga e a imponente Catedral de São Vito, nos altos de Praga

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Na mesma margem do rio, o Castelo de Praga é a sede do governo da Boêmia por mais de um milênio (Boêmia e Morávia-Silésia são as regiões que formam a República Tcheca). Os muros do castelo encerram um conjunto arquitetônico e histórico único de palácios, jardins e igrejas. No centro da fortificação, a colossal Catedral de São Vito reina imponente, cuja construção gótica começou há 680 anos e só foi concluída em 1929.

Ao lado do altar-mor, brilha a tumba prateada de São João Nepomuceno (1345-1393). Da cripta real, no subsolo, até o topo da Grande Torre Sul, de onde se tem a melhor vista da cidade, o templo católico por si só justifica a visita a Praga. Ao lado do castelo, uma viela chamada Rua Dourada foi endereço tradicional de alquimistas. A casa de número 22 na mesma rua foi uma das residências de Franz Kafka, que teve seu 99º aniversário de morte no último sábado, 3 de junho.

Na margem leste do Vltava, em frente ao Museu Nacional, São Venceslau (907-935) está eternizado em uma estátua equestre, na praça que leva seu nome. Mais que uma praça, é uma alameda que foi palco de um século de turbulência e triunfo. De seu pedestal, o antigo monarca e patrono do país testemunhou cinco revoluções: a declaração da nova Tchecoslováquia, com a dissolução do império austro-húngaro, em 1918; a invasão das tropas de Hitler, em 1939; a chegada dos tanques soviéticos, em 1968, conhecida como Primavera de Praga; e, em 1989, a Revolução de Veludo, onda de protestos que levou ao colapso do comunismo e restaurou a democracia na antiga Tchecoslováquia.

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Pequena estátua de cera que gerou a devoção ao Menino Jesus de Praga

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Josefov, o antigo distrito judeu, é outra atração imperdível. Em 1180, os cidadãos de Praga resolveram isolar seus cidadãos, construindo um muro de 4 metros de altura em torno do bairro. O local permaneceu povoado até a invasão de Hitler, quando a população hebraica foi enviada aos campos de extermínio nazistas. A ideia de Hitler de criar um “Museu de Uma Raça Extinta” acabou, ironicamente, preservando os cemitérios e as sinagogas de Josefov. O Antigo Cemitério Judeu é o local mais visitado, com mais de 20 mil tumbas dispostas em 12 camadas que vieram à superfície com o tempo. O túmulo de Kafka fica no Novo Cemitério Judeu, nos subúrbios da cidade.

Eu não poderia deixar de citar a cerveja tcheca, com mais de mil anos de história e saboreada nos animados restaurantes e bares da capital. O estilo pilsener, a primeira cerveja clara (lager), surgiu na cidade de Plzen, na Boêmia, onde uma das antigas marcas, a Pilsner Urquell, segue sendo produzida. A vasta maioria das cervejas feitas no mundo tem inspiração tcheca. Outra cidade da região, Ceske Budovice, dá o nome à original Budweiser Budvar.

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Praça Venceslau, com a estátua do monarca e santo padroeiro do país

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Além de bela e carregada de história, a República Tcheca é um país desenvolvido e próspero, e nada disso veio por acaso. Trabalho com equipes e empresas do país há mais de duas décadas e constatei que o profissionalismo, entusiasmo e talento que encontro ali resultam de investimento e compromisso com educação de qualidade, colocando a nação de 10,5 milhões de habitantes entre as dez melhores no índice educacional da ONU. Todos os cidadãos têm acesso à universidade gratuita em instituições altamente respeitadas, como a Universidade Carolina, fundada em 1348.

Pode parecer óbvio, mas vale repetir que um país que economiza em educação retroalimenta a visão obtusa, devastadora e, em muitos casos, interesseira, de que há prioridades mais urgentes do que a formação e o caráter de seus cidadãos.

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