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RICARDO DÜREN

Peraltices da Yasmin

Os leitores desta coluna já estão bastante habituados com meus relatos acerca das traquinagens da nossa caçula, Ágatha, mas raras vezes tenho abordado aqui as peraltices da irmã um ano mais velha que ela, a Yasmin. Diferente da Ágatha, que costuma lançar suas tiradas por impulso, no calor do momento, Yasmin planeja cuidadosamente suas artimanhas, agindo com paciência e de forma extremamente metódica.

Dias atrás, por exemplo, passou boa parte da tarde às voltas com o preparo de uma meleca à base de farinha, corante comestível e água, sob pretexto de estar testando uma nova fórmula de massinha de modelar. Suas verdadeiras intenções só foram reveladas ao cair da noite, quando a mais velha das três gurias, a Isadora, foi para o banho. Aproveitando-se do momento, Yasmin inseriu aquela meleca no interior de um dos sapatos crock que a irmã costuma usar em casa. Depois, afastou-se e, ouvidos atentos, ficou só esperando a reação da outra.
Ocorre que a Isadora, quando colocou o sapato, imaginou tratar-se de outra coisa. E ficou em pânico.
– Meu Deus do céu! Mãeeeeeee… o Choquito fez cocô dentro do meu crock! O que deu nesse cachorro?
E correu de volta para o chuveiro, enquanto a Yasmin, escondida ali perto, dobrava-se de tanto rir.


Em outra ocasião, Yasmin, tento esvaziado aos goles uma caixinha de Todynho, pôs em curso nova peraltice. Com precisão cirúrgica, ajustou a torneira da cozinha para que deixasse escapar um mísero filete de água e, munida de uma dose generosa de paciência, conseguiu fazer com que a água penetrasse na caixinha pelo buraco do canudo. Uma vez com a caixinha cheia de água, reposicionou o canudo e guardou o artefato em local bem acessível, dentro da geladeira. E então, só esperou.

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A vítima, desta vez, acabou sendo a Ágatha.

Eventualmente, até nós, os pais, somos alvos das traquinagens. Certa feita, ao perceber que a Patrícia procurava um grampo para lacrar a abertura de um pacote de biscoitos, Yasmin alcançou-lhe um prendedor de roupas.

– Tenta com isso, mãe.

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E explodiu em risos enquanto a Patrícia tentava abrir a boca do prendedor – que a marota havia colado.


Em algumas ocasiões, Yasmin pede reforço às irmãs para levar a cabo pegadinhas ainda mais elaboradas. Houve um dia em que as três passaram horas criando um estranho artefato – outra imitação de cocô – com papel triturado, água e tinta têmpera. Após deixá-lo secar ao sol, depositaram o asqueroso objeto justamente sobre nossa cama.

Fui o primeiro a percebê-lo e, novamente, a culpa recaiu sobre o Choquito.

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– Minha nossa… o que diabos deu nesse cachorro?

Para piorar, meu fiasco foi gravado por um celular, escondido pelas três em uma cômoda do quarto.


Mas não pense o leitor que a Yasmin seria uma criança malvada. Pelo contrário. Ela tem um coração gigante, é prestimosa e sempre disposta a ajudar. Uma de suas criações, nestes tempos de pandemia e incerteza, foram bilhetinhos com palavras de incentivo (“Você consegue!”, “Você é D+!”, “Você é muito inteligente!”), que esconde em lugares estratégicos da casa: atrás das portas, sobre os assentos das cadeiras, nos roupeiros e até na geladeira.

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Quando percebe alguma das irmãs ou o irmão mais velho preocupados por conta de uma prova da escola, logo trata de fazer seus bilhetinhos e os esconde onde sabe que serão encontrados por quem precisa de um incentivo.

Estes dias, eu mesmo andava meio soturno, angustiado com minhas coisas de adulto – compromissos, prazos, contas a pagar em meio à alta dos preços… Para afastar a ansiedade, decidi atacar uma banana da fruteira e nem percebi que havia um pequeno orifício na fruta. Quando a descasquei, pronto para abocanhá-la, deparei-me com um minúsculo bilhete, cuidadosamente dobrado e inserido dentro da casca.

Em uma microcaligrafia, o bilhetinho me avisava: “Vai dar tudo certo.”

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