Poucas vezes uma homenagem fará tamanha justiça a uma condição pessoal do que a que receberá o professor Elenor José Schneider na 35ª Feira do Livro e na 1ª Festa Literária Internacional de Santa Cruz do Sul: como personalidade incentivadora da leitura. Se tem uma definição que se assenta à perfeição a sua atuação é a de mestre leitor. Mestre que ensina pelo gesto, pela atitude, pelo exemplo.
Aos 76 anos, natural da localidade de Boa Esperança, no interior de Cruzeiro do Sul, Schneider mora em Santa Cruz desde o final da década de 1960. Como professor das áreas de Língua Portuguesa e Literatura, em todos os níveis de ensino, até a sua aposentadoria como pró-reitor de Graduação na Unisc, transmitiu a milhares de estudantes o entusiasmo e o gosto pela leitura. De todos os tipos de texto, de todos os gêneros.
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Nada mais natural, portanto, que muitos desses alunos prestigiem atividades das quais o professor participará, na Praça Getúlio Vargas. E, por sinal, feiras do livro, bem como bibliotecas, são ambientes nos quais Elenor se movimenta com muita naturalidade. Ele próprio foi responsável direto por iniciativas do gênero, algumas bastante longevas. E, claro, é íntimo de centenas de escritores referenciais. Nos últimos anos, Schneider tem compartilhado reflexões em uma coluna quinzenal, às segundas-feiras, que assina na Gazeta do Sul.
Pingue-pongue literário com Elenor José Schneider
- Primeiro livro de que tem memória de ter lido?
- Guardo na memória os primeiros livros lidos com paixão, que foram os de Karl May, com seus romances situados no Velho Oeste americano, especialmente Winnetou, Percorrendo as cordilheiras, Através do deserto, e outros.
- Qual livro que citaria como o mais importante de todos que leu?
- São tantos, no entanto Crime e castigo, de Fiódor Dostoiévski, me marcou para sempre. Incluo também Ana Karênina, de Leon Tolstoi.
- Qual o personagem mais marcante entre todos que leu?
- Bem difícil esta pergunta, porque são muitos. Mas, para não deixar de responder, vou dizer que é Biela, uma moça tão humilde e ingênua que só falta pedir para sumir do mundo. Está numa pequena novela de Autran Dourado, intitulada Uma vida em segredo. Há personagens que marcam e que ficam, assim como Fabiano e Sinhá Vitória de Vidas secas, de Graciliano Ramos.
- O que está lendo neste momento?
- Gosto muito de livros que tratam de viagens. Estou lendo de Auguste Saint-Hilaire, Viagem à Província de Goiás. Há pouco li Cecilia, Antonio e eu, da Rosane Tremea.
- Um autor e uma autora nacionais de sua predileção?
- Já que tenho que escolher, vou de Guimarães Rosa e Letícia Wierzchowski.
- Um autor e uma autora internacionais de sua predileção?
- Vou com Mia Couto e Julia Alvarez.
- Qual seu gênero literário preferido?
- Leio poesia, crônica, ensaio, mas, sem dúvida, meus preferidos são os romances.
- Qual livro mais vezes releu e por quê?
- Talvez seja Memórias póstumas de Brás Cubas, de Machado de Assis. Por razões profissionais e muito porque penso traduzir a essência das grandes qualidades do autor.
- Que livro gostaria de ter escrito, de que gostaria de ser o autor?
- Sei que é meio atrevimento, mas As vinhas da ira, de John Steinbeck, me cairia bem.
- Quantos livros tens na biblioteca pessoal?
- Aproximadamente três mil. Poucos, se comparados ao que têm Romar Beling e Mauro Klafke.
- Qual o próximo livro que deseja adquirir?
- Ouço muito falar de Édouard Louis. Não li nada dele e vou ver se encontro na feira.
- Sobre qual tema gostaria de escrever um livro, mas ainda não o fez?
- Sempre pensei que poderia ter escrito um livro sobre meu trabalho como professor, meus métodos de ensino, minha pedagogia, que tanto era apreciada pelos alunos. Ensinar, para mim, era um exercício de responsabilidade, mas também um grande momento de realização pessoal. Fui feliz como professor e caberia falar por quê.
- Qual a maior emoção pessoal em relação à leitura de um livro?
- Um dos sentimentos que mais me marcam na leitura de livros é a compaixão. Recentemente li Um defeito de cor, de Ana Maria Gonçalves. Incluo Torto arado, de Itamar Vieira Júnior; Vidas secas, de Graciliano Ramos; O avesso da pele, de Jeferson Tenório… Essa lista não tem fim.
- Já leu livros em outras línguas? Quais?
- Não muitos. O mais recente foi L’Étranger, de Albert Camus, no original em francês. Leio razoavelmente bem o francês, o italiano e o inglês. Tenho dificuldade de ler textos em minha língua materna, a que aprendi com minha mãe, o alemão. Li, em espanhol, Cuentos completos, de Julio Cortázar, e vários outros.
- Que livro pretende adquirir durante a Feira do Livro?
- Ainda não defini. Vou visitar as bancas, vasculhar os balaios (que sempre oferecem relíquias), trocar ideias com as pessoas e ouvir suas sugestões. A propósito, muitos dos livros que li foram sugestão de amigos leitores.
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