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FAIXA ETÁRIA

População idosa descobriu um novo jeito de viver a maturidade

Turma da Maturidade Ativa de Santa Cruz

O censo realizado pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) mostra que a idade média dos brasileiros avançou. Mudou de 29, em 2010, para 35. Isso significa que o número de pessoas idosas tem ampliado a representatividade no mapa etário. E serve de alerta para os gestores públicos criarem mecanismos para tornar produtivo e com qualidade esse tempo de vida a mais. Aquela ideia da avó sentada na varanda fazendo tricô para os netos ou do avô na praça a jogar dominó já não existe.

As pessoas com mais idade estão nas ruas e precisam ter estrutura de acessibilidade; acessam ferramentas virtuais, o que as torna suscetíveis aos golpes; e também passaram a ocupar espaços que eram ponto de referência de jovens, como academias, eventos e as baladas.

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Em Santa Cruz do Sul, representam 13,5%. Está um pouco abaixo da média do Rio Grande do Sul, que chega a 14,07%, mas já serve de motivação para programas especiais. A iniciativa privada também tem exemplos bem-sucedidos de ações voltadas a esse público, que assume papel mais ativo na economia local.

Dona Sirlei Silva, de 80 anos, que pede para não chamar de “Dona”, usando apenas Sirlei, não imaginava, em sua juventude, chegar a oito décadas. Mais do que isso. Nunca passou pela sua cabeça que seria uma octogenária hiperativa, que tem agenda cheia com atividades como dança e a participação em eventos esportivos de corrida. “Agora estou só caminhando, mas vou sempre com o grupo para fazer o trajeto”, frisa.

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Orgulhosa dos 40 anos atuando em casas de famílias, como doméstica, a moradora do Loteamento Viver Bem fala com alegria sobre a manutenção das flores, que enfeitam seu terreno, e de interagir com os amigos em programas como o Maturidade Ativa do Sesc. Há 18 anos está entre os participantes e viu o incentivo à prática de exercícios físicos auxiliar no controle de diabetes.

Sirlei diz ser a primeira da família a chegar aos 80 anos. Casos como o dela têm se tornado mais comuns. Pelo menos isso é o que aponta o censo realizado pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE). A idade média no País aumentou de 29 anos em 2010 para 35 em 2023. Além disso, o número de pessoas dentro da considerada maturidade (acima dos 65 anos) tem aumentado. Hoje, representam 14,07% dos habitantes do Rio Grande do Sul. O Estado é o que tem o menor percentual de crianças e municípios com maior longevidade.

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No Vale do Rio Pardo, há casos como General Câmara, em que a população acima dos 65 anos representa 19,16%. Santa Cruz do Sul fica um pouco abaixo da média gaúcha, com 13,5%. Ainda assim, o poder público tem realizado ações voltadas a gerar melhor qualidade de vida, em diferentes segmentos, possibilitando maior integração social e menor necessidade da busca por medicações.

Eles estão mais presentes, circulam de forma mais efetiva, fazem compras e têm ampliado a participação em programas oportunizados pelo Cadastro Único do governo federal. Já são, somente entre os santa-cruzenses, quase 2,5 mil responsáveis pela economia familiar. Conquistaram garantias como espaços para estacionamento, cartões de benefícios, estrutura de ensino e de saúde e esportivas focadas na faixa etária. Estão, ao mesmo tempo em que acumulam vantagens, vulneráveis aos golpes cibernéticos, o que demanda ações focadas nessa área. Diante de tudo isso, maturidade virou sinônimo de vida ativa e com foco na integração e bem-estar.

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Projeto supre o ritmo das atividades profissionais

Há 20 anos, o Sesc mantém o programa Maturidade Ativa, que recebe pessoas a partir dos 50 anos com atividades como oficinas de culinária, tecnologia do celular, memória, artesanato, além de palestras e ações intergeracionais, proporcionando, segundo a coordenadora Lisiane Camargo, o protagonismo do idoso, projetos sociais, jogos, entre outros. “A nossa metodologia se diferencia por englobar as mais distintas atividades e áreas, proporcionando assim o bem-estar integral do idoso. Realizamos passeios também, participamos de encontros de integrações e convenções em diversos locais com outros grupos do Rio Grande do Sul”, diz. Ela divide a função de facilitadora com a colega Mariele Heck.

A maior parte dos que procuram o Maturidade Ativa, conta Lisiane, buscam fazer amizade e sair muitas vezes de situações delicadas como a depressão. O casal Alceu Luiz da Silva, 68 anos, e Maria Soares da Silva, de 65, é um exemplo de quem transformou a participação no programa em uma forma de suprir a lacuna deixada pelas atividades profissionais. “Podemos dizer que foi suprida com muita eficácia, alegrias e satisfação, e contribuiu em muito na nossa qualidade de vida”, afirma Alceu.

Alceu e Maria convidam os amigos a participar

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Ele recorda que ambos tinham muito contato com pessoas em suas atividades profissionais e, com a aposentadoria, sentiram a necessidade de encontrar algo que suprisse isso. “Amigos que já frequentavam e elogiavam bastante o Maturidade Ativa do Sesc nos convidaram a conhecer e participar. Fomos junto, conhecemos, gostamos e agora somos assíduos.”

Esse mesmo incentivo que receberam fazem questão de passar para outros. “Temos muito orgulho e satisfação em vestir a camiseta da Maturidade Ativa, pois representa a incursão numa fase muito importante nas nossas vidas”, resume. Quem tiver interesse deve procurar o Sesc e fazer o cadastro. Para este ano, frisa Lisiane, não há como adicionar participantes, mas devem ser abertas vagas para 2024. Os encontros são semanais, às quartas-feiras de tarde, e é possível optar por participar de oficinas nos demais dias da semana.

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Ações orientam sobre golpes e garantem acessos

A Prefeitura de Santa Cruz tem dedicado atenção, por meio da Secretaria de Segurança e Mobilidade Urbana, a orientar idosos sobre golpes. No próximo ano deve intensificar campanhas alertando sobre os golpes telefônicos e, principalmente, o do “bilhete premiado”.

Além disso, a pasta atua para a garantia da acessibilidade de idosos, em especial no Centro. São 55 vagas de estacionamento para esse público na zona azul. O benefício pode ser utilizado por aqueles que têm o cartão do idoso. Em outubro somavam 570 pessoas. O documento pode ser feito diretamente na secretaria, na Rua Coronel Oscar Jost, 333, ou pelo WhatsApp (51) 98967 5168. É necessário documento com foto e comprovante de residência.

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Uma iniciativa do Município auxilia o público idoso a lidar melhor com dispositivos eletrônicos. A Oficina de Tecnologias Digitais é ofertada de forma gratuita, no Centro de Referência do Idoso. O propósito é esclarecer o público com relação ao uso de internet, redes sociais e aplicativos, como os de mensagens, e quanto à própria utilização do celular.

Oficinas facilitam o manuseio dos atuais recursos tecnológicos

A busca da saúde preventiva

Muitas ações desenvolvidas na iniciativa privada e no poder público fazem com que as pessoas cheguem à idade mais avançada com maior qualidade de vida. Ainda assim, setores como a Secretaria da Saúde criam mecanismos para atender de forma diferenciada esse público. Os atendimentos médicos, que não são de emergência, são realizados nos postos. Há também casos de oficinas como atividade física, nutricionista, Lian Gong, terapia ocupacional, psicóloga e assistente social que são oferecidos no Centro de Referência do Idoso.

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Assim como esse espaço, o programa Maturidade Esportiva, os Centros de Referência da Assistência Social (Cras) Beatriz Jungblut e Bom Jesus prestam serviços de saúde preventiva. Um exemplo nesse sentido é a busca por imunização que esse público costuma realizar. Conforme dados da Secretaria da Saúde, são os que mais procuram a imunização contra doenças sazonais, como a influenza, embora sejam o primeiro grupo com acesso a campanhas contra influenza e Covid-19.

Tal situação pode refletir em maior procura. O que chama atenção é que neste ano a procura foi baixa, quando comparado com outros anos, com relação à vacina contra influenza. Quanto à vacina contra Covid-19, é considerada ótima para as doses 1 e 2, mas a dose bivalente apresentou baixa adesão.

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Abertura de espaços

Santa Cruz do Sul conta com serviços de convivência e fortalecimento de vínculos, trabalhados nos Cras Beatriz Jungblut e Integrar, com a previsão de abertura de mais um em 2024. Na Secretaria do Esporte há a Maturidade Esportiva, que movimenta os participantes e serve como incentivo para a saúde preventiva.

Assim como há a percepção da busca efetiva por vacinas e outras ferramentas disponibilizadas pelo poder público municipal e iniciativa privada, a Secretaria de Desenvolvimento Social de Santa Cruz tem a percepção do aumento no número de pessoas com mais de 60 anos que buscam o Cadastro Único, que é o meio para garantia de benefícios. Atualmente, são 2.480 idosos cadastrados como responsáveis da família. No entanto, apenas 283 recebem recursos do programa de transferência de renda Bolsa Família.

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A secretaria também orienta sobre o acesso à gratuidade de transporte e outros direitos da pessoa idosa. E reforça aos familiares que a busca por lugares para abrigo, como a institucionalização deve ser considerada como a última alternativa, recurso para quando a família não consegue dar conta dos cuidados e proteção da pessoa idosa.

Educação valoriza legados culturais

Assim como são realizados projetos especiais, tanto pelo poder público quanto pela iniciativa privada, destinados à integração e convívio das pessoas com idade mais avançada, para maior qualidade de vida, a Educação tem levado o assunto para as salas de aula. De acordo com a lei 8.882/94, o processo de envelhecimento é trabalhado por todos os níveis das escolas municipais. Projetos são realizados ao longo do ano letivo. Entre as atividades programadas está a pesquisa sobre os legados culturais dos antepassados, a fim de valorizar os saberes por eles adquiridos, que servem de exemplos e modelos para a geração atual e as que estão por vir.

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Como iniciativa efetiva para as pessoas do segmento maturidade, existe o Ensino de Jovens e Adultos (EJA) e projeto de alfabetização, em parceria com a Unisc, que é um recurso buscado pelos cidadãos após cumprirem suas missões familiares e profissionais. Eles passam a se interessar pela escolarização, como uma possibilidade de se colocarem como figura principal no seu projeto de vida, criando a demanda para o acolhimento de idosos na educação municipal.

Homens e mulheres participam da alfabetização

No Núcleo Cemeja, a equipe prepara o ambiente e a equipe de servidores para que acolham os idosos com suas peculiaridades e necessidades, procurando atender às suas expectativas em relação à escolarização, socialização e saúde emocional. Além do trabalho com os estudantes e da abertura de espaços receptivos para que os idosos consigam estudar e garantir qualificação, uma preocupação tem sido sentida por todos os entes públicos: a necessidade da recomposição do quadro funcional do magistério.

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Em resposta à Gazeta do Sul, a Secretaria de Educação afirma ser uma demanda que sempre ocorre e continua merecendo a atenção da administração municipal, por meio de contratos e nomeações.
Ao mesmo tempo, a secretaria reforça a preocupação com a qualificação e formação dos profissionais que ingressam na rede municipal, visando a melhora do processo de ensino e aprendizagem.

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