“Caminhando e cantando, e seguindo a canção,
somos todos iguais, braços dados ou não
Nas escolas, nas ruas, campos, construções,
caminhando e cantando, e seguindo a cançãoVem, vamos embora, que esperar não é saber,
quem sabe faz a hora, não espera acontecerPelos campos, há fome, Em grandes plantações
pelas ruas, marchando, indecisos cordões
Ainda fazem da flor, seu mais forte refrão
e acreditam nas flores, vencendo o canhãoPublicidade
Há soldados armados, amados ou não
quase todos perdidos, de armas na mão
Nos quartéis lhes ensinam, uma antiga lição
de morrer pela pátria, e viver sem razãoNas escolas, nas ruas, campos, construções
somos todos soldados, armados ou não
Caminhando e cantando, e seguindo a canção
somos todos iguais, braços dados ou nãoOs amores na mente, as flores no chão
a certeza na frente, a história na mão
Caminhando e cantando, e seguindo a canção
aprendendo e ensinando, uma nova liçãoPublicidade
Vem, vamos embora, que esperar não é saber
quem sabe faz a hora, não espera acontecer”.
LEIA TAMBÉM: Soberania relativa
Rio de Janeiro, 1968. Segundo lugar no Festival Internacional da Canção Popular, essa letra e música de autoria de Geraldo Vandré (1935) é um exemplar histórico do desejo de superação das desigualdades sociais e do autoritarismo. Afinal, “somos todos iguais, braços dados ou não!”.
Publicidade
Adotada como hino de resistência à ditadura militar (1964–1985), a música foi logo censurada e proibida. “Segundo as autoridades, a música traria uma mensagem de guerra revolucionária e psicológica prejudicial ao País”, informou o jornal O Estado de São Paulo na edição de 8 de outubro de 1969.
LEIA TAMBÉM: Muito além do divã
Depois de um autoexílio (1968–1972), Vandré retornou ao Brasil, quando decidiu e declarou que “abandonaria a linha política em suas canções”. Teria sido constrangimento estatal? Desencanto pessoal? Desistência? Exaustão?
Publicidade
Hoje, também muitos têm se desviado do debate político. As agressivas divergências, algumas à conta de ditas “censuras e perseguições judiciais”, outras à conta de ditos “traidores e atos golpistas”, não contribuem para a pacificação.
E fazem recordar meu saudoso professor Oscar Hentschke, que frequentemente repetia em sala de aula o seguinte refrão: “Em casa que falta o pão e a educação, todo mundo grita e ninguém tem razão!”.
LEIA MAIS TEXTOS DE ASTOR WARTCHOW
Publicidade
quer receber notícias de Santa Cruz do Sul e região no seu celular? Entre no nosso NOVO CANAL DO WhatsApp CLICANDO AQUI 📲. Ainda não é assinante Gazeta? Clique aqui e faça agora!