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Preso há mais de três anos e réu por assassinato, São é solto pela Justiça

Foto: Rafaelly Machado/Banco de Imagens

Preso há mais de três anos, São é liberado pela Justiça

São foi capturado em dezembro de 2020

Apontado pelas forças de segurança como membro do alto escalão da facção Os Manos e preso há mais de três anos, José Altair Senger, conhecido pelo apelido de São, de 45 anos, foi solto pela Justiça. Ele havia sido capturado em sua residência, na Rua Guilherme Keber, Bairro Santa Vitória, em 4 de dezembro de 2020, durante uma operação da Polícia Civil, após investigação que o apontou como o mandante do assassinato de Celso Vieira de Oliveira, de 21 anos. O crime ocorreu em maio de 2020, em Santa Cruz do Sul.

O motivo da revogação da prisão preventiva foi o excesso de prazo no processo, em virtude da informação prestada pelo Departamento de Criminalística do Instituto-Geral de Perícias (IGP), de Porto Alegre, de que não poderia estimar data para conclusão de uma perícia de confronto balístico que foi solicitada. Com parecer favorável de soltura pelo Ministério Público, a 1ª Vara Criminal revogou as prisões preventivas de São e também de Jonathan da Silva, de 30 anos.

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Este último, que se apresentou à Polícia Civil dias após a prisão de São, foi indiciado na investigação como um dos executores. A Justiça solicitou, no entanto, que os dois investigados mantivessem atualizado o endereço residencial e comparecessem a todos os atos do processo. Tanto São como Jonathan já receberam a sentença de pronúncia e são réus no caso, confirmando que ambos vão responder pelo homicídio de Celso Vieira de Oliveira em sessão do tribunal do júri, ainda a ser marcada.

Conforme o delegado Alessander Zucuni Garcia, não se chegou a um fato específico que desencadeou o crime, mas estaria ligado ao tráfico de drogas, tendo supostas dívidas ou desavenças como o motivo. Também não se obteve provas suficientes para processar um segundo matador, embora a polícia soubesse com certeza que mais um atuou na execução direta de Celso.

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Para defensor, preventiva não pode ser eterna

Conforme a 2ª Delegacia de Polícia (2ª DP), Celso foi alvejado por disparos às 17h30 de 11 de maio de 2020, perto do Hospitalzinho, no Bairro Santa Vitória, e levado por dois matadores até o Corredor dos Tatsch, em Rincão Del Rey, Rio Pardo, onde teve o corpo queimado. O laudo da necropsia, porém, não esclareceu de forma definitiva se a vítima estava viva no momento em que atearam fogo.

A Gazeta do Sul conversou com as defesas de José Altair Senger e Jonathan da Silva, que solicitaram à Justiça os pedidos de soltura dos dois réus no caso de homicídio de Celso Vieira de Oliveira. Arnaldo França Quaresma Júnior, defensor público que representa o homem de 30 anos, disse que não é comum um processo com acusados ficando tanto tempo presos preventivamente sem sair o júri.

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“A pessoa tem a presunção da inocência, e a prisão preventiva tem natureza cautelar. Justamente por conta disso que não pode ser eterna”, comentou Quaresma. Segundo ele, houve pedidos de soltura anteriores a esse último e também recursos. “O laudo da balística que tem que ser juntado ao processo para o caso ser julgado é uma prova importante, tanto para a acusação quanto para a defesa”, complementou.

”Quem vai devolver esse tempo?”

Conceituado advogado criminalista, e um dos mais antigos em atuação na região, Luiz Pedro Swarovsky, que faz a defesa de São no caso, afirmou que nunca havia trabalhado em um processo com um réu preso preventivamente por tanto tempo. “Tenho cliente que ficou um ano e seis meses preso, e que depois foi absolvido”, disse ele.

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Swarovsky fez referência ainda a um julgamento de 2021 em Santa Cruz. Na ocasião um homem, defendido pelo advogado Luiz Fernando Iser, foi absolvido no tribunal do júri por uma tentativa de feminicídio após ficar dois anos em prisão preventiva. “A questão que fica depois é essa, quem vai devolver esse tempo preso?”, questionou o advogado. São nega o envolvimento no assassinato de Celso Vieira de Oliveira.

Conforme o seu defensor, entre as provas apontadas na investigação estão prints de celular obtidos na época do assassinato de Leonardo Severo Andrade, de 28 anos, o Léo Cearense. Considerado um dos líderes da facção Os Manos, ele foi morto a tiros em 27 de julho de 2020, em uma propriedade na localidade de Monte Alegre, no interior de Vale Verde, em caso que jamais foi solucionado pela Polícia Civil.

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Na ficha policial de São, ele figura como suspeito, acusado ou indiciado de crimes como furto, roubo, lesão corporal, homicídio tentado e consumado, ameaça e porte ilegal de arma de fogo. Também é apontado ao longo dos anos como um dos chefes da facção no Bairro Santa Vitória.

No dia de sua prisão, o delegado Alessander comentou que o preso possuía “um patamar elevado” na organização criminosa. Apesar dos indícios de seu envolvimento no crime organizado, Swarovsky faz ponderações quanto ao seu real envolvimento na comunidade. “Ele é um cara que é líder de bairro. Há anos é treinador do Boca Juniors, time que participa do Campeonato Citadino, e conhece todo mundo”, comentou. “Se ele é integrante e chefe de facção, como que absolutamente em nenhum momento houve referência a ele em todas as operações anteriores, que prenderam líderes em Santa Cruz, Vera Cruz e Rio Pardo? Ele não poderia ser um líder e não surgir em nenhuma dessas ofensivas”, complementou o advogado.

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