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LINHA JOÃO ALVES

Produtor tenta descobrir o que matou vacas no interior de Santa Cruz

Foto: Bruno Pedry

Rejane e Paulo Henrique Sehn tiveram que cercar o açude para impedir que mais animais tomassem a água e ficassem doentes

Um casal de produtores de leite busca auxílio das autoridades para descobrir o que provocou a morte de nove vacas durante o ano passado, na propriedade da família em Linha João Alves. O caso mais recente aconteceu na virada de 31 de dezembro para 1º de janeiro.

Embora não haja explicações aparentes, uma das suspeitas é de que o açude no qual os animais tomam água tenha sofrido algum tipo de contaminação. A situação tem sido motivo de preocupação e prejuízos para Paulo Henrique e Rejane Sehn. Eles contam que as vacas passaram a perder peso repentinamente e acabaram morrendo.

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Ele começou a desconfiar da água do açude em agosto de 2022, após oito vacas terem sido perdidas. Em conversa com um vizinho, descobriu que diversos animais da propriedade que fica ao lado também haviam morrido. E a suspeita foi a mesma: água contaminada.

Os moradores dizem não ter como comprovar a causa, que para eles parece óbvia: os açudes em suas propriedades estão poluídos. O que antes era repleto de peixes e com água cristalina virou um depósito de água escura, de odor muito forte e aspecto viscoso. Além dos peixes, dez gansos sinaleiros que viviam na propriedade também morreram. Patos silvestres que frequentavam o local desapareceram, e uma novilha de apenas dois meses morreu há cerca de dois meses, com os mesmos sintomas das vacas adultas.

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“No ano-novo, esperávamos uma vaca para dar cria e ela não apareceu em casa. A minha esposa foi olhar no campo e estava morta. Morreu na madrugada”, lamenta o produtor. O problema também reduziu seu faturamento com a produção de leite, que passou de 570 litros a cada dois dias para apenas 50 litros no mesmo período.

“Estou perdendo meus bichos, perdendo minha renda, perdendo leite, que fica ácido no resfriador. Quando isso acontece, a empresa de laticínios não recolhe. E eu fico na mão, estou perdendo dinheiro”, lamenta Paulo Henrique. O açude teve de ser cercado para que as outras vacas não chegassem ao local.

Ele revela que a água passou por uma análise feita pela Universidade de Santa Cruz do Sul (Unisc). No entanto, o laudo não teria apontado contaminação, o que deixa o produtor ainda mais preocupado, pois não haveria outra explicação para suas vacas ficarem doentes. Um veterinário que atendeu os animais teria dito que a causa da morte foi desnutrição.

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O produtor desconfia que a causa da poluição dos açudes seja uma infiltração de esgoto. O problema teria se agravado quando um loteamento residencial em área vizinha à sua propriedade começou a receber um número maior de moradores.

Em contato com a Corsan, o gerente da unidade santa-Cruzense, Bruno Barreto, informou que as estações de tratamento de esgoto são periodicamente vistoriadas e limpas, e que não foi notificado pela Fepam. A Gazeta do Sul entrou em contato com o órgão estadual na tarde dessa quarta-feira, 5, mas não havia obtido retorno até o fechamento desta edição.

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Em outra propriedade, cem aves foram perdidas

O açude de Paulo Sehn fica alguns metros abaixo do reservatório situado na propriedade de Ingo Bartz. Atualmente seco em virtude da falta de chuvas, o caminho que a água fazia entre os dois açudes ficou marcado por manchas escuras, que seriam da poluição.

Jorge Brutscher optou por colocar plantas aquáticas na tentativa de amenizar o odor | Foto: Bruno Pedry

Ingo afirma que já perdeu mais de 70 galinhas caipiras, nove patos, 21 gansos de duas espécies diferentes, além de todos os peixes do açude: tilápias, jundiás e lambaris. Ele cria ovelhas e diz que os ovinos pararam de beber a água do local, por isso não morreram. Aves silvestres como pombos, aracuãs, saracuras e nambus também desapareceram.

Alguns metros acima do reservatório de Ingo existe outro açude, que está em uma área doada ao Município pela família Brutscher, e que também estaria poluído. Jorge Brutscher, de 59 anos, filho da proprietária de um terreno vizinho, conta que precisou colocar plantas aquáticas no local para cobrir a linha d’água e evitar o forte cheiro.

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“Até agora não fizeram nada, não nos declararam oficialmente nada, mas o problema existe e ninguém assume. O cheiro era insuportável. A cacimba, de cento e poucos anos, sempre com água pura, está poluída também. Mandei fazer uma análise na Unisc e disseram que está contaminada com esgoto”, afirma.

Bem próximo à propriedade, existe uma construção da Corsan. Brutscher afirma que seria para tratamento de esgoto, e poderia ser a causa do problema. “Doamos uma área que deveria ser preservada e acontece uma coisa dessas”, lamenta. Junto com Paulo Henrique e Ingo, Jorge Brutscher aguarda uma resposta dos órgãos competentes para frear a contaminação em suas propriedades.

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