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OPINIÃO

Que 2023 seja como um livro muito bom de ler

Foto: Banco de Imagens

Show de fogos de artifício ao lado do Parque da Cruz

Em sociedade, necessitamos e dependemos de muitas coisas, materiais e espirituais. Em geral, na reta final de um ano, e na iminência de um novo ciclo, cada um de nós fixa suas metas, seus planos, seus objetivos, tudo aquilo que almeja para si, para seus familiares e para seus amigos. Não raro, essa lista de cada um envolve bens a adquirir, aperfeiçoamentos a realizar, viagens a empreender, no cômputo dos investimentos, dos gastos e das conquistas que façam bem ao corpo, ao coração e à alma.

Mas nem sempre uma das prioridades indiscutíveis em uma situação digna de ser chamada de vida de qualidade merece atenção em votos e ensejos. Afinal, como conceber um novo ano pleno, no contexto pessoal ou em família, junto às pessoas que se ama, a filhos e a netos, sem lembrar de… comprar livros? De que valeria adquirir todo o resto, saciar as fomes e as curiosidades do corpo, se não se cuida justamente do intelecto?

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Na reta final de 2022, e na iminência de 2023, os integrantes da Academia de Letras de Santa Cruz do Sul foram convidados a olharem para o futuro e, com base em suas vivências e suas áreas de formação e de atuação, enviarem seus votos, seus desejos. Afinal de contas, é uma maneira singela de lembrar a cada leitor, a cada pessoa, e não importa a sua idade, que, para 2023, valeria fixar metas e planos sobre os livros a adquirir, e de que gênero ou sobre qual assunto, e desde logo definir, passo a passo, semana a semana, mês a mês, quais livros pretende ler.

A exemplo de um planejamento econômico ou financeiro, ou da gestão de uma empresa ou de um curso de aperfeiçoamento, cada pessoa deve definir como proceder para, nos dias futuros, ampliar seus horizontes, seus conhecimentos, manter a mente ativa, curiosa e interessada. Tanto quanto cuidar da saúde do corpo, isso significa cuidar da saúde da cabeça, da mente, a se determinar a ativar sinapses e a treinar o cérebro, via fundamental para uma vida saudável por um longo tempo. Curiosidade e raciocínio ágil são condições, ao lado de uma vivência positiva e plena, para alcançar a sabedoria.

Assim, nesta edição, integrantes da Academia de Letras de Santa Cruz do Sul, os que residem na região, na condição de membros efetivos, e os que moram fora dela, e são membros correspondentes, enviam suas mensagens, seus votos e suas expectativas para o novo ano. Que 2023 seja, para cada um de nós, como um livro muito bom de ler, aquele que apreciamos com uma alegria e uma euforia constantes, que nos faça viajar por mundos novos e deslumbrantes, e que, embora haja uma página final, pareça se estender ao infinito, e nos acompanhar a cada instante, como uma lembrança querida.

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Benno Bernardo Kist: abrir corações e livros

Mesmo sem me alinhar tanto às demarcações do tempo, não há como negar que a chegada de um novo ano sempre desperta o interesse por algo a mais que possa surgir na vida de cada um nesta virada. De minha parte, espero que, a partir de mensagens mais humanas e sensíveis evocadas nessa época, o momento possa abrir mais os corações das pessoas e ampliar o horizonte de sua visão, para enxergar além do sucesso financeiro e da prosperidade material, e encontrar os corações e as vistas dos outros seres humanos. Este é o caminho para haver menos ódios, desavenças, incompreensões e, como efeito, mais amor, entendimento, saúde e alegria de viver. E é bom não esquecer: ler e meditar fazem parte desta caminhada.

Flávio R. Kothe: haverá mudanças em cada lado

A história vem passando por um ponto de inflexão que não se sabe ainda no que vai dar: ou se continua a dominação americana, que implantou ditaduras na América do Sul e parecia consolidada com o fim da União Soviética, ou serão consolidados polos diversos de influência, com a presença marcante dos BRICS. O Brasil definiu seu destino nas eleições de outubro. Entre a consolidação dos direitos da cidadania ou a desmontagem do aparelho de Estado, entre a ampliação dos processos de democratização ou o retorno à tradição autoritária, entre a igualdade social ou os privilégios da oligarquia, optou pelo primeiro termo. Como o fascismo tem muito respaldo na população, o país está dividido e vai continuar dividido, mas haverá mudanças em cada lado.

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Demétrio de Azeredo Soster: sobretudo, ser feliz

Um desejo para 2023? Sobretudo, ser feliz. Ser feliz escrevendo, lendo, vivendo. Ser feliz caminhando, andando de bicicleta, surfando, vendo o sol nascer. Mas também ser feliz publicando os livros que pretendo publicar, dando aula, participando de seminários, pesquisando, fazendo acontecer. Mas também ser feliz ao lado dos que me são caros, mulher e filhos. Ser feliz vivendo em um país que, se não feliz, trabalha todos os dias para que todos sejam, de fato, felizes; que tenham o que comer, onde dormir, quem amar, com o que sonhar.  Em 2023, quero, acima de tudo, ser feliz à beira-mar, na montanha, viajando em direção ao desconhecido, onde, sei, haverei de encontrar alguém, ou algum motivo, que me faça de fato feliz.

Gil Kipper: para incentivar jovens leitores

O ano de 2023 será literalmente desafiador, sendo que tenho como meta pessoal restabelecer a revista “Zum Cultura & Diversão”, bem como promover a reedição de algumas obras esgotadas e, principalmente, reativar o mercado do livro. Não só com obras de minha autoria, mas igualmente de vários autores. “Incentivar jovens leitores é preparar seu futuro”. Este slogan tem me acompanhado durante os últimos 30 anos, ao longo dos quais frequentei escolas e feiras do livro, divulgando minhas obras e praticando oficinas. Nada pode ser mais prazeroso!

Marli Silveira: o sentido da nossa vulnerabilidade

A existência é uma espécie de dedicação à lentidão do tempo; quanto mais o seguramos, mais sentido emprestamos a nossa vida. A única experiência de imortalidade possível é alargada pelo continuum da nossa espécie, como se cada um e cada época escrevessem o próprio capítulo. Talvez poucos períodos tenham sido tão brutais quanto o atual no que diz respeito ao tempo, que corre aos punhados, e nossa inabilidade para freá-lo explode nas invenções, demandas e cansaços cotidianos. Compreender as infinitas finitudes é afirmar a vida, o sentido das nossas vulnerabilidades, e reinscrevermo-nos no tempo a partir de nós mesmos. Meu convite é para que seguremos o tempo no exato limite de que nos sintamos no que fazemos, imaginamos e sonhamos.

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Mauro Klafke: que me encontre no encontro

Quando a Realidade já não basta, por muito gasta, possa me voltar mais à imaginação, ao Invento. Voltar-me um pouco mais ao consenso do compartilhamento. Que possa fazer parte do mundo simples, seja meu, teu, seu, e principalmente nosso. E que de alguma forma haja um Deus, que torne possível o esperado, o espanto, o instante, o diferente, como também o distante. E que me encontre no encontro, na urdidura do texto poético, um pouco profético, de um mundo pequeno e vasto. Ser feliz em ato, apesar dos fatos, nos relatos. Que haja um lugar em que exerça o ofício de perceber os caminhos que deixam nas estradas um generoso rastro de sintonia, na poesia que conjuntamente se faça. E isso seja um afago entre uns e outros, entre todos e todas.

Roni Ferreira Nunes: a felicidade que vem com a literatura

Como escritor e poeta, tenho quase 35 anos dedicado à literatura. Publiquei três livros (“O buscador”, “Café com K”, e “O ladrão de visitas”), dez participações em coletâneas literárias e mais de 200 artigos escritos na imprensa. Nos últimos anos tive duas grandes felicidades: a de ser um dos fundadores da Academia de Letras de Santa Cruz do Sul (2017) e de ter recebido, em 2020, a Premiação Trajetória Cultural. Mantenho a rotina de escrever todos os dias, conciliando com as atividades do meu escritório de advocacia. Ministro palestras em escolas sobre minha obra e minha jornada na literatura.  Para 2023, tenho a intenção de publicar mais um livro inédito de poemas, além de dois livros com participação coletiva.

Valesca de Assis: vida com livros, para abrir horizontes

Queridos conterrâneos: que os amanteigados enfeitados que fizerem, ou receberem, signifiquem amor, amizade, saúde, progresso espiritual e material – aqui, só o que baste – por todo o ano, por muitos anos. Que leiam e contem histórias para seus filhos e netos, que entrem num Clube de Leitura, que comentem os livros, pois eles mostram não só a vida como ela é, mas como poderia ser se elevarmos nossa existência a uma grandeza maior, mais elegante e sem apegos. A vida com livros abre horizontes e traz renovadas esperanças. São os meus votos a todos! É um pouco da minha história, também.

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Dogival Duarte: um tempo favorável e benfazejo

Desejo que bons ventos tragam um ano favorável e benfazejo. Que  possamos resgatar bons propósitos e projetos, além de podermos valorizar mais a ciência e a literatura, e que possamos superar todo o negacionismo que tentaram implantar na sociedade. Desejo mais livros, mais Dante, mais Belchior, mais Gal Costa e menos inquisidores. E que a “divina comédia” seja mais humana e não bélica ou destruidora de vidas. Desejo realmente corações e olhares ao alto!

Edison Botelho: um ano carinhoso com a cultura

Tanto como simples indivíduo, ou como escritor e amante das artes, espero e desejo que 2023 seja carinhoso com a cultura. Que abrace as diversas formas de expressão cultural, que sempre nos ilumina, nos faz pensar, sentir e até mudar nossos passos. Que beije os diversos jeitos de se manifestar os sentimentos, as percepções de vida e as demandas pessoais e coletivas, que encontram na cultura um caminho natural. Que acaricie os artistas e lhes diga que seus frutos são bem-vindos. Mas não porque geram lucros, mas pelo divino fato de que a cultura faz o ser humano ser mais humano.

Elenor Schneider: menos conflitos e mais amor

Ainda bem que a esperança não sofre de fadiga irreversível. Como estrela-guia, segue sempre à nossa frente nos reanimando, nos garantindo que tudo poderá ser melhor. E será. Que o novo ano seja de menos conflitos e de mais respeito e amor. Que possamos ser felizes junto às pessoas que abraçamos e amamos. Que não nos falte trabalho e pão. Que os famintos recebam um olhar responsável e tenham o alimento mínimo para saciar a sua fome e a dos seus queridos. Que haja trabalho para quem não se nega a trabalhar e quer prover seu próprio sustento. Que todos nós possamos ser mais suaves, menos intransigentes, menos inflexíveis. Que cada um de nós faça a sua parte para tornar o novo ano um tempo de paz e felicidade.

José Alberto Wenzel: 2023, o ano da paz criativa!

Que, em breve, possamos conviver em paz num ambiente de respeito às divergências e de empenho coletivo a favor das convergências necessárias. Estas, entre tantas mais, em prol do Cinturão Verde e do bem querer solidário, até porque, enquanto alguém estiver passando fome ou um ecossistema for sendo degradado, não temos como viver em paz. Quem sabe, no tempo que emerge, as letras relatem espaços esverdeados de áreas preservadas em substituição aos quilômetros quadrados de cinzas, e falem da diversidade igualitária ao invés dos posicionamentos fagocitários. Por certo podemos ser melhores, mais criativos e menos egoístas. Olhemos ativamente para os lados e troquemos o “eu e meu” por “nós e nosso”!

Léla Mayer: a esperança de um mundo melhor

Que 2023 traga consigo a esperança de um mundo melhor, com pessoas dispostas a amar e partilhar seu tempo com o outro. Desejo não uma esperança qualquer, mas aquela que se faz verbo. Aquela que, como propunha Paulo Freire, nos ensina a esperançar. É no verbo que encontramos a ação. E são nossas ações que são potencialmente transformadoras. Que saibamos conjugar esse verbo juntos. E que a leitura literária seja motivo de encontro, para contar ou ouvir histórias, para nos reencontrarmos dentro de uma história, para nos fazer refletir o mundo, para nos confortar, desacomodar e nos qualificar como seres humanos capazes de esperançar o mundo. Um ótimo e lindo 2023!

Lissi Bender: que sintamos gratidão pela vida

Na quietude noturna, pediria silenciosamente ao bom Deus, para que Ele, do seu jeito Divino, continue regendo o novo ano. E almejo que o Altíssimo não solte as rédeas e que nós, humanos, possamos ser menos apressados, menos ruidosos. Com a alma serenada, tenhamos tempo para sonharmos mais, apreciarmos mais a natureza e vivermos com ela em harmoniosa relação (fonte de equilíbrio e bem-estar); que possamos dedicar mais tempo a leitura e reflexão (fonte de entendimento e clareza);  que sejamos mais gentis uns com os outros, que o bom Deus nos abençoe com saúde, que sintamos gratidão pela vida que nos foi concedida viver e cultivemos amor pelo nosso lugar de viver! Seja o novo ano regido pela benevolência Divina!

Moina Fairon Rech: Feliz Ano Novo! Prost Neujahr!

O ano de 2022 chega ao fim e sempre lembro de como eram os fins de ano da minha infância e juventude. Naqueles tempos, no dia 31 de dezembro, na igreja, havia bênção de tardezinha e cantavam o Te Deum. Chegando a meia-noite, os sinos das duas igrejas, Católica e Luterana, começavam a tocar. A locomotiva do trem, lá na estação, começava a apitar. A potente sirene da CBFF, usada para avisar os operários, começava a soar. A cidade explodia em sons. Enfim, era uma coisa muito festiva e bonita de assistir. Depois de tão efusivamente recebido, o novo ano estava pronto para reinar durante os seus 365 dias. Assim, quero desejar um feliz ano de 2023 para todos, com muita saúde, alegrias e paz. Feliz Ano Novo! Prost Neujahr! Happy New Year!

Osvino Toillier: um tempo de renovação e amor

Meu desejo para 2023 é que seja um tempo de renovação e efetivo amor entre as pessoas. Continuo acreditando na energia do amor para que os homens superem as diferenças e criem espaço para a solidariedade e plantem jardins de lindas flores onde as crianças possam correr atrás da borboletas! Minha prece é que sejamos maiores do que diferenças e superemos as divergências e as substituemos pelo entendimento e invistamos todas as energias num mundo de paz e amor!

Romar Rudolfo Belling: que a harmonia volte a reinar

Alguém lembra quem era presidente do Brasil quando Guimarães Rosa escreveu Grande sertão: veredas, clássico de nossa literatura? Líderes passam, somem nas brumas do tempo. Obras-primas ficam. Ficam os votos de que presidentes da República, e todos, leiam e releiam sempre Grande sertão: veredas. E tantos outros livros. Esse é um desejo. O indiano Amartya Sen, Prêmio Nobel de Economia, lembra que nos anos 40, na Índia, a população, hindus e muçulmanos se atritaram. Sempre haviam vivido bem entre si. Do nada começaram a brigar, porque alguns líderes os insuflaram. Menos mal que em poucos anos, tão logo tais líderes sumiram, a harmonia voltou a reinar. Que a harmonia volte a reinar também entre nós.

Valquíria Ayres Garcia: liberdade e saúde para viver, criar…

Histórias de vida não são fáceis de serem escritas. Mais fácil é a ficção, onde um pouco de nós está lá, mas temos a sensação de estarmos escondidos. Filha única, até meus cinco anos, vestidos de organza suíça, sapatos de verniz, bonecas de porcelana, missa aos domingos com pai e mãe. À tarde, futebol, no campo do Cachoeira, mesmo depois que um foguete queimou parte da minha amada saia plissada grená e também uma das minhas nádegas. Saindo do campo, íamos direto para a casa da tia Tata, que nos aguardava com uma mesa posta, vestida com toalha branca engomada e bolos cheirosos… Para o futuro? Liberdade e saúde para viver, criar, trabalhar…

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