Os incêndios em estufas de tabaco são um problema cada vez mais recorrente e que tem gerado prejuízos consideráveis aos produtores. Até essa quinta-feira, 25, 75 ocorrências foram atendidas pelo Corpo de Bombeiros e Bombeiros Voluntários. A Associação dos Fumicultores do Brasil (Afubra) contabiliza 67 casos avaliados até agora em municípios do Vale do Rio Pardo e Centro-Serra, números que deverão aumentar até o fim da safra 2025/2026.
Em Santa Cruz do Sul, em novembro e dezembro, oito casos foram atendidos pelo pelotão do Corpo de Bombeiros, com queima total das estufas. Um deles aconteceu no último dia 11, na propriedade de Serquídio Romeu Horbach, em Boa Vista. Júnior dos Santos, que é genro do proprietário, contou que o incêndio teve início por volta das 15h25 e atingiu duas estufas convencionais. Houve perda de aproximadamente 500 arrobas, que estavam na fase de cura nas estruturas.
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“Foi a primeira vez que vivenciamos isso. Ainda não sabemos o que causou o fogo”, disse o produtor, confirmando que a família não tinha cobertura para sinistros. A colheita da área plantada de 90 mil pés foi mantida e continua sendo realizada com auxílio de amigos e vizinhos.

Segundo o sargento Wilson da Costa, comandante do Pelotão do Corpo de Bombeiros Militar de Santa Cruz, somados às ocorrências de menor gravidade, já foram atendidos mais de 50 casos em sua área de atuação na atual safra. Sobre as causas, destaca que os sinistros ocorrem por excesso de calor nas fornalhas, potencializado pela falta de manutenção. “É importante sempre avaliar se não há folhas em excesso ou furos e rachaduras nos dutos de calor.”
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Ele salienta que as equipes levam um determinado tempo para chegar ao local das ocorrências, em razão da distância e dificuldade de alguns acessos. Por isso, orienta as famílias para que indiquem ou aguardem em pontos de referência, para agilizar o atendimento. “Os proprietários, em segurança, também podem tentar resfriar as paredes com água disponível nas propriedades. Isso ajudará a evitar que o fogo se alastre para outros espaços e previne um prejuízo maior”, orienta.
Esse conselho se relaciona ao fato de algumas propriedades terem estufas anexadas a galpões e residências. “Indicamos que as estufas estejam no mínimo a 5 metros de distância de galpões ou residências. Em caso de incêndio, sempre é grande o risco de se perder tudo.”

Em 2024, R$ 4 milhões em indenizações
O coordenador de Pesquisa e Estatística da Afubra, Dener Kreski Turchiello, informa que em 2024 a entidade pagou mais de R$ 4 milhões em indenizações por estufas atingidas nas regiões de Santa Cruz do Sul, Venâncio Aires, Candelária e Sobradinho. Reunindo os três estados do Sul do Brasil, foram 108 mil propriedades inscritas na última safra e R$ 13 milhões pagos para atingidos por incêndios.
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Turchiello: agilidade para avaliar os sinistros | Foto: Tiago Garcia
Ele explica que o associado não precisa apresentar laudo dos bombeiros para comprovar a ocorrência. “O produtor nos comunica por telefone. No mesmo dia, um avaliador da Afubra vai ao local e realiza a vistoria para posterior pagamento da indenização. Procuramos fazer os trâmites de forma breve para que o produtor possa reconstruir a estrutura e seguir com o trabalho.”
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Turchiello salienta que os problemas em estufas convencionais são causadas por desgaste da estrutura, falta de limpeza e carregamento inadequado. “Frequentemente ocorrem quedas de varas ou folhas de tabaco sobre os encanamentos, especialmente quando não há tela de proteção”, detalha.
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Nas estufas elétricas, as ocorrências estão relacionadas a falhas na parte elétrica e em equipamentos mecânicos. “Falta de manutenção no trocador de calor, nas correias e rolamentos dos ventiladores leva ao superaquecimento e ao incêndio.”
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Para evitar sinistros, a orientação é colocar telas de proteção sobre os canos e realizar a manutenção preventiva anual. “A limpeza e o uso correto da estufa dentro da sua capacidade são as principais formas de evitar prejuízos ao produtor.”
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Candelária
Entre os municípios do Vale do Rio Pardo, Candelária é o que registrou o maior número de casos na atual safra – foram 20 ocorrências atendidas pelos Bombeiros Voluntários até o momento. Venâncio Aires aparece em seguida, com 16. Rio Pardo tem seis, Vale do Sol e Gramado Xavier contabilizam cinco cada e Vera Cruz tem dois registros. Na região Centro-Serra foram três casos em Ibarama, dois em Segredo e um em Passa Sete, todos atendidos pelos Bombeiros Voluntários de Sobradinho e de Arroio do Tigre e contabilizados pela Afubra.
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