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PREOCUPAÇÃO

Região já registrou 57 mortes por síndrome respiratória; procura por vacina segue baixa

Foto: Rodrigo Assmann/Banco de Imagens

Cobertura vacinal segue muito abaixo da meta de 90%, o que contribui para a piora da situação

O Rio Grande do Sul superou nesta semana a marca das mil mortes provocadas por Síndrome Respiratória Aguda Grave (Srag). Até essa quinta-feira, 24, haviam sido 1.051 óbitos, a maioria – 449, ou 42,72% – foi em decorrência da gripe. Do total de mortos, 530 (50,43%) eram mulheres e 513 tinham de 60 a 79 anos.

De acordo com o painel da Secretaria Estadual da Saúde, que monitora as hospitalizações por Srag, o Estado está próximo de alcançar 12 mil hospitalizações. Até quinta, o total chegava a 11.997, sendo 2.805 por influenza. A faixa etária com maior número de internações é a de bebês com menos de 1 ano (3.295 ao todo). Em 2024, o Estado registrou 1.471 mortes. O número de hospitalizações foi de 16.425.

Na área da 13ª Coordenadoria Regional de Saúde (13ª CRS), o acumulado de internações chegou a 476. A coordenadoria abrange os municípios de Candelária, Gramado Xavier, Herveiras, Mato Leitão, Pantano Grande, Passo do Sobrado, Rio Pardo, Santa Cruz do Sul, Sinimbu, Vale do Sol, Vale Verde, Venâncio Aires e Vera Cruz. Ao todo, 57 pessoas faleceram em função da doença. Santa Cruz lidera os indicadores da região, com 198 hospitalizações e 23 mortes.

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Procura por vacinação segue em baixa

Embora o painel da Secretaria Estadual da Saúde aponte aumento no número de mortes e hospitalizações, a cobertura vacinal continua abaixo da meta de 90%. Na área de abrangência da 13ª CRS, 92.008 doses foram aplicadas até a manhã de quinta. Uma vez que o público-alvo é de 161.603 pessoas, a taxa chega a 56,9%, bem abaixo da meta de 90%.

Entre os idosos, 35.869 de 74.026 foram imunizados – ou seja, uma adesão de 48,5%. Quanto às crianças, o percentual é de apenas 36,7%. De 20.888, são 7.660 vacinadas. Entre as gestantes, a procura é de 46,1%, e 1.259 de 2.733 se imunizaram.

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A responsável pela 13ª CRS, Mariluci Reis, atenta para o fato de que as hospitalizações e mortes por gripe não impactaram a população, já que a procura pelo imunizante continua baixa. “A vacina da influenza é importante para reduzir as complicações, as internações e a mortalidade decorrentes das infecções pelo vírus. E o aumento da cobertura também contribui para a diminuição da circulação viral”, alerta.

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Entrevista

Cristiane Pimentel Hernandes
Médica infectologista e professora do curso de Medicina da Unisc

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  • Gazeta do Sul – Quais os principais impactos da não vacinação entre a população? 
  • Cristiane Pimentel Hernandes – Indivíduos não vacinados apresentam maior incidência de Srag por influenza, incluindo necessidade de UTI e ventilação mecânica. A vacinação, de acordo com o CDC [Centro de Controle de Doenças dos Estados Unidos], reduz em 26% o risco de internação em UTI e em 31% o risco de morte em adultos hospitalizados. Em 2024, 77,5% das mortes por influenza aconteceram entre pessoas não vacinadas, evidenciando o papel da imunização na redução de óbitos.
  • De que forma a baixa procura pela vacinação impacta o sistema de saúde, tanto o público quanto o privado? 
  • A baixa cobertura vacinal permite que ocorram dezenas de milhares de internações por Srag a cada temporada, sobrecarregando leitos de enfermaria e UTI e forçando remarcações de cirurgias eletivas. De acordo com a Sociedade Brasileira de Imunizações, no Brasil, em 2019, foram perdidos cerca de 12 milhões de dias de produtividade e gastos aproximadamente R$ 5,6 bilhões, sendo R$ 1,3 bilhão em custos médicos diretos e R$ 3,9 bilhões em custos indiretos (ausências e queda de produtividade).
  • A não vacinação aumenta o risco de óbito? 
  • A falta de vacinação está associada a até 31% maior de risco de morte hospitalar por influenza em pacientes com comorbidades cardiovasculares, comparado aos vacinados. Nos menores de 18 anos, a vacinação reduz o risco de óbito por gripe entre 51% e 65%, sendo essencial em crianças com comorbidades e nos grupos etários mais vulneráveis.
  • Em que situações a gripe acaba evoluindo para uma pneumonia bacteriana ou viral? Quais fatores levam a essa condição? 
  • O vírus influenza pode infectar diretamente o tecido pulmonar, provocando pneumonia primária de evolução rápida, especialmente em idosos, gestantes, imunossuprimidos e portadores de doenças crônicas, com quadro de falta de ar grave e baixa oxigenação.
    A pneumonia bacteriana secundária geralmente surge após breve melhora, por superinfecção de Streptococcus pneumoniae, Staphylococcus aureus ou Haemophilus influenzae, facilitada pela destruição do epitélio respiratório e pela disfunção das células de defesa. Comorbidades como bronquite, enfisema, asma, diabetes e uso de corticoides são alguns fatores de risco.
  • Muitas pessoas queixam-se de sequelas e sintomas prolongados pós-doença. Quais são as principais? 
  • É comum a persistência de fadiga, fraqueza e mal-estar por semanas a meses após a fase aguda, caracterizando uma síndrome pós-viral. Até metade dos pacientes com pneumonia grave por influenza A mantém função pulmonar anormal um ano depois da alta hospitalar, com redução da capacidade respiratória.
    A gripe pode também exacerbar bronquite, asma e insuficiência cardíaca e precipitar eventos cardiovasculares, como infarto e arritmias, especialmente em idosos. Existem relatos a respeito de síndromes neurológicas e encefalite após a infecção gripal.

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Previna-se

A infectologista Cristiane Pimentel Hernandes destaca quais cuidados a população deve tomar para além da vacinação:

  • Manter distância de pessoas com sintomas e permanecer em casa por pelo menos 24 horas após melhora geral e sem febre, para reduzir a transmissão.
  • Lavar as mãos frequentemente com água e sabão ou usar álcool 70%, sobretudo após contato com superfícies e secreções respiratórias.
  • Cobrir nariz e boca ao tossir ou espirrar, usando lenço descartável ou parte interna do cotovelo, e descartar adequadamente o material.
  • Sintomáticos e cuidadores devem usar máscara em ambientes fechados e coletivos, especialmente durante surtos, para diminuir a dispersão de gotículas.
  • Manter portas e janelas abertas ou usar purificadores de ar, para garantir renovação constante do ar interno.
  • Procurar atendimento médico rapidamente. Se indicado, iniciar antivirais (exemplo: oseltamivir) nas primeiras 48 horas, para atenuar gravidade e prevenir complicações.

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