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CAPTAÇÃO DIÁRIA

Rio Jacuí é sinônimo de qualidade de vida e desenvolvimento em Rio Pardo

Além de ter motivado a instalação da Cidade Histórica, Rio Jacuí é responsável por fornecer água para a população de Rio Pardo

No restaurante flutuante Costaneira, em Rio Pardo, o proprietário Eron Cristiano Wilges reflete sobre a importância do Rio Jacuí na sua vida. “Devo tudo a ele”, diz o empresário.

Eron Cristiano Wilges – Empresário

Há 35 anos, seu pai, Adelmo Francisco, instalou-se  no balneário às margens do curso de água, no qual possuía um estabelecimento comercial. Nascia ali uma tradição da família no comércio, que se consolidou com o popular restaurante na Praia dos Ingazeiros. “Não seria o mesmo sem o rio”, afirma.

Conforme Wilges, há muitos moradores que, assim como ele, vivem no Rio Jacuí, especialmente os pescadores. E eles não são os únicos: a Cidade Histórica, que surgiu após o Tratado de Madri, em 1750, teve início após alguns soldados instalarem-se nas margens do manancial, que possui 710 quilômetros de extensão. Hoje, seus recursos hídricos ganham uma nova importância: prover água para os 34.654 habitantes, contribuindo ainda para o desenvolvimento do município. 

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Desde 1969, esse serviço é administrado pela Companhia Riograndense de Saneamento (Corsan), que a partir de 2011 também ficou responsável pelo esgotamento sanitário. 

Hoje o abastecimento de água é formado por uma rede urbana de 195 quilômetros, que atende 13.848 economias. Já na área rural, são 243 quilômetros, para 1.304 economias.

Agora, os desafios são outros. Além de prover água potável do Rio Jacuí, a companhia precisa garantir a universalização do saneamento, permitindo que o município cresça ainda mais e garanta qualidade de vida aos moradores.

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O longo caminho da água até os consumidores

Nas ruínas da histórica Fortaleza Jesus Maria José está instalada a Estação de Tratamento de Água (ETA) da Companhia Riograndense de Saneamento (Corsan). Outrora uma imponente estrutura de defesa, que garantiu a colonização no sul do País pelos portugueses, as instalações assumem agora uma nova missão: tornar potável a água que chega às torneiras de Rio Pardo.

Diariamente, a estação capta 6 milhões de litros do Rio Jacuí (6 mil metros cúbicos), o equivalente a 115 litros por segundo. Porém, muito antes de chegar ao seu destino final, o recurso passa por um complexo e rigoroso processo de purificação, garantindo a qualidade e a segurança para o consumo humano.

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Na ETA de Rio Pardo, o tratamento é acompanhado por Ricardo Schramm, encarregado multinacional da Corsan. Após a captação da água bruta, inicia-se a remoção das impurezas biológicas, físicas e químicas, atendendo os parâmetros estabelecidos na legislação. O coração do processo, segundo Schramm, é a coagulação e a floculação. Nessa etapa adiciona-se sulfato de alumínio, que, em contato com a água, faz com que toda a sujeira se agregue, formando flocos de impureza. 

Na fase seguinte, de decantação, os flocos são depositados no fundo de grandes tanques e removidos. Inicia-se então a filtração: a água passa por filtros para reter impurezas menores que ainda estejam presentes. Schramm explica que os filtros têm várias camadas, incluindo uma de carvão antracito, usado para eliminar odores. Há também areia, de diferentes granulometrias (da mais fina para a mais grossa), e cascalho. A partir desse ponto, a água não tem mais contato com as impurezas do floco.

Após passar pelo filtro, a água chega em uma câmara de mistura, na qual são adicionados o cloro e o flúor, eliminando micro-organismos. O processo é chamado de desinfecção e garante a segurança microbiológica. Eventualmente, é feita a correção de pH (potencial hidrogeniônico, que mede o grau de acidez ou neutralidade). 

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Se necessário, adiciona-se cal ou carvão ativo para equilibrar o pH, melhorando as características da água. Após todas essas etapas, o recurso hídrico finalmente vai para os reservatórios para ser distribuído à cidade.

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Um recurso diferencial notável

Luiz Elcides, secretário municipal de Desenvolvimento Econômico e Planejamento, destaca que o serviço pestado pela Corsan é fundamental para o desenvolvimento e a qualidade de vida em Rio Pardo, tanto na área urbana quanto em diversas comunidades rurais. Na avaliação de Elcides, a disponibilidade hídrica, uma cidade com água tratada de qualidade e um sistema de esgoto eficiente tornam-se diferenciais competitivos notáveis. 

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Secretário de Desenvolvimento
Econômico de Rio Pardo, Luiz Elcides

“Nos tempos atuais, a água de qualidade, a energia elétrica e a conectividade de dados são os três pilares essenciais para que qualquer sociedade possa se desenvolver de maneira plena e sustentável”, afirma.

Conforme o secretário, quanto ao fornecimento de água potável, o município atingiu a universalização. Agora precisa alcançar a meta do novo Marco legal do Saneamento Básico, que estabelece 90% de atendimento para a população urbana até 2033. 

Atualmente, Rio Pardo conta com três estações de tratamento de esgoto (ETEs) de pequeno porte, localizadas no Mutirão do Camargo, no Bairro Pinheiros e no loteamento Lispenz. Segundo Elcides, a atuação da Corsan ainda se encontra em fase de expansão. 

A construção da nova ETE, de grande porte, para atender toda a área urbana, representará um salto significativo no índice de tratamento de esgoto de Rio Pardo. A expectativa do secretário é que as operações se iniciem em 2026.

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Para isso, a Prefeitura busca identificar e sinalizar terrenos adequados para a Corsan. Já a companhia, de acordo com Elcides, está em fase final de aquisição da área para iniciar a implantação da unidade.

No início de novembro, uma comitiva visitou a ETE de Canela para conhecer o processo de tratamento e o impacto positivo que uma tecnologia moderna pode gerar. “A visita reforçou nosso compromisso em acelerar o processo de instalação da ETE em Rio Pardo”, frisa.

A preocupação quanto ao saneamento básico não é à toa. Na avaliação de Elcides, trata-se de um pilar estratégico para qualquer comunidade, além de possuir um papel transformador, com impactos diretos em saúde pública, meio ambiente, qualidade de vida e economia. 

Reforça que é um fator decisivo para a atração de empresas e o licenciamento de novos empreendimentos. Diante disso, considera fundamental o acesso a água de qualidade para o desenvolvimento sustentável do município.

A ampliação do saneamento básico é fundamental para preservar o ecossistema do Rio Jacuí

Foco no saneamento

Para que o Rio Jacuí continue fornecendo água à população, a ampliação da cobertura do saneamento básico é fundamental. O professor Marciano Friedrich, do departamento de Engenharias, Arquitetura e Computação da Universidade de Santa Cruz do Sul (Unisc), explica que quando o esgoto doméstico é lançado sem otratamento adequado há um aumento de matérias orgânicas (coliformes, vírus e parasitas, além de substâncias químicas, como nitrogênio e fósforo) que degradam a qualidade da água, causando a morte de organismos aquáticos e aumentando a proliferação de algas.

Isso, segundo ele, acarreta impactos não só para o meio ambiente, mas também na saúde pública e na economia. Reforça que o saneamento básico reflete em maior frequência escolar e na produtividade do trabalho. “A universalização, por sua vez, é um meio para destravar investimentos e contribuir para valorizar os espaços urbanos”, frisa. 

Friedrich pondera que os dados do Instituto Trata Brasil evidenciam os gargalos no setor no Estado, uma vez que a cobertura do esgotamento sanitário gaúcha é de 35%. Entre os 317 municípios atendidos pela Corsan, o índice é de 25%. 

A universalização do saneamento é o grande eixo de investimento da Aegea para o Estado desde que assumiu a gestão da Corsan, há dois anos. Para atender o previsto no Marco Legal do Saneamento, elevando a 90% o índice de acesso à rede de coleta e tratamento de esgoto, estima-se um investimento de R$ 15 bilhões.

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Desafios

De acordo com a Corsan, o maior desafio é a conscientização da população quanto à conexão das residências à rede coletora. Em dois anos, a companhia investiu mais de R$ 1 bilhão para ampliar o sistema de esgotamento. 

No entanto, ao menos 100 mil imóveis com acesso à rede coletora ainda não fizeram a ligação.  Uma vez que toda a área de atendimento da empresa, com poucas exceções, tem cobertura de esgoto baixa ou inexistente, todas as regiões são prioritárias. 

Segundo a Corsan, houve avanços em 317 municípios e há obras de  ampliação do esgotamento sanitário em mais de 40 municípios. Até o fim deste ano, a companhia quer chegar a 60 municípios em obras e licenciamentos encaminhados para 150 novos, fundamental para viabilizar o início de obras em 2026 e 2027. 

Para o ano que vem, a Corsan avançará com as obras em mais de cem municípios, incluindo Rio Pardo (o começo da expansão do esgotamento está previsto para o segundo semestre) e de 2027 até 2030 em cerca de 200 municípios. 

Para o início da próxima década, a empresa tem como objetivo que 100% dos municípios atendidos tenham algum percentual de cobertura de esgoto. Até 2033, a metá é alcançar 90% da universalização.

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Demandas históricas foram superadas

A chegada da Corsan representou um marco no fornecimento de água e saneamento. Nas décadas anteriores, a população dependia de cacimbas (escavações rasas) e fontes instaladas pelo município (cujas estruturas permanecem em partes de Rio Pardo). Havia ainda os vendedores, que comercializavam o recurso em barris. “Era um privilégio para poucos”, afirma a professora Neuza Quadros, que trabalha no arquivo histórico do município.

Segundo a educadora, a coleta de dejetos também era um desafio, sobretudo para as classes menos abastadas. Aqueles com dinheiro pagavam pela coleta do material, levado para um aterro, enquanto os demais tinham que levá-lo até lá. 

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