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FEIRA DO LIVRO

Romancista María Elena Morán é atração da 1ª Festa Literária Internacional neste domingo

A venezuelana María Elena Morán participa deum bate-papo na feira neste domingo, 10

Nome que se firma com muito prestígio na cena literária latino-americana da atualidade, a romancista venezuelana María Elena Morán será uma das principais atrações deste domingo, 10, na 35ª Feira do Livro e na 1ª Festa Literária Internacional de Santa Cruz do Sul. Radicada em São Paulo, ela estará na Praça Getúlio Vargas nesta tarde, a partir das 16 horas, para bate-papo sobre sua obra e carreira.

A autora tem forte ligação com o Rio Grande do Sul, pois morou por vários anos em Porto Alegre, onde cursou o mestrado e o doutorado em Escrita Criativa na PUCRS. Em termos de publicações, além da participação em importantes antologias, seu grande destaque é o romance Os continentes de dentro, no Brasil lançado pela Zouk, em 2021, e também já publicado na Espanha. Como ela informa em entrevista exclusiva à Gazeta do Sul, já na expectativa da vinda à cidade, um segundo romance, Volver a cuándo, lançado em 2022, chegará às livrarias brasileiras até o final deste mês pela Biblioteca Azul. A edição em espanhol recebeu o Prêmio de Nova Café Gijón, de Madri.

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María Elena também possui forte ligação com a área audiovisual, tendo formação em Comunicação Social pela Universidad del Zulia, da Venezuela, bem como em Roteiro Cinematográfico pela EICTV, de Cuba. Por conta dessa habilitação, atua como roteirista. Ela salienta na conversa com a Gazeta que visita o Rio Grande do Sul com frequência, mantendo contato regular e de amizade com diversos autoras e autores. Durante sua temporada de estudos em Porto Alegre, teve oportunidade de conhecer Santa Cruz, em uma atividade universitária. Neste domingo, estará de volta para falar de sua obra literária.

Confira a entrevista

Virás para a Feira do Livro de Santa Cruz do Sul, atividade que era para ter ocorrido há um ano, mas não se viabilizou por causa da enchente. Como está sendo essa experiência de aguardar por mais de um ano para poder vir à região?
Para ser honesta, não pensei que eu fosse ser chamada neste ano. Num mundo tão veloz e cambiante, achei que essa oportunidade já tivesse passado e outras pessoas seriam convidadas. Fiquei muito feliz quando reiteraram o convite, pois no ano passado eu estava muito entusiasmada com a visita. O cancelamento da feira foi um mal menor em meio à tragédia, é claro, mas fiquei triste pensando nas pessoas que tinham trabalhado tanto para ela acontecer, no público que estava se preparando para uma festa da cultura e, em câmbio, se viu tomado pela dor. É uma alegria enorme poder estar com vocês neste ano.

Como acompanhaste, na época, a catástrofe climática no Rio Grande do Sul e como ela te afetou?
Apesar de morar há já seis anos em São Paulo, o Rio Grande do Sul segue sendo um dos meus lares – um amigo muito querido diz que eu sou venezuelucha: venezuelana e gaúcha. Acompanhei a tragédia como consegui, dando uma forcinha por aqui e outra por lá, meu companheiro e eu vidrados nas telas, que só entregavam notícias cada vez piores, cada vez mais perto dos meus amigos, com o coração apertado e cheio de medo, impotência e indignação com gestões que continuam negligenciando a prevenção de desastres climáticos.

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Qual tua expectativa, agora, para enfim poder conversar com os leitores de Santa Cruz e da região?
Escrever e ser escritora são duas coisas diferentes. A primeira é a luta com as palavras e com a narrativa; a segunda é tudo o que acontece ao redor desse trabalho e faz com que ele chegue aos leitores. Se a escrita é um misto de prazer e dor, encontrar os leitores dá um friozinho na barriga, mas para mim tem sido, invariavelmente, uma experiência muito bonita, sempre surpreendente. A feira, tenho certeza, vai ser uma bela oportunidade para conectar com os leitores gaúchos, agora presencialmente. Essa é uma vontade muito grande que eu tenho, pois lancei Os continentes de dentro (Zouk, 2021) durante a pandemia, o que impossibilitou essa troca ao vivo, incomparável.

Tens vindo com que frequência ao Rio Grande do Sul? Que vínculos manténs com o Estado?
Visito com frequência o Rio Grande do Sul, a família do meu companheiro é de Passo Fundo e tenho grandes amizades em Porto Alegre. Minha história no Brasil começou lá, e eu só tenho a agradecer pelo enorme abraço que foi o meu tempo em Porto Alegre. Minha história com a literatura também começou lá, com a oficina do meu queridíssimo mestre Luiz Antonio de Assis Brasil, que fiz sem maiores pretensões e acabou me levando a acreditar que eu podia escrever literatura e fazer o mestrado e o doutorado na PUCRS. Também foi o começo oficial de minha vida de escritora, com a publicação de Os continentes de dentro pela Zouk, minha primeira casa.

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Estás com projeto literário em andamento? Algum livro por chegar às livrarias?
Sim e sim, felizmente. Voltar a quando, meu segundo romance, que foi lançado originalmente na Espanha e recentemente na Itália, está chegando ao Brasil, no final de agosto, pela Biblioteca Azul. Também estou trabalhando há alguns anos num outro romance, que espero (desejo, preciso, morro por) finalizar ainda neste ano.

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Qual tende a ser o tema central de tuas conversas com os leitores por aqui? O que esperas poder desenvolver?
Acredito que um tema que acaba surgindo com frequência é o da escrita entre línguas, o fato de a minha literatura acontecer em espanhol e em português, às vezes no entrelugar, é algo que gera muita curiosidade. Outro tema é a experiência migratória de uma forma geral, e a venezuelana, particularmente. Acho que, de alguma forma, sempre escrevo sobre ocupar espaços que não me pertencem, ou seja, sobre experiências de exílio, de encontro com o Outro (o louco, o estrangeiro, o oposto). Por mais diferentes que sejam os assuntos em aparência, é esse tema que está no centro e, provavelmente, ele vai surgir na feira. Como venezuelana deste tempo, me interessa que assim seja.

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E como está atualmente a relação com teu país natal, a Venezuela? Como tens acompanhado os acontecimentos por lá?
A minha relação com a Venezuela é uma ferida aberta. Às vezes melhora, mas nunca se fecha e vejo distante a perspectiva da cicatrização. Acompanho sempre e intensamente o que acontece lá – talvez, o que mais me tira o sono é o que não acontece. O romance que estou por lançar, Voltar a quando, mergulha nessa ferida.

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