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OPINIÃO

Rose Romero: “À espera de Aquário”

Rachaduras no chão do bairro Planalto começaram a aparecer no sábado

Rachaduras no chão do bairro Planalto começaram a aparecer no sábado

Tomei muito banho de chuva na infância. Quando criar filhos era algo mais leve e nossa imunidade provavelmente muito maior, os pais não se assustavam com gripes e pneumonias. Nem sabiam o que era uma leptospirose. Um aguaceiro de verão, e lá estávamos a correr pela rua, as roupas encharcadas colando no corpo, uma alegria só por ser criança e livre. Já adultos, Magali, Daniel e eu tivemos um fim de tarde inesquecível em Pelotas depois de um domingo escaldante. Jovens universitários com direito a maluquices, saímos na tempestade cantando Aquarius e dançando de braços erguidos como se a esquina da Félix com a Dom Pedro fosse o Central Park.

Eu não tomo mais banho de chuva. Não tenho idade nem saúde para isso. Nos últimos tempos, até o prazer de dormir com o barulhinho dos pingos no telhado desapareceu. Agora, ouço o temporal sobre a cidade e me preocupo. Olho para o céu quando levanto e torço pelo sol. Quando ele aparece, corro para aproveitar, escancarar portas e janelas, mexer nas plantinhas, caminhar. Peguei ganas pelo aplicativo do tempo no celular, pois o diabo que sempre errava deu para acertar.

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Todos os dias, de uma forma particular e um tanto sem destinatário, agradeço pela sorte de estar a salvo da tragédia. Por estar a salvo dos prejuízos, a salvo de perder tudo dentro de casa. De perder a casa. Ou coisa pior. Assistimos assombrados às imagens. Águas que levam o esforço de uma vida. Que matam.

Pois esta semana, uma nova perplexidade veio se somar às perplexidades anteriores. Áreas inteiras de Gramado interditadas devido a imensas rachaduras. Até “autoridades” arriscam dizer que talvez um morro aqui, outro ali, despenquem completamente. E com eles, as moradias.

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Como isso foi acontecer? O que dirão os geólogos sobre o fenômeno no principal destino turístico do Estado? Será que surgirão crateras em outros locais? São temores inevitáveis. Temo pelos meus, pela comunidade onde vivo. Ninguém sabe o que esperar do clima no futuro.

Penso naqueles três amigos cantando encharcados em um fim de tarde nos anos 80, felizes e cheios de esperança: “Quando a Lua estiver na sétima casa e Júpiter alinhado com Marte, a paz guiará os planetas e o amor comandará as estrelas.” Passadas quatro décadas, a Era de Aquário é uma miragem. E, claro, não estou falando só do El Nino.

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