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Expectativa

Safra de tabaco entra em semana decisiva

Com a colheita do tabaco na fase final no Baixo Vale do Rio Pardo e bastante adiantada na área serrana da região, os produtores vivem a expectativa de nova rodada de negociação do preço da safra entre as entidades representativas da classe e representantes das indústrias. O encontro está agendado para terça-feira. Ao mesmo tempo, várias empresas abrirão na próxima semana a compra da colheita. No fim do ano passado, apenas a Souza Cruz começou a comercialização, inicialmente em Rio Negro (PR) em 11 de outubro, em Santa Catarina no dia 5 de dezembro e no Rio Grande do Sul em 6 de dezembro, com a interrupção no período de Natal e Ano-Novo e a retomada em 9 de janeiro. 

A comissão das entidades representativas dos produtores se reunirá terça-feira, às 8h30, na sede da Associação dos Fumicultores do Brasil (Afubra), quando os participantes analisarão a nova Lei de Integração para que sejam seguidas as atuais diretrizes. Depois ocorrerão os encontros individuais com as empresas Philip Morris, JTI, Universal Leaf Tabacos, Alliance One, China Brasil, CTA e Premium. O presidente da Afubra, Benício Werner, em entrevista à Rádio Gazeta esta semana, disse que os fumicultores aguardam a confirmação da tabela acordada com a Souza Cruz, no final de novembro, com reajuste de 8,35% sobre a tabela do ano anterior, pois não há outra forma de acerto sem o mesmo patamar.

 Com a proximidade da comercialização, aumenta a preocupação com a classificação entre os produtores. Com propriedade na localidade de Paredão, a 47 quilômetros de Santa Cruz do Sul e na divisa com Sinimbu, José Gustavo Back, 36 anos, encheu o primeiro forno com tabaco nesta safra na última semana de dezembro, com a esperança renovada de uma boa colheita depois de temer possíveis perdas pelo segundo ano consecutivo, desta vez por causa do sol forte e princípio de estiagem. A chuva pouco depois do Natal fez brotar novo ânimo diante da incerteza que rondava com o risco de nova frustração com o trabalho. E com as precipitações quase diárias nos primeiros dias do novo ano, as folhas nos pés aumentaram ainda mais de tamanho, crescendo a perspectiva de boa safra. 

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Casado com Mara Regina e pai de quatro filhos (dentre eles trigêmeos de 5 anos), Back divide as  tarefas no plantio e colheita com os vizinhos por meio da troca de serviços. Ele plantou nesta safra 28 mil pés de tabaco da variedade Virgínia, dos quais 12 mil pelo sistema de cultivo orgânico. Ele está na expectativa, pois lembra que em anos anteriores, quando houve alta produção, o preço pago sempre foi menor. Explica que já chegou a cultivar 100 mil pés, mas se endividou depois de uma safra com frustração por falta de chuvas. Observa que o setor não tem seguro para a estiagem. E sempre existem diversas despesas na propriedade. Na semana passada, por exemplo, um motor d’água fundiu e ele adiantou parte do que vai receber na venda da colheita para a compra do novo equipamento.

Incerteza na diversificação

Como forma de garantir mais uma fonte de renda e aumentar a segurança financeira da propriedade, em novembro do ano passado a família de José Gustavo Back começou a vender leite. Apesar da acentuada queda no preço desde que entrou na atividade – de R$ 1,51 pelo litro para os atuais R$ 0,94 – Back faz planos de ampliar o número de vacas, pois gera renda mensal e auxilia na compra de insumos. Mas também pretende seguir com o fumo para pagar as contas. O agricultor vê carências na assistência técnica para orientar sobre a diversificação nas propriedades. Distante do Centro da cidade, também observa que não há logística de apoio para o recolhimento de frutas e verduras. Outra reclamação é quanto à pouca atenção para as estradas do interior.

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Colheita nos três estados do Sul do País chega à metade

A colheita no Baixo Vale do Rio Pardo atingiu até o momento em torno de 75% da área de plantio. Nos três estados da região Sul do País, 50% da cultura foi recolhida das lavouras para as estufas e galpões. O presidente da Afubra, Benício Werner, afirma que a sequência de chuvas nos últimos dias não causou transtornos à produção. Os maiores prejuízos aconteceram com a pequena estiagem e sol escaldante poucos dias antes e depois do Natal, com a queima das folhas de ponta e a insuficiência de água no solo. 

Embora o volume comercializado até agora seja muito pequeno, Werner afirma que não há queixas dos produtores quanto à classificação. Até o momento, houve apenas a assinatura do protocolo sobre o valor do tabaco na safra 2016/2017 entre as entidades representativas dos produtores com a empresa Souza Cruz, estabelecendo o reajuste em 8,35% sobre a tabela do ano anterior. O índice representa 1,05 ponto percentual acima da variação do custo de produção, de 7,3%. Com isso, o preço de tabela pelo quilo do fumo do tipo TO2 é R$ 9,35 e o BO1 vale R$ 11,64. 

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A área de plantio nesta safra aumentou cerca de 10%, com o cultivo de 298 mil hectares, enquanto no ciclo anterior, as lavouras ocuparam 271 mil hectares. Na safra passada, a produção somou 525.221 toneladas, mas houve queda por causa dos problemas climáticos. Este ano, a estimativa aponta a produção de 674.145 toneladas, com aumento de 28%. Benício Werner lembra que as exportações em 2015 totalizaram 516.757 toneladas e as do ano passado devem fechar em 483.055 toneladas. Observa que a demanda gira em torno de 600 mil toneladas de fumo cru para vendas ao mercado externo.

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