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ECONOMIA

Salário em Santa Cruz supera o maior mínimo da América Latina

Primeira parcela do 13º salário deve ser paga até esta quinta-feira - justiça

Foto: José Cruz/Agência Brasil

A Prefeitura de Santa Cruz do Sul tem mantido o slogan Viver aqui é bom demais como forma de destacar pontos positivos do município. Ao que parece, ser assalariado por aqui também é bom demais. De acordo com o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), o rendimento médio do santa-cruzense é de 2,7 salários mínimos, ou seja, R$ 3.564,00. Esse valor supera o maior salário da América Latina, que é pago na Costa Rica: R$ 3.183,00.

É importante ressaltar que os costa-riquenhos têm esse valor como base de seus rendimentos. No Brasil, a equivalência é o salário mínimo, que, mesmo com aumento real, chegou a R$ 1.320,00, o quinto pior da América Latina. Fica à frente somente de quatro países, pelo menos dois deles em crise econômica agressiva: Venezuela, Argentina, República Dominicana e Colômbia.

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Os dados, apurados pela plataforma de descontos online CupomValido.com.br, levam em consideração informações oficiais atualizadas. O valor médio da região chega a R$ 1.751,00, cerca de 32% maior que no restante do Brasil.

No país dos maiores salários, a Costa Rica, onde se ganha 1,4 vez mais do que é pago no Brasil, a economia é forte nos setores de turismo, agricultura e exportação. Além disso, levando-se em consideração a expectativa de vida, a educação e a renda per capita, tem Índice de Desenvolvimento Humano (IDH) 0,809, considerado bem elevado. Em Santa Cruz do Sul, o IDH é 0,773, superando a média nacional: 0,754.

Na outra ponta do ranking está a Venezuela, que é o país com menor referencial no pagamento aos trabalhadores: apenas o equivalente a R$ 42,00. Os venezuelanos vivem uma crise severa, com Produto Interno Bruto (PIB) encolhendo e a inflação subindo vertiginosamente. Somente em 2022, o índice inflacionário da terra do presidente Nicolas Maduro superou os 300%.

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Custo de vida elevado

O valor do salário mínimo é um fator importante para verificar a qualidade de vida dos trabalhadores. Não pode, no entanto, ser considerado de forma isolada. É importante que seja levado em conta o custo de vida de onde mora a pessoa que irá recebê-lo.

A Costa Rica, por exemplo, paga o maior salário, mas tem San Jose entre os custos de vida mais elevados. No comparativo com Santa Cruz do Sul, é 64,5% mais caro viver no município costa-riquenho do que por aqui, no Vale do Rio Pardo. Grand Cayman, nas Ilhas Caiman, é o lugar mais caro para se viver na América Latina, seguido de Nassau, nas Bahamas. Montevidéu, no Uruguai, completa o pódio.

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O Brasil não lidera, mas tem presença significativa quando se leva em conta os 30 municípios com preços mais elevados. Oito deles são brasileiros. Santos é o que está à frente, na nona colocação. São Paulo, Brasília, Florianópolis, Rio de Janeiro, São José dos Campos, Porto Alegre e Vitória completam a lista.

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O levantamento Expatistan, que é feito na internet com base em informações de populares, aponta que uma pessoa gastaria, em Santa Cruz do Sul, R$ 3.607,00 para viver. Isso leva em consideração questões como moradia, deslocamento, alimentação e muitos outros itens que fazem parte do dia a dia.

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Levando-se em consideração que a renda média do santa-cruzense é de R$ 3.564,00, isso significa que o trabalhador deve fazer malabarismo com o orçamento doméstico para conseguir manter-se em dia com as contas e evitar os algozes do juro alto: cheque especial e cartão de crédito.

Pesquisa para reter talentos

Entendendo ser a questão salarial um importante quesito para a atração e manutenção de talentos nas empresas, a Associação Comercial e Industrial de Santa Cruz do Sul (ACI) organiza uma comissão para realizar pesquisa com empresas locais. O intuito, disse a diretora de gestão de pessoas da ACI, Kelli Geller, em entrevista ao jornalista Ronaldo Falkenbach, na Rádio Gazeta 107,9 FM, é dar enfoque à questão de cargos e salários.

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“A ideia é ter uma baliza dos valores salariais, sobretudo onde tem a maior rotatividade. Hoje, quando as empresas precisam de um norte sobre o assunto, acabam recorrendo a Porto Alegre e torna-se inviável”, explicou.

Salário baixo encolhe mercado

O economista Silvio Arend, professor da Unisc, explica que a questão do salário mínimo no Brasil é histórica e sua correção acompanhou a inflação em poucos momentos. “Com isso, seu valor real foi caindo ao longo dos anos”, aponta.

Como consequência dessa prática de desvalorização, afirma, há o empobrecimento da população e a dificuldade de ter um nível de vida minimamente adequado. “Isso reflete na economia, porque há menos demanda para as empresas, ou seja, menores vendas. Assim, encolhe o mercado interno.”

Apesar de ser apenas uma referência, que serve para balizar os demais salários da economia, o mínimo é praticado em larga escala no Brasil. Cerca de 70% dos profissionais formais ganham, no máximo, dois salários. Mais de 65 milhões de brasileiros têm rendimento inferior a R$ 2,5mil.

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“Se subirmos um pouco a régua para três salários mínimos, chegamos a em torno de 80% da população. Isso quer dizer pouco mais de R$ 3 mil. É pouco para dar conta de todas as necessidades das famílias”, frisa Arend. Ele entende ser necessária a implantação de uma política de valorização. “Havia uma regra clara, vinculando o aumento do mínimo ao crescimento da economia, ou seja, uma referência real e administrável. Não era um aumento intempestivo, em um percentual que desorganizaria a economia. Essa política foi fundamental para o crescimento da demanda interna”, argumenta.

O que faz a Costa Rica

O maior salário mínimo da América Latina é pago na Costa Rica, onde vive e trabalha, atualmente, o ex-prefeito de Rio Pardo Fernando Schwanke. Ele conversou com os integrantes da equipe do Instituto Interamericano de Cooperação para a Agricultura (IICA), onde atua, para que explicassem o que fez a Costa Rica chegar a esse patamar.

Eles contam que o país vem de um crescimento econômico nos últimos 25 anos, freado apenas pelos efeitos da pandemia. Um dos destaques seria a série de políticas ambientais, que criam uma marca verde, com estabilidade política e desenvolvimento estável.

Dessa forma, a Costa Rica tem as menores taxas de pobreza da América Latina e Caribe. A pandemia motivou, no entanto, o enfrentamento de desafios fiscais e sociais, com aumento de gastos públicos para diminuir os impactos do coronavírus. Foi percebido, então, aumento das taxas de desemprego e pobreza.

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A recuperação já começou em 2021, com a consolidação fiscal e resultados sociais que repercutiram no mercado de trabalho. O Produto Interno Bruto (PIB) cresceu 7,8% em 2021 e 4,3% em 2022. Com o arrefecimento da economia mundial, deve consolidar 2,7% em 2023. O Brasil, com recuperação mais lenta no pós-pandemia, teve crescimento de 5% em 2021 e de 2,9% em 2022, e tem previsão de chegar a 1% neste ano.

Um dos atrativos da Costa Rica é a política de incentivo implementada pelo governo, sobretudo para a indústria de alta tecnologia. Isenções fiscais e o elevado nível de residentes formados atraem o interesse de investidores externos.

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