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Toronto

Santa-cruzense está na final do golfe nos Jogos Pan-Americanos

O destino do golfe brasileiro nos Jogos Pan-Americanos de Toronto teve origem na indústria do fumo em Santa Cruz do Sul, foi gestado no Zimbábue e atualmente está na África do Sul. Adilson da Silva, de 43 anos de idade, com o seu português com sotaque carregado, é o melhor brasileiro no ranking profissional da modalidade e foi “resgatado” para participar deste Pan. Nessa sexta-feira, ele jogou 70 tacadas no campo de 18 buracos, duas abaixo do par, e terminou a segunda rodada em sétimo lugar. No dia anterior foi o 11º colocado, com 71 tacadas.

Na classificação geral, Adilson está em quinto, com 141 tacadas. À frente dele estão o chileno Felipe Aguilar (136), o peruano Luis Barco (138), o norte-americano Lee McCoy (138) e o canadense Austin Connelly (139). André Tourinho, o outro brasileiro no individual masculino, divide a nona posição com quatro concorrentes, cada um somando 144 tacadas nos dois primeiros dias. A terceira volta iniciou às 9 horas (de Brasília) deste sábado, 18, mesmo horário em que ocorre a final no domingo, 19, valendo medalha.

Filho de um carpinteiro e uma faxineira, o santa-cruzense foi caddy (pessoa que transporta os tacos do golfista) na década de 1980 nos campos do Santa Cruz Country Club, onde conheceu o fazendeiro do Zimbábue Andy Edmondson, que costumava fazer negócios por aqui. “Depois da escola, a gente ia lá procurar bola e ajudar a carregar (os tacos) para ganhar um dinheirinho”, conta Adilson. Após alguns anos, o fazendeiro o convidou para jogar profissionalmente no Zimbábue, origem de ídolos do golfe como Nick Price e Mark McNulty. Para convencê-lo, deu-lhe um saco com 14 tacos. “Eu só tinha um antes e passei a ter 14. Não sabia o que fazer.”

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Adilson chegou à África com um dicionário inglês-português embaixo do braço. Conta que decorou mais de 3 mil palavras para tentar se comunicar. “Pelo menos sabia o que eu estava dizendo”, justifica. Enquanto aprendia a se comunicar, descobria o que fazer com os 14 tacos que ganhou. Profissional desde 1994, ele se tornou o brasileiro com a melhor colocação no ranking profissional na história, chegando à 257ª posição no fim de 2013. Atualmente Adilson da Silva está na 313ª posição.

Olimpíada do Rio em 2016 anima Adilson da Silva

As pontuações nos circuitos africano, asiático e europeu garantiram a vaga no Pan para Adilson da Silva. Mas também são essas competições que sustentam a vida de sua família na África do Sul, motivo pelo qual o santa-cruzense teve de ser convencido pela Confederação Brasileira de Golfe a ir a Toronto. O Pan não conta pontos no ranking. A medalha de ouro não lhe garante qualquer premiação, que nos maiores torneios dá até US$ 200 mil ao vencedor. “É um sonho representar o País. Mas tenho que continuar jogando torneios e fazendo pontos. O Nico me abriu as orelhas”, revela Adilson.

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O resgate foi feito pelo diretor-técnico da CBG, Nico Barcelos, com alguns telefonemas insistentes para convencê-lo a participar do Pan. “Golfistas têm muitos gastos. Ao jogar uma Olimpíada, você não ganha dinheiro. Vai receber uma medalha. Para pessoas que estão acostumadas a jogar torneios com premiação em dinheiro, jogar uma Olimpíada… A não ser que você tenha jogado já uma Olimpíada, é difícil ter a dimensão de ser um campeão olímpico”, explica Barcelos.

A definição sobre quem participará da Olimpíada do Rio de janeiro sairá em julho do ranking profissional. Adilson é perseguido de perto por outro brasileiro, Lucas Lee, que se encontra na 330ª posição. Se classificado, o santa-cruzense terá dois apoios de peso: a mãe, que nunca o viu jogar no Brasil, e o fazendeiro Andy Edmondson, de quem foi caddy em Santa Cruz do Sul. “Ele disse que, se eu for para a Olimpíada, quer carregar para mim. Achei muito legal”, animou-se o golfista.

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