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RODOVIA

Situação da RSC-153 se agrava e vira ameaça para motoristas

Foto: Inor Assmann

Tráfego intenso de caminhões e sinalização precária são um desafio para os motoristas, especialmente em dias com chuva e neblina

Inaugurada no dia 15 de dezembro de 2010 pela governadora Yeda Crusius (PSDB), o eixo norte da antiga RSC-471, hoje RSC-153, nasceu com o propósito de trazer desenvolvimento para os municípios no trecho de 151 quilômetros que inicia em Soledade e finaliza no viaduto que interliga com a BR-471, em Santa Cruz do Sul (incluindo o trajeto da ERS–412). Passados 15 anos, a via se encontra em situação de abandono e tem sido cenário para acidentes, alguns com desfecho trágico. Esta situação tem causado preocupação para moradores, motoristas e lideranças políticas da região.

Na última terça-feira, 3, a reportagem da Gazeta do Sul percorreu o trecho de serra e circulou pela rodovia entre o viaduto com a RSC-287, em Vera Cruz, até o trevo de acesso a Gramado Xavier. O dia foi de chuva e forte neblina e mesmo com a pista molhada, alguns caminhões cruzavam em alta velocidade.

No percurso, foi possível identificar pontos de infiltração de água com riscos para aquaplanagem. A descida da chamada Serra da Santinha, entre os quilômetros 300 e 308, mostrou-se um dos pontos mais críticos.

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Nas margens da estrada há pouca sinalização e placas deterioradas pela ação do tempo. Além disso, o mato avança dificultando a visualização dos poucos letreiros existentes. Chama a atenção na descida da serra a presença de quatro placas instaladas pela Prefeitura de Vale do Sol para alertar sobre os perigos. Há ainda um ponto de desmoronamento de terra na região de Formosa, onde água e barro ficam sobre a rodovia. Entre Herveiras e Gramado Xavier, a rodovia apresenta buracos que parecem aumentar a cada chuva, com o movimento de caminhões.

Em dois anos, 46 acidentes com oito mortes na rodovia

Um levantamento do Comando Rodoviário da Brigada Militar de Santa Cruz do Sul, responsável pelo trecho, mostra que em 2024 foram 35 acidentes. Destes, 13 foram com danos, 16 com lesão e seis com mortes. Em 2025, até o dia 6 de junho, ocorreram 11 acidentes, dois com mortes. O trecho entre os quilômetros 300 e 307, onde está localizada a Serra da Santinha, teve duas ocorrências com óbito e duas com lesões em 2024 e duas com danos e duas com óbito em 2025. Os demais foram em pontos diversos da rodovia.

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Ao avaliar os números, o tenente Marcio Fontoura, comandante do Comando Rodoviário da Brigada Militar de Santa Cruz, destaca que os sinistros estão diminuindo na região em comparação com o ano passado. “Estamos quase fechando o primeiro semestre de 2025, de forma que, se mantivermos esta média, fecharemos o ano com um número menor de ocorrências em comparação a 2024. Isso tudo, dado ao nosso planejamento operacional, que pontua os locais com maior sinistralidade. A partir daí, empregamos nossos meios materiais e humanos a fim da redução da sinistralidade”, informou.

Morador de Herveiras, o agricultor e caminhoneiro Dirceu de Siqueira, 57 anos, lembra que trabalhou como operário e ajudou a construir o eixo norte no período de obras. Após a conclusão da rodovia, Siqueira foi um dos entrevistados pela Gazeta do Sul na reportagem Por que a 471 virou a estrada da esperança, que já apontava para os riscos do local.

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“A estrada da esperança foi uma ideia que criamos quando estava em obras por ela gerar desenvolvimento para os municípios desta região quando fosse concluída, pois encurta o caminho e poderia atrair empresas para a região”, conta. Passados 15 anos da inauguração, Siqueira afirma que mesmo com a rodovia disponível, o desenvolvimento econômico ainda não se expandiu na região. “Os municípios têm a agricultura como carro-chefe e com a rodovia poderiam atrair mais empresas e gerar empregos, mas isso não aconteceu. Estou frustrado porque a estrada da esperança não gerou o desenvolvimento que se imaginava quando ela foi construída”.

Além da falta de crescimento econômico, Siqueira vê com tristeza o atual estágio da RSC-153. “Vejo que vidas estão sendo perdidas. A estrada da esperança está se transformando na estrada da morte. Tem muitos caminhoneiros que não a conhecem e acabam se perdendo por falta de sinalização e orientação sobre os perigos”, alerta.

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Motorista cobra maior sinalização

O caminhoneiro Dirceu de Siqueira entende que o Departamento Autônomo de Estradas de Rodagem (Daer) reforçar a sinalização, principalmente na descida da serra. “O que tem são placas colocadas por iniciativa da Prefeitura de Vale do Sol, mas que são de pequeno porte e não chamam a atenção. Precisa colocar placas grandes avisando do perigo para que motoristas com caminhões pesados possam descer com segurança”, frisou.

Conhecedor da região, ele relata que no eixo norte são aproximadamente 20 quilômetros de descidas entre os municípios de Barros Cassal, Gramado Xavier, Herveiras, Sinimbu e Vale do Sol. “A ponte grande após a descida da serra da Santinha tem uma saliência onde um veículo em alta velocidade pela descida pode perder o controle. Está bem perigoso”, relata.

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Morador de Linha Cinco, em Sinimbu, o agricultor Dirceu Grade, 57 anos, conta que nove mortes já foram registradas no trecho da serra da Santinha nos últimos dois anos. “Isso aqui não tem sinalização, o mato está tomando conta e os motoristas não conhecem a estrada. Eles vão descendo em alta velocidade e acabam se perdendo. Peço que tomem providências para evitar que mais pessoas morram em acidentes”, finalizou.

Placas ajudaram a diminuir os acidentes, diz ex-prefeito

Quem cruza o trecho da RSC-153 que passa pela serra da Santinha observa quatro placas alertando os motoristas sobre os perigos da descida. As placas foram instaladas no dia 10 de outubro de 2024 pelo ex-prefeito de Vale do Sol, Maiquel Silva. Ele relata que nos anos de 2023 e 2024 teve várias audiências com o Daer, Secretaria Estadual de Desenvolvimento Metropolitano, Casa Civil e Associação Avante 153 em busca das melhorias para a rodovia. “Sempre fomos pegos por promessas. A audiência terminava, ocorriam os encaminhamentos sobre o que estava previsto, mas passavam os dias e nada acontecia. Cobramos muito a sinalização e nada foi feito”, lembra o ex-prefeito.

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Sem respostas e ações, o ex-prefeito e equipe instalaram algumas placas custeadas pelo município após o término do período eleitoral. “Realizamos a colocação de quatro delas no local considerado como o pior trecho que é a serra da Santinha. Desde outubro até agora tivemos um acidente com tombamento de carreta e óbito do motorista neste ponto. Percebemos que os motoristas estão lendo as placas e passaram a ter mais cuidado. Antes, em média, a cada 15 dias era um óbito, sendo bem assustador”, relata, destacando que a maioria dos casos envolveu motoristas que não conheciam a rodovia.

“Sabemos que colocar as placas não é compromisso da Prefeitura e sim do Daer. Somos taxados pela oposição, mas inúmeras famílias da região correm sérios riscos e acaba sendo uma responsabilidade nossa também cuidar da segurança das pessoas”, considerou. A Prefeitura também fez roçadas paliativas para melhorar a visibilidade para os motoristas.

Associação Avante 153 busca diálogo com o Daer para cobrar sinalização e melhorias

O presidente da Associação Avante 153 e vereador de Herveiras, Antônio Gildásio Corte Vieira, o Daio, 57 anos, relata a sua preocupação com a falta de segurança da estrada na descida da serra. “Estamos vivendo uma situação caótica. Antigamente a RSC-153 era a estrada da esperança e hoje ela é a estrada da morte. Temos vários problemas, principalmente com a falta de sinalização. Andar por lá à noite é um verdadeiro pesadelo porque não temos placas de sinalização e faixas refletivas para os motoristas se orientarem”, relata.

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O presidente confirmou que os acidentes fatais têm ocorrido em sua maioria no trecho de sete quilômetros de descida da serra da Santinha. “Muitos motoristas não conhecem a região, outros têm problemas com freios e mecânicos e tem aqueles que abusam da velocidade. Tivemos vários acidentes com danos materiais e outros onde as pessoas acabaram perdendo a vida. A serra da Santinha é o ponto mais crítico atualmente, entre Vale do Sol e Sinimbu”, ressalta.

Daio pede que o governo do Estado, através do Daer, tome providências o mais rápido possível. “A Prefeitura de Vale do Sol prestou um auxílio e por conta própria colocou placas de sinalização para avisar os motoristas. Agradecemos muito ao ex-prefeito Maiquel Silva e ao prefeito José Valtair dos Santos, o Nego, que sempre estão dispostos a ajudar para tentar amenizar a situação.”

Questionado se fez contato com o Daer para buscar melhorias para a rodovia, Daio confirmou que tentou duas vezes com a 3ª Superintendência Regional do Daer, em Santa Cruz do Sul, mas não obteve sucesso. “Teremos uma nova reunião da Comissão e vamos tentar novamente o contato com o Daer para tratar principalmente sobre a sinalização nos trechos mais críticos da nossa região”, disse o presidente. A comissão Avante 153 foi criada em 2021 por lideranças de sete municípios que integram a RSC-153. Participam políticos de Barros Cassal, Gramado Xavier, Herveiras, Sinimbu, Vale do Sol, Vera Cruz e Santa Cruz do Sul.

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O presidente destaca que mesmo com os problemas, a rodovia é importante para o desenvolvimento da região. “A estrada trouxe muitos benefícios. Ela é estratégica e pega todo o corredor de exportação que vem da região norte do Estado, mas hoje ela está com um mínimo de atenção do Estado. Vamos continuar buscando o melhor para que a 153 tenha o mínimo de condições de tráfego e segurança para todos”.

Daer busca empresa para melhorar sinalização

Por meio de nota, a assessoria de imprensa do Daer informou que desde o início do ano, a RSC-471 vem recebendo serviços para melhoria das condições de trafegabilidade. Na localidade de Coronel Prestes, no município de Encruzilhada do Sul, em 20 quilômetros houve a reperfilagem para corrigir a superfície da rodovia e, posteriormente, foi implantada uma segunda camada asfáltica. Também foi feita a pintura do eixo.

No restante da RSC-471, são realizadas regularmente operações tapa-buracos, segundo a assessoria. Sobre a RSC-153, foi feito reperfilagem em aproximadamente 10 quilômetros da rodovia, assim como pintura do eixo. Também são feitas operações tapa-buracos constantes. Sobre a sinalização, o Daer informa que está licitando um novo contrato para que esse serviço possa ser realizado.

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