Rádios ao vivo

Leia a Gazeta Digital

Publicidade

LUÍS FERNANDO FERREIRA

Situação de emergência

A cada seis horas e meia, no Brasil, uma mulher morreu por feminicídio em 2020. Três a cada quatro vítimas tinham entre 19 e 44 anos. A maioria (61,8%) era negra. Em geral, o autor do crime é uma pessoa conhecida: 81,5% dos assassinos eram companheiros ou ex-companheiros, enquanto 8,3% das mulheres foram mortas por outros parentes.

No ano passado, em meio ao isolamento social, o País contabilizou um total de 1.350 feminicídios. Sem falar em todos os delitos que não são fatais: a cada minuto de 2020, alguém ligou para um centro de denúncias informando uma situação de agressão contra mulheres. O Disque 190 recebeu 694.131 ligações sobre violência doméstica, 16,3% mais do que em 2019. O 190 é acionado em situações de emergência, para pedir intervenção policial no momento de um crime.

Esses dados estão na nova edição do Anuário Brasileiro de Segurança Pública, publicado nessa quinta-feira, 15 de julho, pelo Fórum Brasileiro de Segurança Pública (FBSP). Confirmam o que já percebemos todos os dias, acompanhando os noticiários: uma rotina de agressões covardes. Diante de tal realidade, a prisão do DJ Ivis nesta semana – artista de sucesso flagrado espancando a ex-mulher, em vídeos que circularam pelo Brasil – pode ter um efeito pedagógico relevante.

Publicidade

Sabe-se, hoje, que a simples determinação de medidas protetivas não inibe os criminosos. São frequentes os episódios em que eles as ignoram e voltam a atacar, e com mais fúria. Muitas vítimas sentem-se desestimuladas a procurar a polícia, pois julgam que isso não vai resolver seus problemas.

Uma repressão mais eficiente depende de fundamentos legais. Nesse sentido, a Câmara dos Deputados deu um passo adiante em maio desse ano, quando aprovou o aumento da pena mínima para o feminicídio. Pelo projeto de lei de autoria da deputada Rose Modesto (PSDB-MS), passaria para reclusão de 15 a 30 anos. Hoje a pena mínima é de 12 anos. A relatoria foi da deputada policial Katia Sastre (PL-SP). Agora, o texto será analisado pelo Senado.

O mais necessário, no entanto, é uma mudança cultural. Pode até parecer, mas a reação negativa ao comportamento do DJ Ivis não é um consenso. Prova disso é que, logo após a divulgação do caso nas redes sociais, ele ganhou pelo menos 235 mil seguidores no Instagram. Há quem aplauda.

Publicidade

LEIA OUTRAS COLUNAS DE LUÍS FERNANDO FERREIRA

Aviso de cookies

Nós utilizamos cookies e outras tecnologias semelhantes para melhorar sua experiência em nossos serviços, personalizar publicidade e recomendar conteúdos de seu interesse. Para saber mais, consulte a nossa Política de Privacidade.