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ENTREVISTA

Tabajara Ruas destaca a história gaúcha em obra literária

Foto: Rafaelly Machado/Banco de Imagens

O escritor Tabajara Ruas, autor de Os varões assinalados, esteve em Santa Cruz em setembro de 2024, no 7o Festival de Cinema

O escritor Tabajara Ruas, autor de Os varões assinalados, esteve em Santa Cruz em setembro de 2024, no 7o Festival de Cinema

Em 2025, a Revolução Farroupilha completa 190 anos desde a sua eclosão, em 1835, e 180 desde o seu término, com a assinatura do Tratado de Ponche Verde, em 1 º de março de 1845. Mas as suas reverberações seguem atuais e intensas em diferentes áreas do saber, da história à literatura, da música ao cinema, das artes visuais ao folclore. E este ano marca igualmente a passagem de quatro décadas desde o lançamento original de um romance que ambientou, pela via da ficção, a complexidade social, econômica, política e cultural do conflito da Província de São Pedro do Rio Grande do Sul contra o Império brasileiro.

Trata-se de Os varões assinalados: o grande romance da Guerra dos Farrapos, do escritor uruguaianense Tabajara Ruas, também cineasta, radicado em Porto Alegre. A narrativa ainda foi apresentada em três volumes (ou partes), pela L&PM, sob os títulos O país dos centauros, A República de Anita e A carga dos lanceiros.

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Tabajara tem forte ligação com Santa Cruz, a começar por sua amizade com a fotógrafa Dulce Helfer. Foi também patrono da 30ª Feira do Livro, em 2017. Em sua visita mais recente, em setembro de 2024, acompanhou o 7º Festival Santa Cruz de Cinema. Sobre sua relação com a temática farroupilha, nesta semana Ruas concedeu entrevista exclusiva à Gazeta do Sul.

Entrevista – Tabajara Ruas Escritor e cineasta

A primeira publicação de Os varões assinalados completa 40 anos em 2025. O que, nos anos 80, levou o senhor a esse projeto ficcional?
Acho que foi o fato de que era um tema muito comum no Rio Grande do Sul, muito popular, mas na verdade a gente sabia pouco sobre ele. Eu sempre quis aprofundar, conhecer melhor essa história. E foi o que eu fiz.

Como foi o processo de pesquisa e levantamento de informações?
Foi basicamente leitura. Li centenas de livros, que existiam e existem por aí, agora até em novas edições. Entre eles, a História da grande revolução, do Varela [obra em seis volumes, lançada em 1933 pelo historiador e diplomata Alfredo Augusto Varela de Vilares, nascido em Jaguarão, em 1864, e falecido no Rio de Janeiro, em 1943], que é obra-prima de pesquisa e de busca de entendimento da história do Rio Grande do Sul.

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O senhor chegou a pesquisar em Rio Pardo ou na região próxima?
Andei fazendo pesquisas por praticamente todo o Rio Grande do Sul, e na região central segui os acontecimentos que estavam nos livros de história relacionados àquele momento e à região.

os varões assinalados: o grande romance da Guerra dos Farrapos, de Tabajara Ruas. Porto Alegre: L&PM, 2023. 494 p. R$ 99,90.

Que personagens ou acontecimentos mais se marcaram na memória do senhor?
Chama-se Os varões assinalados porque é uma história masculina, de muitos homens empenhados numa tarefa difícil, horrível, numa guerra. Temos muitas guerras agora, e sabemos do horror que isso é. Quando eu escrevia, pensava naqueles homens, nas coisas que eles faziam. Ficava muito espantado com a argúcia deles, a capacidade de se reinventarem a cada dia. Afinal, era uma guerra civil, uma guerra de corpo a corpo, praticamente, e isso foi uma das coisas que mais me marcou. O mais impressionante dessa guerra é o coletivo, a força dos exércitos, tanto farroupilhas quanto imperiais, que, ao longo de dez anos, mantiveram aquele fervor guerreiro. Uma coisa que não esmoreceu nunca; eles mantiveram essa luz, essa força ao longo do tempo.

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E como foi conciliar história e ficção?
Essa é uma questão que tenho trabalhado ao longo de toda a minha vida literária, quando se trata de romances históricos, claro. É complicado, mas acho que consegui algum resultado com alguns personagens. Por exemplo: gosto muito do General Neto e do Bento Gonçalves, e tenho na memória presente o Capitão Teixeira Nunes, que era um exemplo para seus comandados, e também para seus superiores. Era uma figura ímpar, um grande guerreiro, e, pelo que se sabe, um homem de extrema honradez. O capitão Teixeira Nunes foi fundamental como comandante do corpo de lanceiros negros e foi o organizador do corpo, foi um líder desse corpo. Foi quem inspirou os escravizados a aceitarem fazer parte da guerra.

O que a Revolução Farroupilha representa na história do Brasil?
Representa uma mudança na mentalidade da população, que queria derrubar a monarquia, que queria uma república, como os farroupilhas proclamavam, e isso foi uma coisa fundamental naquele momento. Era o momento da revolução, de sair do estado monárquico para um estado de democracia.

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