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ECONOMIA

Tarifaço vai afetar competitividade do tabaco nos EUA, avalia setor

Valmor Thesing garante que não há previsão de demissões e que tabaco contratado com produtores será adquirido normalmente | Foto: Felipe Krause/Divulgação

Estudo preliminar realizado pelo Sistema Fiergs aponta que 85% dos produtos da indústria gaúcha vendidos aos Estados Unidos serão taxados em 50% a partir do próximo dia 6. Um dos segmentos afetados é o tabaco. O setor recebeu com grande preocupação a confirmação de que será aplicada a tarifa de 50% sobre as importações do produto brasileiro por aquele país.

Os Estados Unidos respondem por aproximadamente 9% do mercado do tabaco brasileiro e são o terceiro maior importador, tanto em volume quanto em valor. Segundo dados do Ministério do Desenvolvimento, Indústria e Comércio (MDIC/ComexStat), entre janeiro e junho deste ano o Brasil exportou 19 mil toneladas de tabaco para os Estados Unidos, gerando US$ 129 milhões em receita. No acumulado de 2024, foram 39,8 mil toneladas e US$ 255 milhões em vendas.

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O presidente do Sindicato Interestadual da Indústria do Tabaco (SindiTabaco), Valmor Thesing, afirma que a expectativa inicial era de que houvesse uma negociação ou prorrogação do prazo, o que não ocorreu. “A manutenção da tarifa cria uma situação muito complexa, e a competitividade do produto brasileiro no mercado norte-americano fica ameaçada. Podemos esperar, como consequência, uma redução drástica nos volumes exportados aos clientes americanos.”

No entanto, o representante das indústrias do setor assegura que não há nenhuma previsão de demissões. Thesing diz ainda que o tabaco que já foi contratado junto aos produtores por meio do Sistema Integrado de Produção de Tabaco (SIPT) vai ser adquirido normalmente pelas empresas, conforme regra dos contratos de integração.

“Como as empresas associadas ao SindiTabaco trabalham com o Sistema Integrado, oferecemos essa garantia e segurança para o produtor quanto à aquisição do volume já contratado”, reforça.

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Da safra 2025/2026 já contratada junto aos agricultores, cerca de 40 mil toneladas faziam parte da previsão de negócios com os Estados Unidos. “Se não for possível realocar esse volume de forma imediata para outros mercados, ele ficará estocado no Brasil”, explica o executivo. “No entanto, temos a expectativa de, nos próximos meses, redirecionar o montante que seria exportado aos Estados Unidos para outros destinos, pois exportamos para mais de cem países”, acrescenta Thesing.

Impacto

  • 50% – Aumento da tarifa sobre as importações de tabaco brasileiro, a partir de 6 de agosto.
  • 9% – Porcentagem das exportações brasileiras de tabaco que têm os Estados Unidos como destino.
  • US$ 129 milhões – Receita gerada pela exportação de 19 mil toneladas de tabaco para os EUA entre janeiro e junho deste ano.
  • 40 mil toneladas – Volume da safra 2025/2026 já contratado com os produtores que seria exportado para os EUA.

Indústria do Rio Grande do Sul permanece entre as mais prejudicadas pela elevação

A isenção anunciada pelo governo Donald Trump entre os produtos taxados em 50% a partir de 6 de agosto deixou o Rio Grande do Sul muito abaixo do Brasil. No País, 44,6% dos itens não sofrerão a aplicação da taxa máxima, enquanto no Estado esse percentual é de 14,9%.

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Com isso, a estimativa inicial é de que o Produto Interno Bruto (PIB) gaúcho possa ter uma redução de R$ 1,5 bilhão no próximo ano – a projeção inicial era de R$ 1,9 bilhão. “Essa medida do governo americano deixa a indústria gaúcha entre as mais prejudicadas do País”, resume o presidente do Sistema Fiergs, Claudio Bier.

A Federação das Indústrias do Estado (Fiergs), que já realiza mobilização junto aos governos federal e estadual, vai intensificar sua atuação frente a esse impacto. Foi constituído um comitê de crise liderado por Bier e formado por diretores, coordenadores de conselhos temáticos e representantes de sindicatos industriais afetados pelas medidas. Nesta sexta-feira pela manhã, haverá uma reunião desse colegiado.

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“Precisamos encontrar soluções no Brasil. Sigo na posição de que não devemos partir para retaliações. Um dos impactos seria, por exemplo, na importação de óleo diesel, que elevaria o preço do combustível no País e teria reflexo na inflação”, afirma Bier.

O estudo preliminar feito pela Fiergs aponta que mais de 140 mil trabalhadores atuam em setores expostos às medidas anunciadas pelo governo do EUA. A estimativa é de que 20 mil postos de trabalho estejam diretamente ameaçados no Estado.

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No documento divulgado pelos norte-americanos, alguns artigos do segmento de celulose e papel não terão mudança na tarifa aplicada, mas outros setores estratégicos para o Rio Grande do Sul foram taxados. Madeira e derivados, que estão sob uma investigação própria da chamada seção 232, permanecem também sem alteração até a conclusão do processo, mas correm o risco de sofrer elevação de tarifas mais adiante.

Bier reforça que a indústria gaúcha precisa de medidas compensatórias urgentes – nos aspectos tributário, de crédito e trabalhistas – e prazo maior para adequação. Na quarta-feira, 30, após o anúncio da decisão norte-americana, a Fiergs divulgou um posicionamento no qual expressa que “há espaço para novas ações por parte do governo do Estado e muito mais espaço ainda para medidas de natureza tributária, trabalhista e de crédito, entre outras, de parte do governo federal”.

“É importante que esses setores tenham fôlego para buscar novos mercados. Sabemos que um mercado não se faz de uma hora para outra, mas precisaremos de medidas semelhantes ao que houve na época da enchente”, detalha Bier. Um dos pleitos em negociação com o governo estadual é a liberação de créditos de ICMS para que as empresas possam usar os recursos emergencialmente.

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