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POLÍTICA

“Totalmente inadequado neste momento”, diz vereador sobre construção da nova sede da Câmara

Imagem do projeto

Durante entrevista à Rádio Gazeta FM 107,9, na manhã desta segunda-feira, 30, o vereador Eduardo Wartchow (Novo) voltou a se manifestar contrário à construção da nova sede da Câmara de Vereadores de Santa Cruz do Sul. Segundo ele, o momento financeiro do município não comporta um investimento de grande porte, mesmo que os recursos estejam disponíveis dentro do orçamento do Legislativo.

”Eu não posso desqualificar tudo que já foi feito no curso do tempo. […] o terreno que foi comprado, o projeto do terreno em relação à construção da nova sede e em nada disso posso atuar e nem vou desqualificar. Mas nós temos agora o momento de iniciar as obras, então. O que eu digo é que, nesse momento, com Santa Cruz passando por um decreto de contingenciamento e o Executivo tendo dificuldade de fechar as contas, não entendo como sendo um momento adequado para iniciar essa obra”, afirmou.

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A fala do vereador ocorre após entrevista da presidente da Câmara, Nicole Weber (PSDB), que defendeu o avanço da obra com o argumento de que o Legislativo gasta atualmente R$ 59 mil por mês com aluguel. Para Eduardo Wartchow, a economia com o fim do aluguel não justifica o investimento estimado em R$ 20 milhões. Ele usou um exemplo: “Se você tivesse R$ 20 milhões, deixaria aplicado no banco, rendendo, e usaria os rendimentos para pagar o aluguel. O imóvel próprio representa também um custo de oportunidade.”

O parlamentar também rebateu o argumento de que a Câmara utiliza apenas parte do orçamento a que tem direito. “É o mesmo dinheiro. O recurso do Legislativo é da mesma fonte do Executivo. Não tem como dizer que um está com as contas em frangalhos e o outro pode construir prédio novo”, apontou. Segundo ele, o percentual de repasse à Câmara em Santa Cruz gira em torno de 2,5%. ”Nem considere esse percentual de 6% porque isso nem chega e seria um absurdo. Imagina chegar a R$ 40 e tantos milhões por ano para o Legislativo, não faz nenhum sentido”, explicou.

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“Precisamos olhar para o essencial”

Durante a entrevista, Eduardo Wartchow ressaltou que a prioridade, neste momento, deve ser reequilibrar as finanças municipais. “A função número um do vereador é a fiscalização das contas públicas do município. Eu não consigo entender que a nossa casa se sinta confortável de ver que o município está passando por um contingenciamento e, ao mesmo tempo, nós estamos à margem disso. Não é assim”, declarou.

Questionado sobre problemas de infiltração no prédio atual — citados por Nicole Weber Covatti como um dos motivos para a necessidade da nova sede —, o vereador minimizou a questão. “Todo prédio vai ter os seus problemas de manutenção. Inclusive se fizermos uma sede nova, vai ser uma questão de tempo também, vamos ter que ter um gasto relevante com manutenção. A minha sala, por exemplo, sequer tem janela. Não estou reclamando disso, mas é preciso ter clareza sobre o que é prioridade no momento”, defendeu.

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Contra emendas impositivas e aumento de cadeiras

Outro tema abordado durante a conversa foi a proposta de criação de emendas impositivas para vereadores — mecanismo semelhante ao que deputados federais utilizam para destinar verbas a projetos específicos. Eduardo Wartchow foi decisivo. “Sou totalmente contrário. Isso é reflexo de Brasília, e prejudica muito quando a gente pensa numa renovação política. Se eu tiver R$ 100 ou R$ 200 mil por ano para distribuir, na eleição vou ter muito mais força que um novo concorrente. É dar poder a quem não deve lidar com orçamento”, pontuou.

Da mesma forma, o vereador se posicionou contrário à possibilidade de ampliar o número de cadeiras na Câmara de 17 para 19, conforme permite o novo Censo. “Temos 17 vereadores. O que 19 fariam que 17 não conseguem? O que mais me incomoda é o efeito simbólico disso. É uma cascata que se espalha pelo país, e quem paga é o contribuinte. O setor público cresce demais, sem perguntar se o cidadão consegue bancar esse custo”, criticou.

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Crítica ao crescimento de gastos

Na avaliação de Eduardo Wartchow, parte da crise fiscal enfrentada por Santa Cruz é reflexo de uma série de eventos atípicos, como entrada de recursos emergenciais durante a pandemia e a venda da Corsan, que criaram uma falsa sensação de equilíbrio. “Chega uma hora que a conta chega”. Ele explicou que, embora o orçamento total do município se aproxime de R$ 1 bilhão, os recursos realmente livres — que podem ser usados para gestão — giram em torno de R$ 300 milhões. “É com isso que se tem que manter toda a estrutura e atender a uma série enorme de demandas.”

Ele contou que tem se reunido semanalmente com o secretário da Fazenda, Bruno Faller, para compreender em detalhes o orçamento e buscar soluções. “Queremos virar as contas de cima a baixo. Ver onde está o problema, aprender com isso e não repetir os erros.”

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Ao final da entrevista, o vereador reforçou que sua crítica não é contra a ideia da sede própria, mas sim contra o momento escolhido para iniciar a obra. “Quando as contas estiverem equilibradas, aí volto à questão. Não discuto o mérito da sede, nem o projeto, nem o terreno. Minha discussão é sobre o momento. Considero totalmente inadequado”, declarou.

*Colaborou Carina Weber e Márcio Souza

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