Na semana que passou voltou ao debate uma questão que já ocupou noticiários ao longo de vários anos, em sucessivas administrações municipais de Santa Cruz do Sul: a ampliação e modernização do atual Aeroporto Luiz Beck da Silva, em Linha Santa Cruz, ou a implantação de um novo aeroporto regional.
Retomo esse assunto porque, desta vez, há um novo componente no enredo: o interesse da iniciativa privada, de empresários, investidores, que enxergam no horizonte um retorno que a política não consegue dimensionar. Porque é imediatista.
Exatamente há um ano, na edição de 13.06.2024 da Gazeta do Sul, quando retornava à cidade depois da enchente catastrófica que arruinou e traumatizou o Estado, escrevi um artigo sob o olhar de quem acompanhou o pesadelo à distância e que estava angustiado para voltar para casa.
Falei do cenário assombroso que vi, mas também “de projetos que sobreviveram ao naufrágio da esperança, afirmações que nem poderia imaginar. A consolidação de Santa Cruz do Sul como polo logístico, por exemplo.
Publicidade
Diante da magnitude da devastação em outras cidades e polos regionais, o município se revelou um porto seguro para sediar empreendimentos e para ser o grande centro de distribuição para todo o Estado. Falta um quesito, definitivo para a elevação a um novo patamar: um aeroporto regional para absorver a demanda de toda a região central e dos vales e alternativo ao Salgado Filho, de Porto Alegre, como ponto de chegada e de saída de voos no Rio Grande do Sul.
Toda a região central e dos vales não comportaria um aeroporto com conexão direta com São Paulo, por exemplo? Acho que precisamos ousar, acreditar e oferecer condições para ambicionar empreendimento desse porte. A começar por um estudo sobre a melhor localização da estrutura. Investir em ampliação e modernização do atual Aeroporto Luiz Beck da Silva, por certo será a opção mais viável do ponto de vista financeiro.
Mas, de olho no futuro, quem sabe os campos e as coxilhas de Passo do Sobrado e Vale Verde e sua fácil conexão com a RSC-287 não seriam melhor alternativa? Ou o descampado às margens da BR-471, entre Santa Cruz e Rio Pardo?
Publicidade
Localização estratégica na região central do Estado, fácil acesso para todo o polo regional e para a Capital, nos credenciam, sim, como centro de distribuição e embarque de cargas, mas também de chegada e saída de passageiros, como já ocorre nos grandes eventos”.
Pois é. Um ano depois, reafirmo o que escrevi, com um reparo: a impressionante expansão imobiliária que vem ocorrendo em Linha Santa Cruz nos últimos anos e os novos loteamentos já em fase de implantação descartam novas projeções para o atual aeroporto. São perspectivas incompatíveis, nem preciso justificar.
Por que engessar o futuro quando se tem a alternativa de ousar e abrir janelas para novos horizontes? Mas, definitivamente, que não seja só mais um ensaio. Precisamos dar um passo adiante e superar o plano das intenções.
A propósito, faço um registro para que eu me desminta (ou não) em futuro próximo. Saiu na imprensa: o Estado confirma recursos de R$ 56 milhões (!) para reconstrução da estrada de Linha do Rio, em Candelária. Prazo para execução a contar da assinatura da ordem de serviço: 18 meses!
Publicidade
Só para lembrar aos que ainda se entusiasmam com anúncios dessa ordem: a rodovia que liga duas das mais antigas cidades do Estado – Rio Pardo e Cachoeira do Sul – importante corredor para escoar a produção, ainda não teve a pavimentação concluída depois de 40 anos de promessas.
Infelizmente, nossos governos, em todos os escalões, se elegem e se sustentam em cima de fanfarronices demagógicas, de obras e promessas fantasiosas.
Quanto ao aeroporto, eu não alimentaria essa perspectiva se dependesse somente de ação governamental. Mas posto sob o radar de investidores, começo a ter esperança.
Publicidade