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ELENOR SCHNEIDER

Um renovado olhar

Quando andamos sempre pelos mesmos espaços, quando percorremos sempre as mesmas trilhas, corremos o risco de perder o encantamento. Inúmeras vezes, pessoas estranhas ao nosso ambiente habitual reacendem nosso olhar para um quadro, uma planta, uma praça, uma rua, uma paisagem, um pôr do sol ou uma alvorada ante os quais há muito perdemos a sensibilidade, a conexão estética. Eles guardam uma beleza há tanto tempo anestesiada em nós, embora infinitamente à nossa frente.

Sempre achei estranho que os moradores do litoral dessem pouca atenção ao mar. Enquanto isso, os visitantes ocasionais e os veranistas não cansam de apreciar esse gigante, ora movendo as calmas ondas, ora rugindo em furiosas vagas a açoitar a praia. O mesmo acontece com quem convive com as montanhas, as serras, os vales que se espraiam lindos mas já se alojaram quase indiferentes nas almas de seus habitantes.

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Os turistas locais, quando viajam, se encantam com as catedrais do mundo, as pequenas ermidas dos vilarejos estrangeiros, porém passam ao largo da nossa imponente catedral, ignoram as riquezas das singelas e ricas igrejinhas do interior. Só apreciar um amanhecer ou um entardecer batendo nos vitrais da catedral já propicia inestimável suavidade e paz.

Quem percorre de carro as ruas da cidade ou as estradas do interior, quase não se dá conta dos prédios históricos, da ousada arquitetura moderna, dos monumentos, das praças e vias arborizadas, das moradias simples, mas bem preservadas, dos jardins, das bucólicas cenas de gado pastando, das lavouras viçosas, alinhadas e bem cuidadas. Quem se desloca a pé e tem um pouco de atenção e sensibilidade, pode chegar mais perto de ver aquilo que muitos não mais conseguem ver.

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Cresce o número de pessoas que aderem a caminhadas, a passeios guiados, ao ciclismo de lazer. Todos esses movimentos certamente buscam devolver ao ser humano um pouco de tranquilidade, despertar nele a capacidade e a possibilidade de reanimar as pequenas belezas adormecidas dentro de cada um. E de presente ainda oferecem o silêncio.

Com o engenheiro florestal Jorge Farias aprendi a admirar o movimento das folhas das árvores. Nunca antes me dera conta de observar como são lindas e diferentes as reações dos galhos e das folhas, das variadas espécies, quando agitados por brisa suave ou por agressivo vendaval. E cantam, as folhas das árvores assobiam, cantam. Muitas vezes, só notamos as árvores quando tombam ou quando descartam folhas, quase nunca lhes damos atenção durante as dezenas de anos em que nos acolhem e protegem.

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Resta o convite para olharmos com carinho nossos mínimos objetos, nossa casa, nosso jardim, nosso bairro, nossa cidade. Tudo pode ser pequeno, simples, mas o afeto e o respeito têm o poder máximo de atribuir sentido. Um gato feio de doer, porém acolhido com carinho por alguém de alma generosa, torna-se companheiro, amigo, um ser suficiente para aplacar a solidão. “Para o sapo, a sapa é bonita”, dizia um professor meu.

O dicionário Aurélio define rotina como um caminho já percorrido e conhecido, em geral trilhado maquinalmente. Desde o despertar da manhã até o adormecer à noite, temos incontáveis oportunidades de um olhar renovado, a começar pelas mínimas coisas que nos cercam.

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