A cena literária ganhou em 2025 a agregação de centenas ou mesmo milhares de novidades. Expoentes nacionais e internacionais colocaram nas livrarias suas obras mais recentes, e com isso a cultura se engrandece e se fortalece, para alegria dos leitores. Em Santa Cruz do Sul, a agenda de lançamentos foi intensa, o que perdurou até a reta final do ano, com sessões de autógrafos em torno de gêneros como poesia, crônica, artigo e narrativa ficcional.
Já em âmbito de Rio Grande do Sul, ficou reafirmada a proeminência dos autores gaúchos no conjunto da literatura brasileira. A Feira do Livro de Porto Alegre, em especial, proporcionou momentos de contato com escritores e escritoras de diferentes gerações, entre os dias 31 de outubro e 16 de novembro. A patrona da edição foi a cronista Martha Medeiros, que, por sinal, fora igualmente a grande estrela do evento em Santa Cruz.
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No País, em meio a centenas de lançamentos, destaque para O jardim das oliveiras, novo livro da poeta mineira Adélia Prado, e ainda para o romance Visita ao pai, do catarinense Cristóvão Tezza, radicado em Curitiba, um dos mais premiados autores contemporâneos, por obras como O filho eterno e O fotógrafo.
Por fim, no contexto global, o ano foi marcado pela consagração do escritor húngaro László Krasznahorkai, anunciado em outubro como ganhador do Prêmio Nobel de Literatura de 2025. Até então, um romance dele estava traduzido no Brasil, Satántangó, lançado pela Companhia das Letras. Na reta final de ano, a mesma editora colocou nas livrarias uma segunda obra. Já outro certame muito respeitado, o Man Booker Prize, premiou o canadense David Szalay pelo romance Flesh, ainda não traduzido no Brasil.
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As pátrias de Aidir Parizzi
Um livro de um santa-cruzense radicado na Inglaterra pode ser apontado como o fato literário do ano na região. Trata-se de Pátria estrangeira, terceiro volume com relatos de viagem assinados pelo engenheiro mecânico, mestre em Engenharia e especialista em Termodinâmica Aidir Parizzi Júnior, lançado em novembro, com o selo da BesouroBox. A exemplo do que fizera em duas obras anteriores, Mar incógnito e Embarque imediato, Parizzi traduz em textos suas impressões decorrentes de viagens para mais de uma centena de nações, de todos os continentes. Nesse novo conjunto, amplia seu olhar sobre cidades, regiões, países e em especial sobre a história e a cultura desses espaços. As crônicas de Aidir são também um convite a se render, com curiosidade, às lições e exemplos que os mais diversos povos podem legar à humanidade. Radicado no Reino Unido, a partir de lá Aidir viaja com frequência por todos os continentes, e assim tem acesso privilegado a hábitos e costumes que ajudam a forjar culturas únicas, com muito a ensinar.
O lago de Carolina Panta
A história de uma assistente social que se aproxima de famílias de áreas vulneráveis nas ilhas do delta do Rio Jacuí e do Guaíba, nas cercanias da capital gaúcha, o que inclui as regiões afetadas diretamente pela construção da nova ponte, é contada pela porto-alegrense Carolina Panta no romance Falso lago, lançado pela editora Zouk. A obra rendeu à autora o Prêmio Açorianos de Narrativa Longa, o mais importante concedido em realidade de Rio Grande do Sul na cena literária. E com total justiça. Além do pleno domínio que ela revela sobre a escrita, o enredo por si só é instigante. Ocorre que o romance menciona o drama da enchente, com reflexos sobre os povos ribeirinhos e sobre o Centro Histórico da capital. Detalhe: o livro é anterior aos acontecimentos vividos pelos porto-alegrenses em virtude da enchente de abril e maio de 2024. A personagem principal reencontra-se no contato com o universo ribeirinho, testemunhando a força do natureza, sempre desafiadora, mas também leva essa experiência ao espaço urbano.

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Cristovão Tezza lembra do pai
O romance O filho eterno, de Cristovão Tezza, lançado em 2007, é um dos maiores best-sellers do século 21 até o momento no Brasil. Mais do que isso, mereceu calorosa acolhida de crítica, conquistando em sequência prêmios como os da Associação Paulista dos Críticos de Arte (Apca), Jabuti, Portugal Telecom e São Paulo de Literatura. Foi um ponto muito alto de uma carreira como autor que ainda legou obras como O professor, O tradutor, Juliano Pavolini e A tensão superficial do tempo. Em 2025, Tezza voltou às livrarias com um novo romance, no qual lida com memória familiar: Visita ao pai, lançado pela Companhia das Letras. A partir de cadernos com apontamentos deixados pelo seu pai, João Batista Tezza, falecido em 1959, em razão de um acidente de lambreta, Cristovão constrói uma narrativa na qual a existência de seu progenitor vai sendo iluminada em paralelo a situações de sua própria época. É uma obra que honra a melhor literatura já produzida no Brasil, e agrega um fôlego novo à produção contemporânea.

A consagração da literatura húngara
O mundo rendeu-se, na reta final do ano, à cultura húngara. No início de outubro, o romancista László Krasznahorkai, de 71 anos, foi anunciado como o vencedor do Prêmio Nobel de Literatura, a maior distinção a um autor em realidade global. Antes dele, outro escritor de renome desse país, Imre Kertész, fora igualmente agraciado, um sobrevivente dos campos de extermínio da Segunda Guerra Mundial que repercute essa experiência em sua obra. No caso de László, apenas um dos seus livros, Nostalgia, estava disponível nas livrarias brasileiras. A Companhia das Letras acaba de incluir o novo vencedor em sua célebre coleção Nobel, com o lançamento do romance O retorno do barão de Wenckheim, com tradução de Zsuzsanna Spiry. Na história, um velho aristocrata retorna da Argentina, onde morara por décadas, para a sua terra natal, no interior da Hungria. Chega arruinado, pois gastou todo o seu dinheiro em jogos, e agora começa a alimentar uma série de boatos em torno das motivações que o teriam feito voltar a seu país.

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