A história começou no Chile e foi parar em Linha Verão, no interior de Sinimbu. Como a própria família salienta, é uma jornada de surpresas e boas coincidências que faz qualquer um chegar à conclusão: era para ser. Do funcionário público que não era muito fã de cachorro para o tutor que já não consegue mais imaginar os dias sem a companhia do beagle Frederico, o cão patroleiro.
Quando o som da patrola interrompe o silêncio do pequeno paraíso no qual reside, Fred, para os mais íntimos, corre em disparada. É quando Paulo Roberto Weigel, de 51 anos, também conhecido como Kiko, abre a porta da cabine para receber o amigo de quatro patas. A partir dali, a dupla segue caminho, amparada pela alegria do encontro e pelos mistérios da estrada. “Teve uma vez que eu não iria levar ele, pois precisava ir mais longe. Quando cheguei no lugar, o Fred já estava me esperando. Acabou passando o dia todo comigo.”
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O espírito aventureiro, aliás, parece ser coisa de família. O pai de Frederico, o beagle Bundy, foi encontrado por um viajante em meio à neve no Chile. Ao ser adotado, passou a residir em Canoas, mas vivia planejando fugas. Depois foi doado a uma família de Cachoeira do Sul, onde também não queria fixar raízes.
Um colega de Kiko, por sua vez, acolheu o cão no Vale do Rio Pardo, numa nova tentativa de se transformar em lar. Mas foi somente quando chegou à propriedade do motorista e da esposa Dirse Angeli Jackisch, 60, que finalmente Bundy sossegou. “Quando a gente soube que o rapaz queria doar, logo fomos buscar. Pegamos, largamos aqui e nunca mais fugiu”, recorda a tutora.
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Logo em seguida, Bundy foi presenteado com uma namorada, a beagle Mel. Juntos tiveram seis filhotes, entre eles o Frederico, que nasceu no dia 23 de novembro de 2017. “Nós ficamos com três, mas eles sempre fugiam quando não estávamos em casa. Por isso, decidimos doar. O Fred também foi, mas ficou só quatro dias na outra morada. Logo buscamos ele de volta”, conta Dirse. E, assim como o pai, ao voltar para o berço natal, nunca mais fugiu.
Vida de patroleiro
A mãe de Frederico faleceu quando ele tinha dois meses de idade, devido ao ataque de uma cobra. O pai, por sua vez, foi levado naturalmente pela idade. Quando retornou ao lar de origem, após ser doado, Fred viveu dias de tristeza por não ter a vida de aventuras ao lado dos irmãos. Foi aí que Paulo Weigel decidiu experimentar algo novo, numa tentativa de animar o pet. “Um dia o Kiko resolveu colocar o cachorro dentro da patrola, para fazer companhia. E aí ele ficou feliz de novo. Parece que ali em cima ele está em casa”, conta.
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Hoje, a rotina está consolidada. Quando precisa operar a patrola nas proximidades de casa, Kiko para em frente à propriedade para que o companheiro possa embarcar e dar início à jornada. Basta Fred escutar o ronco do motor para seguir em disparada. “Há alguns anos, eu nem gostava de cachorro. Comecei a gostar por causa da mulher. Mas esse aqui é diferente. Parece que era pra ser”, comenta o motorista do maquinário, no ofício há mais de 30 anos.
Surpresas da vida
Assim que o cão nasceu, em 2017, Paulo Weigel o escolheu para permanecer na família. “Eu que escolhi, cabia na palma da minha mão”, conta. A esposa, Dirse Jackisch, lembra que o marido cismou para que o filhote se chamasse Frederico. “E não é que, há dois anos, num encontro de família, ele descobriu que o bisavô tinha esse mesmo nome?”
Entre uma coincidência e outra, hoje Frederico vive com os irmãozinhos, a collie Maya e os de raça indefinida Alemãozinho e Peludinho. Quando não está na lida da patrola, curte os dias em meio à natureza, brincando, dormindo e comendo. Uma vida digna de um bom patroleiro.
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