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Da terra e da gente

A direção a seguir

Em época de trânsito difícil e de festejos relacionados ao motorista, vem à lembrança o tráfego mais calmo de outros tempos, embora os dois primeiros veículos automotores existentes em Santa Cruz do Sul, na década de 1910, já provocassem acidente ao desfilarem no Centro da cidade. Os condutores teriam se descuidado ao dividirem as mãos na condução dos seus carros e no abano aos curiosos assistentes.

A preocupação com a segurança no trânsito, pois, já está presente desde os tempos iniciais do automóvel. Vale lembrar que, no mundo, o primeiro carro foi criado em 1886 por Karl Benz, na Alemanha, e no Brasil, o primeiro a circular foi um Peugeot, em 1891, trazido de Paris por nada menos que nosso conhecido pioneiro da aviação, Santos Dumont. O número cresceu com a instalação da Ford, em São Paulo, em 1919, e a indústria brasileira na área se tornou realidade na década de 1950.

Venho de uma família de pequenos agricultores do interior santa-cruzense que era uma das poucas que tinha o privilégio de possuir automóvel, na região de Monte Alverne, onde o avô Pedro Kist adquiriu o famoso modelo Ford 1929 e o pai, Carlos, vinha a ser o motorista, nos tempos de 1930/40. Depois, nos anos 1960/70, passou a ter seus próprios carros, os conhecidos Rural Willys, que começaram a ser fabricados no País no final de 1950, servindo aos usos da família (para negócios na vila e na cidade, para ir na missa aos domingos, e eventuais passeios) e às necessidades dos vizinhos, em especial no socorro aos doentes.

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Um dos aspectos do uso do carro que ainda se lembra daqueles tempos é a forma de indicar a direção a seguir. Inclusive instruções oficiais de 1939, repassadas então ao condutor Carlos, apontavam vários sinais que deviam ser feitos quando fossem dobrar à esquerda ou à direita, diminuir a marcha e parar. Para tanto, era exigido que se colocasse o braço esquerdo para fora do carro, executando diferentes movimentos de acordo com a manobra pretendida, onde o mais interessante referia-se a dobrar à direta, onde o condutor precisava colocar o braço para cima.

Mas desde 1928, de novo na Alemanha, a Bosch já fabricava setas direcionais, no início até ridicularizadas em outros países, como exagero de organização alemã, mas acabaram sendo adotadas aos poucos, até que os tradicionais pisca-pisca fossem introduzidos, a partir dos anos 60. Armin Kist, conhecido empresário da mecânica de carros em Monte Alverne, diz que iniciou na profissão instalando esses equipamentos. A legislação brasileira de trânsito os identifica hoje como “luzes indicadoras de direção”, mas registra que ainda vale “o gesto convencional de braço”. A tradição persiste, lei não falta, o que precisa é sinalizar e respeitar os sinais, para que a vida seja respeitada.

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