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Economia

O barato que pode sair caro

Diante da crise que se instalou no Brasil, atingindo mais a alguns, menos a outros, o brasileiro teve que aprender ou reaprender o que é economizar, principalmente nas comprinhas do dia a dia. Já nas compras de valor maior, além das restrições de crédito, o consumidor também começou a fazer mais contas, para evitar futuros problemas. O resultado é que o comércio está perdendo consumidores que, antes, não se preocupavam tanto com o preço, condições de pagamento, sua capacidade pagamento de prestações no presente e futuro, etc. O consumidor tem trocado a compra pelo conserto de sapatos, eletrodomésticos, etc.  É uma tendência natural do ser humano – o instinto de preservação -, principalmente em tempos de dinheiro mais curto, não gastar com a compra de algo novo, quando é possível consertar ou recuperar  algum produto usado. Nesse caso, entretanto, é fundamental observar a velha lei da relação custo/benefício: vale a pena mandar consertar ou investir num produto usado?  Depois de feita a manutenção ou o conserto, quanto tempo a mais de vida útil ele poderá ter?

Quando se fala em educação financeira, uma das recomendações básicas, sempre presentes, é que o consumidor, antes de comprar qualquer coisa ou contratar um serviço, precisa pesquisar preços. Claro, para valorizar o dinheiro que se tem, é essencial cuidar para não pagar a mais desnecessariamente. Assim, grande parte das pessoas opta por bens ou serviços mais baratos.  Muitos consumidores, também, aproveitam eventuais descontos ou até correm atrás de promoções, muitas vezes percorrendo grandes distâncias, com o que podem comprometer eventual ganho. Além disso, ao comprar em outro bairro ou outra cidade, sem perceber, as pessoas estão prejudicando a elas próprias. O dinheiro que poderia circular no bairro ou   cidade onde moram, gerando mais empregos, renda e desenvolvimento naqueles lugares, quer dizer, valorizando os próprios condomínios ou residências, vai fazer exatamente isso, só que em outras localidades.

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Qual é o problema, então? É que o barato pode custar mais caro, principalmente se não for observado que preço é uma coisa, valor é outra. Gustavo Cerbasi, educador financeiro, palestrante e autor de livros, além de outras atividades, num de seus vídeos com dicas, comenta a história de um empresário brasileiro que importa produtos da China. Diz esse importador que por comprar em menor quantidade, devido à escala de baixo consumo no Brasil, comparado a outros países, o preço que precisa pagar aos chineses é mais caro; seria mais lucrativo para ele mudar-se para Miami e arrematar os produtos chineses, rejeitados pelos importadores dos Estados Unidos, por causa de problemas de qualidade, frequentes nas mercadorias vindas da China e que os consumidores americanos não compram.  O preço que pagaria em Miami seria mais barato do que ele paga aqui, importando diretamente da China.

O que se pode deduzir dessa história é que, grosso modo, muitas vezes compramos aquilo que o mundo rejeita, isto é, produtos que consumidores mais exigentes de outros países não aceitarm.  Ao  basear nossa decisão de comprar apenas pelo preço mais barato podemos estar adquirindo embalagens menores, que desperdiçam conteúdos ou que não abrem direito; produtos alimentícios com menos nutrientes; tecidos de pouca qualidade; brinquedos que oferecem riscos de acidentes para as crianças; planos de telefonia mais baratos , mas que podem não atender às necessidades essenciais ou apresentar falhas ; casas com problemas de construção, material de pior qualidade;  até carros que não funcionam direito.

Infelizmente, o cenário de crise, em que todo mundo procura reduzir custos, pode trazer algum retrocesso na qualidade de produtos ou serviços oferecidos. A maioria das cervejas, por exemplo, não contem mais cevada em sua composição, mas milho transgênico.  Por isso, Gustavo Cerbasi recomenda que o consumidor fique atento e, quando for o caso, comece a exigir qualidade. Dá trabalho, é chato, eventualmente até constrangedor?  Sim, sem dúvida, mas é preciso mudar nossa mentalidade de consumidores vira-latas que aceitam ou se conformam com qualquer coisa.  Toda vez que for pesquisar preços, procurar saber por que algum produto ou serviço está custando mais barato.  Às vezes, em busca de menores custos, a empresa oferece produtos ou serviços piores, prejudicando o consumidor que, na ilusão de estar fazendo um bom negócio, pode estar comprando ou contratando gato por lebre.

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