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O Dia do Trabalho

Em 1º de maio, no Brasil e em vários países, é comemorado o Dia Mundial do Trabalho, por escolha de um Congresso Socialista, em 20 de junho de 1889, realizado em Paris. Era uma homenagem aos mortos, nas lutas sindicais, iniciadas no dia 1º de maio de 1886, em manifestações de trabalhadores, nas ruas de Chicago, naquela época o principal centro industrial dos Estados Unidos. A pauta do movimento reivindicava a redução da jornada de trabalho – de 13 para 8 horas diárias -, de melhores condições de trabalho e melhores salários. Engrossadas com a participação de milhares de pessoas, as manifestações transformaram-se em greve geral que terminou no dia 4, com muitas pessoas mortas e centenas de pessoas, inclusive líderes, presas e, algumas delas, condenadas e executadas. O paradoxal é que os socialistas utilizam o 1º de maio para manifestações de cunho ideológico contra o capitalismo. Mas, quem fez mais pelos trabalhadores: o capitalismo ou o socialismo? Quem permitiu crescentes salários e melhores condições de trabalho: a concorrência de empresas em busca do lucro ou os sindicatos? Para onde as pessoas preferem imigrar: para o país capitalista dos Estados Unidos, mesmo sujeitos a serem deportados ou até arriscarem a vida nas travessias de desertos, ou para a socialista Venezuela?

No Brasil, o Dia do Trabalho ou do Trabalhador começou a ser celebrado em 1º de maio de 1925, por um decreto do então presidente Arthur Bernardes.

A ideia principal da criação do dia 1º de maio era homenagear os trabalhadores que prestavam serviços para outras pessoas, empresas, etc., enfim de pessoas empregadas. Hoje, a proposta é estender-se a homenagem a todos os trabalhadores o que, inclui, evidentemente, desde trabalhadores das tarefas mais simples a grandes empresários e executivos, donos de pequenas empresas e propriedades rurais, diretores e gerentes, etc., pessoas que não são empregadas ou, quando o são, exercem atividades de comando, sendo confundidas, muitas vezes, com os proprietários dos empreendimentos, mas que trabalham muito, possivelmente bem mais do que seus colaboradores.

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Fala-se muito na valorização do capital humano. Na verdade, com tecnologia e equipamentos iguais ou parecidos, o que vai fazer a diferença, efetivamente, são as pessoas. Claro, já começa na contratação. Muitos candidatos, com o currículo recheado de qualidades, treinamentos e habilidades profissionais, no dia a dia, revelam uma pessoa de humor inconstante, nervos à flor da pele e ataques de fúria. São contratados pelo técnico e, em pouco tempo, demitidos pelo comportamento.

Da parte das empresas, em algumas ainda persistem práticas muito próximas ao chicote para comandar subordinados; em casos extremos, com a utilização de métodos análogos à escravidão.  São proprietários, diretores, chefes ou gerentes que, através de atuações brutais e egocêntricas, passam dos limites, podando a capacidade criativa das pessoas e desperdiçando talentos. Outras vezes, de forma sutil, determinam missões impossíveis ou tarefas inexpressivas; desqualificam ou atacam a vida pessoal do colaborador; dificultam o acesso ao material de trabalho ou aos manuais de instruções; ignoram as atribuições previstas no contrato de trabalho; e por aí vai. Modernamente, podem configurar situações de assédio moral, passível de condenação pelo judiciário.

Sem hipocrisia, é praticamente impossível separar o pessoal do profissional. Não dá para ter problemas sérios no trabalho e chegar em casa sorrindo, como se nada tivesse acontecido. De outra parte, não existe, no local de trabalho, um botão para acionar que nos faça esquecer de nossos problemas financeiros, de saúde, de relacionamento, entre tantos outros. Por isso, cada vez mais, empresas já oferecem a seus funcionários programas de educação financeira, através de palestras de conscientização, cursos e, em especial para aqueles funcionários atolados em dívidas, assessorias individualizadas, o que é recomendável estender também aos familiares. O que custa menos do que, simplesmente, demitir os que estão com problemas e contratar – e treinar – outros.

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Num programa de televisão que abordava pessoas que venceram na vida, um dos entrevistados, trabalhando num centro de triagem e reciclagem de lixo, dizia que era muito feliz. Na verdade, essa pessoa sabia da importância de sua atividade, não só como meio de sobrevivência, mas, também, para o futuro do planeta. E esse deve ser objetivo de cada trabalhador: ser feliz no trabalho. Será que é possível ser feliz no trabalho?

A transformação no mundo do trabalho, em que profissionais buscam uma ocupação com senso de propósito e coerente aos seus valores, é cada vez mais visível, mas o salário ainda é fator decisivo para a maioria na hora da escolha entre propostas de trabalho.  Análise de Tendências e Salários do Brasil 2019 da Hays mostra que 75% dos profissionais considera sair da empresa por conta de um salário maior. Mas, existem outros elementos que devem ser observados, conforme a consultora de planejamento de carreira Karla Oliveira: 1) qualidade de vida: problemas de saúde, festas em demasia, podem prejudicar a pessoa; 2) vida pessoal: problemas de relacionamento com familiares, vizinhos etc. e de dívidas podem perturbar o funcionário; 3) falta de limites: chefes intransigentes, inflexíveis e rígidos podem causar grande infelicidade; 4) ambiente agradável: todos os membros devem colaborar, com humildade, aceitando a opinião do outro, sendo otimista e sendo companheiro; 5) ter foco: definir objetivos, elaborar um bom plano de carreira, correr atrás de desafios e fazer seu trabalho com responsabilidade ajudam na felicidade.

Na recente comemoração do Dia do Trabalho, não dá para ignorar o futuro da classe trabalhadora. A começar pela crise econômica, no Brasil, que se manifestou com mais rigor a partir do ano de 2014, consequência de desmandos dos governos do PT, com o desemprego de mais de onze milhões de pessoas. Se a eleição de Bolsonaro trouxe algum sopro de esperança, uma série de fatores – instabilidade política e tendência de redução dos indicadores da economia – contribuem para que o Indicador de Incertezas não permite uma maior retomada do crescimento dos negócios, no país. Isso acaba gerando mais desemprego, o que de fato aconteceu, sendo que hoje já seriam mais de 13 milhões de desempregados.

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Nesse contexto, a parcela mais jovem da população sofre ainda mais, sendo que 27,2% dos jovens entre 16 e 24 anos estão desempregados, número maior que a média para a população geral que é de 12,4%.

Outro segmento que tem maior dificuldade para inserir-se no mercado do trabalho é o dos idosos. Com falta de renda e na busca por meios para custear as despesas não somente pessoais, mas também da família, milhares de idosos procuram atividades que lhes rendam algum dinheiro. Um dos desafios desta tentativa de retorno ao mercado de trabalho é a qualificação. Para os com maior poder aquisitivo, há uma demanda para se atualizar frente a novas tecnologias. Já para os mais pobres, que não tem condições para reciclar-se, especialmente aqueles de atividades de maior esforço físico (agricultores, operários da construção civil) é difícil manter a capacidade de trabalho e, então, sobram postos mais precários, como camelô, trabalhadores de limpeza de firmas terceirizadas, aplicativos de transporte urbano, etc.

Pela passagem de mais um Dia do Trabalho, talvez seja o momento de, além de ter participado das festas organizadas por empresas, sindicatos, órgãos públicos, veículos de comunicação e outras entidades, reavaliar a relação que se mantem no local de trabalho. Mesmo pagando salário de mercado e concedendo todos os direitos trabalhistas, será que não estamos roubando de alguém a oportunidade de desenvolver novas habilidades que lhe permitam crescer pessoal e profissionalmente? Ou, então, mesmo sendo bem remunerados, usufruindo de todos os direitos e boa situação ou perspectiva profissional, será que não estamos roubando do empregador, com o desperdício de horas de trabalho e material; repasse de informações para a concorrência; perda de qualidade ou tempestividade? Afinal, por que trabalhamos? Por que fazemos tudo isso? A troco de que?  “A troco de salário” seria uma visão simplista e ultrapassada. Além de tarefas e responsabilidades, precisamos ter uma missão. Sentir-se bem e feliz com aquilo que faz, onde faz e da maneira que faz, como aquela pessoa do programa de televisão, num lixão.

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